sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Neo (ismos)

- Neo-conservadorismo
Movimento de ideias que preparou e justificou, nos anos oitenta do século XX, a subida ao poder de Ronald Reagan, nos Estados Unidos da América, e de Margaret Thacher, no Reino Unido. Misturando algum populismo, que lhe deu o voto das chamadas classes conservadores, asssumiu uma certa leitura neoliberal das relações entre o aparelho de poder e a economia. Entre os principais teóricos do processo, Milton Friedman, Friedrich von Hayek, Jeane J. Kirkpatrick e Irving Kristol.,137,963.

- Neoconservadorismo e novas direitas.
As perspectiva da new right norte-americana (Irving Kristoll) e a luta contra o modelo da Great Society de Lyndon Johnson (Daniel Bell e Patrick Moynhan). Os anos Reagan. O conservadorismo britânico, entre Roger Scrutton e Michael Oakeshott. Os anoas de Margaret Thatcher. O modelo francês: da nouvelle droite (Alain Benoist) à defesa da revolução conservadora (Guy Sorman). A geração portuguesa da revista Futuro Presente.

- Neocorporativismo
O neocorporativism como sistema de representação de interesses oposto ao pluralismo, marcado pelo monopólio da representação atribuído pelo centro. Teses de Leo Panitch e Philippe Schmitter. Surge nos Estados Unidos entre autores preocupados com a crise da representação política e a do sindicalismo.
Cawson 1985 Schmitter 79

- Neodarwinismo
Uma nova formulação do transformismo de Charles Darwin, segundo a qual a evolução das espécies, através da especificação, pode ser explicada pelas mutações genéticas.

- Neogarrettismo
Movimento lietrário defensor do carácter nacional da literatura e promovendo o regresso às tradições, nomeadamente pelo estudo do folclore. Entre nós, foi inspirado por Ramalho Ortigão e por Teófilo Braga. Um dos seus cultores, Lopes de Mendonça, diz que, com Garrett, é uma nacionalidade que ressuscita. Destaca-se Alberto de Oliveira que cunha o nome do movimento. Nesta senda se inserem autores como Teixeira de Pascoaes, Afonso Lopes Vieira, António Sardinha, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, António Arroio, Fortunato de Almeida, J. Lúcio de Azevedo, M. da Silva Gaio e Carlos Malheiro Dias. Este subsolo de ideias reparte-se tanto pelo movimento republicano da Renascença Portuguesa como pelos monárquicos do Integralismo Lusitano, sendo, depois, instrumentalizado pelo Estado Novo, cujos livros de leitura obrigatórios utilizam os textos dos autores do movimento.

- Neokantismo
Movimento antipositivista alemão surgido nos finais do século XIX, visando um regresso a Kant. Marcado por duas escolas, a de Marburgo (Cohen, Natorp, Salomon, Emge e Stammler) e a de Baden, ou Heidelberg (Windelbando, Rickert).

- Neoliberalismo
Movimento de ideias surgido nos anos trinta deste século, opondo-se aos vários dirigismos económicos então dominantes, tanto à direita como à esquerda. Tem como antecedentes várias escolas, desde o marginalismo, com Gossen e Jevons, e os neo-clássicos, com Alfred Marshall e Pigou, passando pela Escola Psicológica de Viena, com Menger, pela Escola de Lausanne, com Walras, e reafirmando-se com a Nova Escola Austríaca, de von Mises e Hayek. Colóquio Lippmann, Agosto de 1938. Societé du Mont Pélerin. Nova vaga nos anos oitenta deste século. A Escola Monetarista de Chicago de Milton e Rosa Friedman.

- Neoliberalismos
A Escola de Viena (Carl Menger, Ludwig von Mises, Schumpeter e a Hayek) e as polémicas com a Escola de Cambridge (Keynes). O neoliberalismo dos anos trinta (o Colóquio Walter Lippmann de 1938). Os neoliberais franceses (Louis Baudin, Jacques Rueff, Daniel Villey). A luta contra a economia planificada e o dirigismo. O anti-keynesianismo. A formação da Sociedade Mont-Pélérin. Karl Raimund Popper e a sociedade aberta. A Sociedade Mont Pélérin (1947). Ludwig von Mises, Lippmann e Wilhelm Röpke. O liberalismo ordeiro do pós-guerra (economia social de mercado). As propostas de Hayek para a renovação do liberalismo. O modelo de Milton Friedman. Os modelos libertários norte-americanos (Ruthbard e D. Friedman). A perspectiva de Robert Nozick. As correcções éticas ao liberalismo: a teoria da justiça de John Rawls. Recepção d neoliberalismo em Portugal, do Grupo de Ofir de Francisco Lucas Pires ao Clube da Esquerda Liberal. O popperisamo de João Carlos Espada (1992).

- Neoliberalismo e teologia de mercado
O regresso do livre-cambismo e do laissez faire. O modelo dos young urban professionals (yuppies).

- Neomarxismo (s)
Designa-se por neomarxismo ou marxismo ocidental o conjunto das correntes nascidas nos anos vinte deste século, em torno das teses de Lukacs, Ernst Bloch, Karl Korsch e Antonio Gramsci. Toma-se como ponto de partida o ano de 1923, quando se publica a Historia e Consciência de Classe, de Lukacs, e Marxismo e Filosofia, de Korsch. Quase todos os neomarxistas têm origem esquerdista e aceitam o essencial do leninismo político. Rejeitam, contudo, a variante determinista do marxismo assumida pela II Internacional, nomeadamente o materialismo dialéctico. Gramsci chega mesmo a saudar a Revolução de 1917, como uma revolução contra Das Kapital. Todos fazem alargar o marxismo a outras correntes de pensamento. Lukacs, adquire as teses de Simmel, Weber e Dilthey. Gramsci recebe Croce, Gentile, Pareto e Mosca. Libertam-se assim dos modelos do naturalismo marxista onde, de certa maneira, Haeckel havia substituído Hegel e onde Marx nos aparecia interpretado por Engels.

1. A perspectiva italiana

O chamado neomarxismo tem um cunho essencialmente italiano, distinto do revisionismo alemão ou austríaco. Baseia-ne numa tradição de leitura hegeliana de Marx, protagonizada, em primeiro lugar por A. Labriola, que recebeu os contributos de Croce e até de Gentile e, depois foi consagrada por Gramsci, sendo continuada por Galvano della Volpe e Lucio Coletti. A tese de Gramsci: a sociedade civil como o domínio das superstruturas culturais e ideológicas; se na sociedade civil, enquanto conjunto dos organismos privados, reina a hegemonia, o predomínio ideológico dos valores e normas burguesas, já na sociedade política ou Estado dá-se a dominação directa ou comando, com identificação entre Estado e Governo.

2. França

Já em França, importa referir que, em 1929 era publicada em França a Revue Marxiste, dirigida por Georges Politzer e Henri Lefevre. Segue-se a tentativa de Sartre, procurando adequar o marxismo ao existencialismo, invocando-se a fenomenologia e Heidegger, até se atingir o neogramscianismo de Louis Althusser, procurando integrar o estruturalismo. A perspectiva neomarxista que entende o político como condensação de uma relação de classes ou de uma relação de forças (Poulantzas).

3. Alemanha

Na Alemanha, destaca-se a chamada Escola de Frankfurt, onde Marx se mistura com Nietzsche e Freud. Os fundadores são Adorno e Horkheimer, os criadores de um marxismo sem proletariado. A escola só repudia o leninismo no pós-guerra, com Habermas. Dela nos vem o radicalismo irracionalista de Walter Benjamin, bem como a adequação ao movimento da contracultura, com Herbert Marcuse.

— O renascimento das análises neomarxistas da teoria dos grupos no Ocidente. O intelectualismo da perspectiva, confundindo classe teórica com classe real; o economicismo, que reduz o campo social às relações de produção económica; o objectivismo, que esquece as lutas simbólicas.

Neo-marxismo. Reflexos do neomarxismo em Portugal. A Revista Crítica de Ciências Sociais e o magistério de Boaventura Sousa Santos.

- Neoplatonismo
Movimento renascentista marcado pelo judeu português Leão Hebreu, autor dos Dialoghi di Amore, de 1535, onde pretende conciliar Aristóteles e Platão, juntando os ensinamentos da Bíblia e da Cabala. Defende-se que todo o universo é um todo, animado por uma espécie de líbido cósmica, onde todos os corpos se atraem em nome do desejo, visando uma união deleitosa, num desejo que sobe das coisas para as almas e destas para Deus. As teses influenciam particularmente o nosso Luís de Camões e propagam-se em autores como António Ferreira, Sá de Miranda e Frei Heitor Pinto, sendo marcantes nas posteriores teorizações da saudade. Geram, inclusive, uma certa heresia cristã de cariz panteísta e permanecem em autores do século XX do nosso nacionalismo místico, de Teixeira de Pascoaes a Agostinho da Silva.

- Neopositivismo
Várias correntes de pensamento se enquadram no neopositivismo. Destaque para o Círculo de Viena e para a chmada Escola de Cambridge, com Bertrand Russell e Ludwig Wittgenstein.

- Neo-realismo
Movimento literário do século XX que, entre nós, procurou reproduzir o chamado realismo socialista. Ligado nas suas origens a intelectuais comunistas, tem os seus principais cultores em romancistas como Alves Redol, em Gaibéus, de 1940, e Soeiro Pereira Gomes, em Esteiros, de 1941,tendo como principal órgão vulgarizador o periódico O Diabo. O próprio Álvaro Cunhal aparece como teórico do movimento, insurgindo-se particularmente contra as ideias de arte pela arte propagandas pelo presencismo, nomeadamente de José Régio. Outros autores marcantes são Manuel da Fonseca (n. 1911), autor de Aldeia Nova, de 1942, e Carlos de Oliveira (n. 1921), com Casa na Duna, de 1943, e Uma Abelha na Chuva, de 1953. Já liberto dos espartilhos ideológicos, é no movimento que se insere o romancista médico Fernando Namora, com As Sete Partidas do Mundo, de 1948, Fogo da Noite Escura, de 1943, Casa da Malta, de 1945, e Retalhos da Vida de um Médico, de 1949. O movimento passou a dominar os intelectuais orgânicos do sistema literário português, amarfanhando muita da nossa criatividade.

- Neo-romantismo Hannah Arendt (1906-1975).

- Neotomismo
Movimento desencadeado pelo papa Leão XIII a partir da encíclica Aeterni Patris de 1879.

Retirado de Respublica, JAM