segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Novos filósofos

(Nouveaux Philosophes) Designação assumida por um conjunto de autores franceses dos anos setenta, com destaque para André Glucksmann e Bernard-Henry Lévy. Herdeiros do pessimismo de Adorno e Horkheimer, criticam Marx e Saint Just, invocando Sartre e Rousseau. Desta maneira assumem uma espécie de contra‑poder que, apesar de ser biologicamente de esquerda, como confessa Lévy, os não impediu de uma profunda crítica, tanto ao estalinismo como ao próprio socialismo,enquanto formas institucionalizadas de poder. Tal como Marcuse consideram que a imaginação pode conduzir, como na arte clássica, à reconciliação entre o princípio do prazer e o princípio da realidade, mantendo, deste modo, no plano da filosofia, o frustrado grito de revolta do Maio de 1968: l’imagination au pouvoir. Glucksmann, Lévy e Jean-Marie Benoist assumem o regresso a Rousseai. Foucault reinterpreta Marx conforme Freud. Deleuze e Lyotard misturam Marx e Nietzsche, enquanto Poulantzas reassume a teoria marxista de Estado, reinterpretando Marx à luz de certas pistas lançadas por Trotski e Gramsci.
Retirado de Respublica, JAM

Novo individualismo

(New Individualism) John Dewey, fundador do instrumentalismo e um dos principais influenciadores do pragmatismo, assume-se como defensor daquilo que qualifica como um "novo individualismo", onde se reconhece que os indivíduos estão presos num vasto complexo de associações.

Ver Dewey
Retirado de Respublica, JAM

Novo Código. A questão do

Apesar de tudo, algumas sementes consensualistas conseguem resistir. António Ribeiro dos Santos (1745‑1818), lente de cânones em Coimbra, por exemplo, é um dos que, por ocasião da viradeira do inicio do reinado de D. Maria I, reage ideologicamente contra o absolutismo pombalista, em nome desses ideais. Para Ribeiro dos Santos, em um governo que não é despótico, a vontade do Rei deve ser a vontade da Lei. Tudo o mais é arbitrário; e do arbítrio nasce logo necessariamente o despotismo (...) O Príncipe e a lei devem mandar uma mesma cousa, porque o throno e as leis têm a mesma origem, e dirigem-se a um mesmo fim. Embora não defenda directamente os princípios da soberania popular, tem a coragem de proclamar os direitos invioláveis da nação e de considerar os vassalos como corpo da nação. Aqueles direitos traduzir-se-iam na existência de leis fundamentais resultantes da convenção expressa ou tácita entre o Povo e o Príncipe. E estas tanto podiam ser escritas como consuetudinárias, entendendo como tal os costumes gerais e notórios (...) introduzidos de tempo imemorial por consentimento tácito dos seus Principes, e dos estados do Reino e confirmados por uso constante e prática de acções públicas e reiteradas; que são aquellas, a que os nossos Reis costumam muitas vezes recorrer em suas leis e testamentos, dando-lhes o título de costume e estilo destes reinos.
Entre essas leis fundamentais não escritas, Ribeiro dos Santos inclui princípios como o estabelecimento dos três Estados e das Cortes, bem como a liberdade que tem o povo de se tributar. Também a existência de Cortes é vista não como uma instituição arbitrária e dependente da vontade dos nossos príncipes (...) mas como um estabelecimento constitucional, fundado nos antigos usos e costumes (...) que exigiam a concorrência da nação,ou dos seus representantes no exercício do poder legislativo. Considera, do mesmo modo, que os povos constituindo os reis, lhes não transferirão absolutamente todo o poder e auctoridade que tinhão, mas só lhes derão o poder de administração, fazendo-os primeiros magistrados e mandatários da nação; e a ella inteiramente sujeitos e responsáveis no seu governo. Esta ideia da existência de leis fundamentais assinala, aliás, toda uma corrente de opinião consensualista que também se manifesta em certa faceta do nosso liberalismo moderado bem como nalguns autores do tradicionalismo anti-absolutista.
Retirado de Respublica, JAM

Novalis (1772-1801)

Friedrich von Herdenberg Novalis. Luterano de obediência morávia. Marcado pelo pietismo e pela nostalgia da Idade Média, critica a ruptura da Reforma e até chega a elogiar a acção dos jesuítas. Propõe assim refazer a unidade espiritual da Europa sem qualquer cedência às fronteiras nacionais. Nostálgico da respublica christiana e concebendo a Europa como um Estado dos Estados, considera que só a religião a pode restaurar. Defende o que qualifica como idealismo mágico, considerando que a pátria do homem é o seu mundo interior. Entende que a poesia é o autêntico real absoluto. Isto é o cerne da minha filosofia. Quanto mais poético, mais verdadeiro. Proclama até que estamos em missão; somos chamados para a formação da terra. Também Goethe refere que o homem deve voltar sempre a mergulhar no seu inconsciente pois aí vive a raiz do seu ser. E Schlegel proclama: a religião é a alma do mundo, da cultura que tudo anima, é o quarto elemento invisível que se agrega à filosofia, à moral e à poesia.

Retirado de Respublica, JAM

Imagem picada do Google

Novak, Michael (n. 1933)

Autor norte-americano, com antepassados eslovacos que emigraram para os Estados-Unidos em 1887. Católico. Estuda na Universidade Gregoriana de Roma e em Harvard. Professor em Harvard, Stanford e Syracuse, sendo actualmente professor em Washington no American Enterprise Institute. Pretende conciliar o comunitarismo católico com o capitalismo liberal. Defende o capitalismo democrático, assente em três elementos: uma economia de livre concorrência, um regime democrático respeitador dos direitos dos indivíduos, um conjunto de instituições culturais pluralistas animadas pelos ideais de liberdade e justiça para todos. Acentua a necessidade do progresso, da empresa, da interdependência e da cooperação).
Retirado de Respublica, JAM

Novais, J. de A. C. Amorim (1855-1913)

José de Abreu Couto Amorim Novais. Formado em direito em 1878. Advogado. Presidente da Câmara de Barcelos. Deputado desde 1881. Governador civil de Aveiro (1890), Braga (1893) e Porto (1894). Ministro da justiça de João Franco, de 19 de Maio de 1906 a 2 de Maio de 1907. Considerado então um ardente monárquico, muito religioso.

Retirado de Respublica, JAM

Nova Poesia Portuguesa (1912)

Texto de Fernando Pessoa publicado na revista Aguia, onde o poeta considera que por vitalidade de uma nação não se pode entender nem a sua força militar, nem a sua prosperidade comercial, coisas secundárias e por assim dizer físicas das nações; tem de se entender a sua exuberância de alma, isto é, a sua capacidade de criar, não já simples ciência, o que é restrito e mecânico, mas novos moldes, novas ideias gerais, para o movimento civilizacional a que pertence (in Textos de Crítica e Intervenção, p. 15).

Retirado de Respublica, JAM

Nova direita e Nova esquerda

Nova direita
Expressão inventada pela esquerda anglo-saxónica da década de oitenta que serve para qualificar uma série de movimentos neo-liberais e neo-conservadores (new-right). Neste universo, há, pelo menos, três famílias abrangidas: os neo-liberais, marcados pelas teses de Hayek, Popper e Milton Friedman; os neo-conservadores, influenciados por Roger Scruton, em torno da Salisbury Review, e William Buckley, em torno da National Review; e os libertários defensores do anarco-capitalismo, com Robert Nozick e Murray Rothbard. Já no âmbito da cultura política francesa, a expressão nouvelle droite foi assumida por um grupo restrito de tendências neo-organicistas e próximo do neo-fascismo, federado por Alain de Bénoist.

Nova esquerda
Expressão qualificadora de uma série de movimentos nascidos nos finais da década de cinquenta e principalmente nos anos sessenta, no universo anglo-saxónico. Dita new left, também assume a designação de new radicals. Assumindo-se como movimentos de contra-cultura são o caldo ideológico em que assentam os movimentos estudantis dos finais da década de sessenta. Associam-se ao processo ideológico do neo-marxismo assumido pela Escola de Frankfurt e ao renascimento analítico das teses de Lukacs, Gramsci e Althusser. Contudo, o principal doutrinador do movimento será Herbert Marcuse, atingindo o seu clímax com o Maio de 1968 francês. Insurgem-se contra o sistema (establishment), defendendo a necessidade de uma democracia participativa.

Retirado de Respublica, JAM

Le Nouveau Christianisme

Expressão de Saint-Simon com que se pretendia substituir a anterior fé religiosa pela fé na ciência. Base do gnosticismo positivista.
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Nous

O espírito em grego. O mesmo que razão ou intelecto. Segundo Aristóteles, um dos princípios organizadores do universo.

Retirado de Respublica, JAM

Noumena

As coisas como elas são, em si mesmas.

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Notáveis

A expressão surgiu em França depois de 1830 para designar os detentores do poder local que impuseram a sua presença no centro do aparelho de poder. Tem origem na Assembleia dos Notáveis do antigo regime, a comissão extraordinária a que os reis recorriam quando não podiam convocar os Estados Gerais. Na Constituição francesa de 1799, segundo o esquema imaginado por Siéyès, cada grupo de dez cidadãos escolhia um notável (notabilité) comunal, estes escolhiam os notáveis departamentais que designavam as notabilidades nacionais, em número de 5000.

Retirado de Respublica, JAM

Nós e eus

Schonfeld considera que a sociedade são os eus enquanto a comunidade é o nós. Por seu lado, Mounier observa que a experiência primitiva da pessoa é a experiência da segunda pessoa. O tu e, adentro dele, o nós, precede o eu, ou, pelo menos, acompanha-o.

Retirado de Respublica, JAM

Noronha, António Manuel de (1761-1860)

Visconde de Santa Cruz Desde 1851 Ministro da marinha e ultramar do governo da regência de D. Isabel Maria, de 6 de Dezembro de 1826 a 30 de Junho de 1827, quando é substituído pelo Visconde de Santarém. Governador de Angola em 1839. Deputado de 1842 a 1845.
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Noronha, D. Caetano de (1820-1881)

D. Caetano Gaspar de Almeida e Noronha Portugal Camões de Albuquerque Moniz e Sousa. 3º Conde de Peniche e 8º Marquês de Angeja, Desde 1879 (Herdeiro de Uma Tia) Bacharel em direito (1842). Advogado. Começou cabralista. Governador civil de Évora em 1850-51. Regenerador. Eleito grão-mestre do Grande Oriente de Portugal em 24 de Novembro de 1863. Opõe-se à fusão. Nas eleições de 1867 constitui um grupo oposicionista dito liberal-progressista. Afasta-se de Lobo de Ávila em Março de 1868. Implicado na Janeirinha de 1868. Ligado aos reformistas, vence as eleições de 11 de Abril de 1869. No ano seguinteOs reformistas e penicheiros passam de 79 a 15 deputados e os históricos, integrando regeneradores a 89. Em Maio de 1870, reformistas e penicheiros abandonam a Câmara dos Deputados, acusando o presidente da Câmara dos Deputados de lhes coarctar a liberdade de expressão. Implicado na saldanhada de 1870. Ministro das obras públicas, comércio e indústria durante a saldanhada, de 26 de Maio a 1 de Agosto de 1870. Vai para embaixador em Bruxelas. Os penicheiros mostravam-se muito desordeiros e começaram logo a surgir boatos sobre um eventual golpe a desencadear por estes. Exílio de 1871 a 1877.
Retirado de Respublica, JAM

Noronha, D. Sancho de

·Tratado Moral de Louvores e Perigos de Alguns Estados Seculares
1549. Ver a edição de MARTIM DE ALBUQUERQUE, Lisboa, Estudos de Ciências Políticas e Sociais, 83º, 1969.
Retirado de Respublica, JAM