Elite
A expressão elite tanto pode ter uma conotação neutra, enquanto indivíduos ou grupos que ocupam as mais altas posições numa hierarquia social estratificada, como um sentido pejorativo, quando, com ela, quer significar-se um pequeno grupo de pessoas com um desproporcionado poder de influência sobre as decisões finais de um determinado grupo. Pode até ter um sentido positivo, quando com a expressão se entende um grupo de pessoas que possui melhores condições para o exercício de determinadas funções, nomeadamente pela educação recebida ou pelas capacidades demonstradas.
Neste último entendimento, a expressão tem a conotação de aristocracia, como o governo dos melhores, equivalendo à meritocracia e não ofendendo o princípio da igualdade, se existirem efectivas condições para o estabelecimento da igualdade de oportunidades.
De qualquer maneira, o estudo das elites constitui uma constante da ciência política. Depois de nos anos cinquenta, sessenta e setenta, dentro do esquema sociologista e comportamentalista, surgirem os trabalhos de Meisel [1957 e 1958], Benn e Peters [1959], C. Wright Mills [1956], Treves [1961], Keller [1963], Bottomore [1964], Parry [1969], Domhoff [1967, 1970, 1978 e 1990], Amstrong [1973], Giddens e Stanworth [1974], Austin [1975], Freund [1976], Putnam [1976], Lebedoff [1981], e Marger [1987], eis que, recentemente, se prossegue essa pesquisa numa perspectiva mais globalista, com destaque para os trabalhos de Pierre Birnbaum [1977 e 1985].
Entre nós também António Marques Bessa, na sua dissertação de doutoramento de 1993, Quem Governa? Análise Histórico-Política do Tema da Elite, e, posteriormente, n’A Arte de Governar, introduz o tema no universo da politologia portuguesa. O estudo das elites abrange não apenas a matéria teórica, como a investigação empírica sobre as elites administrativas, centrais e locais, os dirigentes e activistas políticos e os parlamentares.