domingo, 15 de abril de 2007

Ferraz, Artur Ivens (1870-1933)

Oficial de artilharia. Governador de Moçambique. Adido militar em Londres desde 1922. Ministro e presidente do ministério durante a Ditadura. Como chefe do governo, sucede a Vicente de Freitas e tem como sucessor um de Domingos Oliveira. Do governo anterior apenas se mantém Salazar nas finanças. Destaca-se a acção do ministro da agricultura, Linhares de Lima, que nesse ministério institui a Campanha do Trigo. Um republicano conservador, aderente ao 28 de Maio, acreditando que uma República regenerada poderia manter as liberdades e a democracia, embora com um executivo forte liberto das dependências exclusivas das maiorias parlamentares (Ver A Ascensão de Salazar. Memórias de Ivens Ferraz, Lisboa, 1988, com prefácio e notas de César Oliveira).
Ministro da Ditadura Nacional: do comércio e comunicações (de 26 de Agosto de 1927, a 5 de Janeiro de 1928) e das colónias (de 5 de Janeiro a 18 de Abril de 1928). Presidente do ministério de 8 de Julho de 1928 a 21 de Janeiro de 1930, acumulando a pasta do interior.
Retirado de Respublica, JAM

Ferrão, Martens João Baptista da Silva Ferrão de Carvalho Martens. Professor de direito. Regenerador. Deputado em 1853-1856; 1857-1858; 1858-1859; 1860-1861; 1861-1864; 1865; 1865-1868; 1868-1869; 1869-1870; 1870; 1870-1871; 1871-1872. Ministro da justiça de 16 de Março de 1859 a 4 de Julho de 1860. Ministro do reino de 9 de Maio de 1866 a 4 de Janeiro de 1868, no governo da fusão, presidido por Joaquim António de Aguiar. Foi autor de uma lei da administração civil de 26 de Junho de 1867, uma espécie de código administrativo que durou apenas sete meses. Par do reino em 1871. Vice-presidente da Câmara dos Pares de 1879 a 1873 . Um dos krausistas portugueses. Em 1854, concebe o Estado como estruturado por esferas sociais autónomas e marcado pela convergência de actividades livres. Nele, a coordenação das diversas individualidades autónomas do Estado, constituídas tanto pelo indivíduo como por outros grupos e esferas sociais, deve fazer‑se como nos organismos biológicos, através de um elemento superior. O Estado tem, assim, uma estrutura pluricelular, integrando a família, a comuna, a província e a nação. Deve respeitar cada uma dessas células do organismo social e abster‑se de intervir na sua organização interior, fornecendo‑lhes os meios e as condições exteriores do seu desenvolvimento. Se a família deve ficar intacta dentro da comuna e esta dentro da nação, também devia aspirar‑se à construção duma união federativa e livre entre todos os povos.
Retirado de Respublica, JAM

Fernandes, Vasco da Gama (1908-1991)

Licenciado em direito por Lisboa. Alinha desde estudante na oposição, companheiro de José Magalhães Godinho e Teófilo Carvalho Santos. Desde 1928 que participa em várias revoltas contra o regime nascido do 28 de Maio de 1926. Advogado em Leiria. Defende os implicados na Abrilada de 1947. Ligado a Cunha Leal, participa na conjura de Mendes Norton de 1935. Membro do MUNAF e do MUD. Participa na fundação do Partido Trabalhista em 1947. Candidato a deputado pela oposição desde 1953. Colabora nos jornais República e Diário de Lisboa. Deputado pelo PS desde 1974, vice-presidente da Assembleia Constituinte e, depois, Presidente da Assembleia da República até 1978. Demite-se do PS em 1979.
Retirado de Respublica, JAM

Fernandes, António Teixeira

Professor catedrático de sociologia da Faculdade de Letras do Porto. Foi secretário do bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes. Um dos primeiros recepcionistas da ciência política contemporânea, principalmente do modelo francês dos anos setenta e oitenta.

· O Conhecimento Sociológico. A Espiral Teórica
Porto, Brasília Editora, 1963.
· A Religião na Sociedade Secularizada. Factores Sociais na Transformação da Personalidade Religiosa
Porto, Livraria Civilização, 1972.
· O Social em Construção. A Teorização nas Ciências Sociais
Porto, Livraria Figueirinhas, 1983.
· Sociologia e Sócio-Lógica. Sobre o Fim do Meta-Social
Porto, Brasília Editora, 1985.
· Os Fenómenos Políticos. Sociologia do Poder
Porto, Edições Afrontamento, 1988.
Retirado de Respublica, JAM

Ferguson, Adam (1723-1816)

Professor da Universidade de Edimburgo, desde 1759. Influenciado por David Hume, a quem sucedeu em 1757, como bibliotecário da Ordem dos Advogados de Edimburgo, e Montesquieu e próximo de Adam Smith, é um dos principais teóricos do moralismo escocês ou do liberalismo ético. Assume um conservadorismo liberal, frontalmente adverso ao absolutismo, tanto das teses da monarquia de direito divino como do emergente democratismo. Considera o estado de natureza, mais à maneira de Hobbes do que de Rousseau, mas não aceita o absolutismo daquele. Defende os conflitos como saudáveis, aceitando a concorrência e a própria ideia de luta no plano internacional. Proclama que as contínuas diferenças e antagonismos dos indivíduos é a base do desenvolvimento social, que o interesse pessoal é o motivo principal da acção dos homens.
Retirado de Respublica, JAM

Fenianos

Grupo terrorista irlandês fundado em Nova Iorque em 1857 e em Dublin em 1858, visando a independência da Irlanda. Fenians vem do gaélico fiann, lendário nome de um bando de guerreiros irlandeses. Antecendente do Sinn Fein. O nome primeiro era o de Fenian Society ou Irish Republican Brotherhood. Tem grande actividade entre 1867 e 1870, chegando a fazer explodir uma grande prisão de Londres e tentando uma invasão do Canadá.
Retirado de Respublica, JAM

Feminismo

Um novo campo da ciência política, ainda não semeado em Portugal e com raras incursões na politologia europeia, mas fortemente tratado no universo norte-americano, é o do feminismo. A própria APSA tem uma secção de Women and Politics, em que se estudam as relações entre a condição feminina e o exercício da actividade política. A matéria, desencadeada a partir das obras de Simone Beauvoir e Betty Friedan, não se reduz hoje aos aspectos folclóricos que estavam ligados às feministas radicais e às feministas marxistas, dado que o campo também foi ocupado pelo feminismo demoliberal, como entre nós acontece com a Associação Ana de Castro Osório, dinamizadora dos estudos sobre a participação das mulheres na política. Não deixam, no entanto, os novos movimentos de acirrar o naturalismo que caracteriza as mulheres como mais éticas, mais pacíficas, mais conciliadoras e mais democráticas que os homens. Alguns desses grupos assumem a defesa da maternidades, na linha do Manifesto das Mães emitido pelos verdes alemães em 1987, defendendo a revisão da política de urbanização e uma política estadual de aumento das pensões e de fomento do emprego flexível a fim de aumentar o tempo de não trabalho das mães. O antecendente do movimento encontra-se em Mary Wollstonecraft, nos finais do século XVIII. Assum-se em especial a ideia de Virgina Woolf, segundo a qual como mulher, não tenho pátria, como mulher, não tenho necessidade de pátria. Movimento sufragista.
Retirado de Respublica, JAM

Feiticismo

Em ingl. Fetishism, em fr., fétichisme. Em sentido antropológico acontece quando se atribuem poderes mágicos a objectos inanimados ou quando se ligam os mesmos a um espírito. A expressão foi utilizada pelo Iluminismo, como forma de ataque a todas as religiões. Kant chega a dizer que as religiões desenvolvem formas sensosriais inadequadas à transcendência do ser. Feuerbach vai utilizar a expressão para criticar o cristianismo. Marx alarga o conceito para criticar toda a economia burguesa, dado que esta tem a força e a ilusão de uma susperstição religiosa. Freud utiliza a palavra para referir a transferência para objectos animados da resposta sexual, ou então para partes do corpo não relacionadas com a actividade sexual (v.g. os pés).

Retirado de Respublica, JAM