quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Lassalle, Ferdinand (1825-1864)

Socialista alemão, de origens judaicas. Nasce em Breslau, de uma família rica. Estuda filosofia em Berlim, sendo influenciado por Hegel, Fichte e, sobretudo, por Ricardo. Instala-se em Paris a partir de 1845. Destaca-se, não como teórico, mas como propagandista e agitador. Preso logo em 1848, por participar nos movimentos revolucionários. Relaciona-se com Marx a partir de 1849. Considerado por este como um ambicioso e um presunçoso, como um negro judeu. Via-se como uma espécie de potencial ditador social: eu sou o servo e o senhor de uma ideia, o sacerdote de um deus que sou eu mesmo. Fiz de mim um actor e um artista plástico e todo o meu ser é uma manifestação da minha vontade só se expressando conforme for a minha vontade. O tremor na minha voz, o brilho dos meus olhos, tudo isso deve representar aquilo que dita a minha vontade. Defende a unificação alemã logo em 1859. Edita em 1863-1864 uma série de pequenas brochuras, onde defende a lei de bronze (ehernes Gesetz) dos salários. Advoga então o modelo britânico da formação de cooperativas operárias de produção com o apoio do Estado. Funda em 1863 a Associação Geral dos Trabalhadores Alemã es (Allgemeiner deutscher Arbeitervereiner). Considera que, pelo sufrágio universal, o Estado pode passar a reflectir os interesses dos trabalhadores, pelo defende a instituição de cooperativas de produção com apoios financeiros públicos. Morre em duelo, por uma questão passional em Agosto de 1864. Como provou em 1927, chegou a entrar em negociações directas com Bismarck, para uma aliança visando o combate ao centro. De qualquer maneira, a sua fulgurante actividade política lançou as bases da organização política dos trabalhadores alemã es. Considera que a constituição de um país nada mais é do que "um conjunto de relações de facto entre poderes". Porque "um rei a que obedece um exército com canhões, eis aí um bom pedaço de Constituição!...Uma nobreza possuidora de influência sobre o Rei e a Côrte, eis aí um bom pedaço de Constituição...Os senhores Borsig e Egels,ou seja,os grandes industriais, eis aí um pedaço de Constituição... Os banqueiros Mendelsohn, Schickler, ou, de um modo geral, a bolsa... Eis aí também um bom pedaço de Constituição".

· A Guerra de Itália e a Missão da Prússia
, 1859.
· Das System der erworbenen Rechte
(O Sistema dos Direitos Adquiridos, 1861).
· Uber Verfassungswesen
(1862) (cfr. trad. cast. Qué es una Constitución?, Barcelona, Ediciones Ariel, 1976; trad. port. de Walter Stonner, Porto Alegre, Ed. Vila Martha, 1980).
. Amaral, Diogo Freitas, Ciência Política, III, pp. 96 segs.
. Gettell, Raymond G., História das Ideias Políticas, trad. port., Lisboa, 1936, pp. 44 segs.
. Halévy, Élie, História do Socialismo Europeu, trad. port. de Maria Luísa C. Maia, Amadora, Livraria Bertrand, 1975, pp. 171 segs.
. Maltez, José Adelino, Ensaio sobre o Problema do Estado, Lisboa, Academia Internacional da Cultura Portuguesa, 1991, II, p. 93.
. Theimer, Walter, História das Ideias Políticas, trad. port., pp. 370 segs...


Retirado de Respublica, JAM

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