Estado Novo
pronunciamento, dado que só a partir da gradual conquista do poder se vai constituindo um movimento político de apoio à situação, onde contou menos a cartilha de uma ideologia e mais o pragmatismo do líder de tal empirismo organizador que foi sucessivamente eliminando os bloqueios da componente
militar do regime. Assim se compreende a adesão de uma nova geração de tecnocratas, desejosa de instaurar o admirável mundo novo do modernismo, não faltando o apoio esparso de seareiros, republicanos conservadores e até de alguns fundadores do próprio Partido Comunista Português.
Entre 1932 e 1945, o regime vai viver a euforias dos chamados anos áureos, marcados pelo autoritarismo, pelo milagre financeiro, pela política de obras públicas, pelo proteccionismo económico, pelo lançamento do Estado Providência e por uma hábil política de propaganda nacional, designada por política de espírito, onde se destacou António Ferro.
Vai, em primeiro lugar, repor-se a autoridade do aparelho de Estado, superando-se o neofeudalismo de várias forças vivas que, constituíam verdadeiros Estados dentro do Estado. Assim, os partidos foram proibidos, as forças armadas passaram a depender da hierarquia do governo, a Maçonaria foi ilegalizada e mesmo a Igreja Católica teve de aceitar a laicização do Estado, não retomando, mesmo depois da Concordata de 1940, alguns dos privilégios que usufruía antes de 1910. O modelo salazarista foi essencialmente marcado pelo primado do executivo, dado que o formal presidencialismo bicéfalo era, na prática, um sistema de autoritarismo paternalista do Presidente do Conselho e onde os próprios Presidentes da República não passaram de venerandos Chefes de Estado, isto é, de meras figuras simbólicas. Curiosamente, o próprio partido único, a União Nacional, surgiu por decreto do Conselho de Ministros, de 30 de Julho de 1930. Contudo, apesar da ideologia oficial do regime se assumir como pleonasticamente antiliberal e antidemocrática, a Constituição de 1933, marcada por um programático corporativista, não cortou todas as ligações formais às tradições demoliberais, iniciadoras de uma legitimidade, segundo a qual a soberania reside essencialmente em a nação. A Assembleia Nacional continuou a ser eleita por sufrágio universal e directo e não deixou de estruturar-se um sistema de direitos individuais que só a prática política e a legislação ordinária vieram minimizar e, em muitos casos, suprimir. Por seu lado, a Câmara Corporativa, nunca veio a passar o nível de órgão consultivo de carácter técnico. Para além do milagre financeiro, o Estado Novo enveredou por uma política de obras públicas que retomou o modelo de Fontes Pereira de Melo, com construção de estradas, pontes, barragens, bairros económicos, portos e aeroportos, onde se destacou o ministro Duarte Pacheco, concretizando-se um programa que permitiu o lançamento das infra-estruturas que sustentarão a nossa revolução industrial que, só nos anos sessenta vem a adquirir contornos significativos. No tocante ao fomento económico, abandonou-se a timidez liberalista da Primeira República e passou a assumir-se um claro intervencionismo, de acordo com o chamado Estado-Providência. Retomando-se o socialismo catedrático de Napoleão III e Bismarck que, entre nós, tivera como principal prócere Oliveira Martins, estabeleceu-se um regime de coordenação e disciplina da iniciativa privada pelo aparelho estadual, além de se terem lançado as linhas gerais do planeamento. Levou-se também à prática uma ousada política social que venceu a fome, impôs um efectivo horário de trabalho e promoveu a habitação social, superando-se a fase da casuística caridade estadual e criando-se pela primeira vez um real sistema de segurança social. Marcado pelas doutrinas da encíclica Rerum Novarum e pelos modelos da Escola Social de Fréderic le Play, o Estado Novo vai também assumir-se como uma espécie de ecologismo avant la lêtre, defendendo o viver habitualmente de uma sociedade rural e provinciana, adversa ao individualismo e ao industrialismo futuristas, como transparece nos filmes do período, com destaque para A Aldeia da Roupa Branca e O Pátio das Cantigas. Salazar não se assume como o herdeiro do Marquês de Pombal, mas antes como o detentor da magistratura extraordinária de um principado que suspendeu o regime republicano, onde o principal dos cidadãos, mais paternalista do que totalitarista, não passou do tal presidente de ministério que faltou ao rei D. Carlos para fazer regressar a monarquia aos tempos de D. João III, promovendo uma espécie de nova Contra-Reforma comandada por lentes de leis e com uma legião quase missionária de sargentos e bacharéis. Parafraseando o que ele próprio confessou a Manuel Múrias, diremos que foi o Primeiro Ministro de um rei absoluto que não houve.
24 de Março de 1966. Salazar é entrevistado pelo New York Times
23 de Novembro de 1932. Discurso programa na posse dos corpos gerentes da União Nacional.
26 de Fevereiro de 1940. Na União nacional sobre Fins e necessidade da propaganda política
28 de Maio de 1953. Discurso na apresentação do Plano de Fomento: a Europa empobreceu com as suas guerras e o seu socialismo
30 de Novembro de 1954. Comunicação de à Assembleia nacional sobre a questão da Índia.
30 de Junho de 1958. Às Comissões da União Nacional, depois das eleições presidenciais: a campanha das oposições não foi propriamente de propaganda dos candidatos ... mas o desenvolvimento de um processo subversivo
6 de Dezembro de 1958. Na tomada de posse da nova comissão executiva da União Nacional depois das eleições: eu temo que a intensificação materialista que aí vem com todo o esplendor das suas riquezas e a repercussão que hã-de ter na alma dos povos, seja desamcompnahada de conveniente actuação moral
30 de Novembro de 1960. Discurso na AN sobre Portugal e Campanha Anticolonialista.
28 de Maio de 1966 Discurso na biblioteca pública de Braga, para onde se deslocou na sua primeira e única viagem de Avião. Elogia a política ultramarina de Norton de Matos.
23 de Setembro de 1966. Ao inaugurar o arranha-céus da Praça de Londres em Lisboa, onde se instala o ministério das corporações, Salazar proclama: no nosso século somos a única revolução corporativa que triunfa.
10 de Junho de 1966 Discurso de Veiga Simão: a pátria honrai que a pátria vos contempla.
1 de Maio de 1940. Lusitos da MP vão saudar Salazar a S. Bento que lhes rspondem com a saudação de braço ao alto.
11 de Maio de 1943. Oficiais saúde salazar no seu 7º aniversário como ministro da guerra.
27 de Abril de 1953. 25º aniversário da subida de Salazar ao poder. Sessão na Assembleia Nacional e Te Deum em S. Domingos. Reitor e professores da Universidade de Coimbra vêm a Lisboa homenagear o colega.
9 de Junho de 1960. Inaugurada a I Feira Internacional de Lisboa.
5 de Outubro de 1960. 5oº aniversário da implantação da República. Tomás põe coroa de flores no túmulo de Manuel de Arriaga e à noite inaugura o terceiro anel do Estádio da Luz.
13 de Abril de 1966. Salazar é homenageado por representantes das forças vivas de Angola.
15 de Junho de 1970. Sindicatos nacionais e Casas do Povo vêm a S. Bento homenagear Marcello Caetano. Dois dias depois são os armadores e pescadores.
Comemorações
1940. Comemorações dos Centenários
1951. Cerimónias de encerramento do Ano Santo em Fátima, a 13 de Outubro.
1960. V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, as chamadas comemorações Henriquinas.
1960. V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, as chamadas comemorações Henriquinas.
1966. Comemorações do 40º aniversário da Revolução Nacional sob o lema Celebrar o passado, construir o futuro. Sessão de encerramento na Assembleia Nacional em 29 de Dezembro.
Obras do regime
14 de Abril de 1940. Base aérea da Ota.
19 de Junho de 1940. Refinaria da Sacor em Cabo Ruivo.
17 de Dezembro de 1940. Construção de 12 500 salas de aula do ensino primário, com o Plano dos Centenários.
Março de 1950. Viaduto do caminho de ferro na Avenida da República em lisboa.
28 de Maio de 1950. Estádio 28 de Maio de Braga.
21 de janeiro de 1951. Barragem de castelo de Bode.
8 de Novembro de 1951. Teatro Monumental em Lisboa.
30 de Dezembro de 1951. Ponte Marechal Carmona em Vila Franca de Xira.
2 de Março de 1952. Paquete Vera Cruz entregue à Companhia Colonial de Navegação
Outubro de 1952. Lançado à água o paquete Santa Maria
15 de Setembro de 1958. Edificío da Polícia Judiciária e dos Serviços de Identificação
12 de Dezembro de 1958. Instituto de Medicina Tropical em Lisboa.
6 de Agosto de 1966. Inauguarda a Ponte sobre o Tejo, depois chamada, sucessivamente, Ponte Salazar e Ponte 25 de Abril.
3 de Novembro de 1966. Electrificação completa da Linha do Norte dos caminhos de ferro.
7 de Dezembro de 1966. Panteão Nacional de Santa Engrácia.
Viagens oficiais
15 de Julho de 1970. Tomás começa viagem a S. Tomé e Prícipe, interrompida pela morte de Salazar
10 de Abril de 1972. Tomás parte para o Brasil transportando os restos mortais de D, Pedro IV. Regressa a 10 de Maio.
10 de Junho de 1972. As cerimónias realizam-se pela primeira vez junto à Torre de Belém.
4 de Julho de 1972. IV Centenário da publicação d’ Os Lusíadas.
Visitas a Portugal
17 de Janeiro de 1951 Eisenhower
20 de Fevereiro de 1952. Reunião da Nato em Lisboa, com sessões no Instituto Superior Técnico.
Maio de 1952. Salazar recebe Daniel Rops e Henri Massis
30 de Outubro de 1958. Paul-Henri Spaak, secretário-geral da NATO
10 de Janeiro de 1960 Visita Lisboa o ministro da defesa alemão Franz Josef Strauss
29 de Janeiro de 1960. Visita Lisboa o secretário-geral da ONU Dag Hammarkjold
5 de Maio de 1960. Sukharno em Lisboa.
19 de Maio 1960. Visita de Eisenhower.
Agosto de 1960. Visita dos reis da Tailândia
14 de Dezembro. Costa e Silva, presidente do Brasil.
4 de Junho de 1970. Primeiro ministro da África do Sul em Lisboa.
14 de Dezembro de 1970 Visita Lisboa Lopez Bravo, ministro dos estrangeiros de Espanha.
10 Julho de 1972. Visita de Giscard d’Estaing, então ministro das finanças francês.
Visitas ao estrangeiro
15 de Abril de 1952. Encontro de Salazar e Franco em Ciudad Rodrigo.
Setembro de 1954 Paulo Cunha no Brasil
Junho de 1960. Salazar encontra-se com Franco em Mérida.
25 de Janeiro de 1960. Teotónio Pereira, ministro da presidência, visita o Paquistão.
20 de Maio de 1970. Marcello Caetano visita Espanha.
Marcelismo
Retirado de Respublica, JAM