quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Imagem do poder

O político, sendo um reflexo de uma imagem que a sociedade faz de si mesma, assume-se como uma representação e liga-se a símbolos e mitos, pelo que é da mesma natureza que o universo poético. Com efeito, a imagem, enquanto eikon (imagem ou reflexo), distingue-se de eídos (aparência ou forma). Etimologicamente é a aparição, assume-se como algo de visível do que não se vê. Liga-se assim à phantasia do poder (um impulso exterior captado pela alma e capaz de aí permanecer).

Neste sentido, constitui uma das formas de justificação do poder político, tendo a ver com a miranda (o lado exotérico, a exteriorização ou o ritual do poder) e distinguindo-se da credenda (o lado esotérico, dos princípios, crenças e ideologias). [Temos por isso várias manifestações da imagem do Poder]:

- a ideologia e a constituição, como formas dominantes de credenda e de miranda. Imaginação social e representação utópica;

- a questão da constituição. Do título que serve para mandar ao estatuto jurídico do politico;

- as liturgias políticas e os rituais do poder;

- a questão dos símbolos nacionais;

- as festas e os feriados nacionais;

- o comemorativismo official: das regras de etiqueta dos anciens régimes às actuais regras protocolares, cerimoniais e rituais.

Retirado de Respublica, JAM (adaptado no farol)