domingo, 4 de fevereiro de 2007

Bukharine, Nikolai Ivanovitch (1888-1938)

Licenciado em Direito, considerado por Lenine como o maior teórico do partido, foi um dos principais agitadores de ideias do bolchevismo, desempenhando funções coordenadoras nos jornais O Comunista e Pravda. Escreveu inúmeras obras de vulgarização, com destaque para o ABC do Comunismo, A Economia Mundial e o Imperialismo, de 1918, Programa da Revolução Mundial, de 1920, A Economia no Período de Transição, de 1920, Teoria do Materialismo Histórico, de 1921. Tal como Kamenev começou por apoiar Estaline contra Trotski, mas, depois do XV Congresso do PCUS, de Dezembro de 1927, atacou abertamente a política de colectivização, sendo, desde logo, acusado de desviacionismo de direita e de apoio aos Kulaks. Regressa em 1934, sendo colocado por Estaline como chefe de redacção do jornal Izvestia e colabora na redacção da Constituição de 1936. Preso no início de 1937, acabou por ser condenado à morte por actividades fraccionistas direitistas-trotskistas. Confessou-se culpado de todo o conjunto de crimes realizados por esta organização contra-revolucionária, independentemente do facto de que eu conhecia ou de que eu ignorava tal ou tal acto, do facto de que eu tomava ou não uma parte directa em tal ou tal acto, visto que eu respondo como um dos líderes[...]e não como manobrador [...] eu devo incorrer no castigo mais severo. No entanto, na carta enviada à mulher, alguns dias antes da execução, sublinha: a minha vida acaba-se, inclino a minha cabeça sob o machado do carrasco, que não é o do proletariado, que deve agir sem piedade, mas também sem mancha. Sinto toda a minha impotência perante esta máquina infernal, que, sem dúvida, ajudada por métodos medievais, adquiriu um poder gigantesco, fabrica a calúnia em cadeia, age com audácia e certeza. Se mais de uma vez cometi erros sobre os métodos a empregar para edificar o socialismo, que a posteridade não me julgue mais severamente do que fez a Vladimir Ilitch. Caminhávamos pela primeira vez para um só e mesmo fim e o caminho não estava ainda traçado. Outros tempos, outros costumes. Nesse tempo o Pravda consagrava uma página inteira aos debates; toda a gente discutia quais os melhores meios e métodos, lutavam e depois reconciliavam-se e todos caminhavam juntos. Apelo para todos vós, geração futura dos dirigentes do partido, que terá como tarefa histórica fazer a autópsia desta monstruosa nuvem de crimes que prolifera nesta época terrível, queimando como uma chama e abafando o partido.
Apud JEAN ELLENSTEIN, op. cit. pp. 108-109. Sobre Bukharine, S. COHEN, Bukharin and the Russian Revolution, Oxford, Oxford University Press, 1980. De especial interesse, a entrevista concedida pela viúva de Bukharine à revista Ogoniok, publicada em Sputnik, de Maio de 1988, pp. 110-117. Em 2 de Novembro de 1987, Gorbatchov considerou Estaline como filho querido do Partido e em 4 de Fevereiro de 1988, o Supremo Tribunal da URSS reabilitou-o a título póstumo. Defende a teoria do socialismo num só país.
Retirado de Respublica, JAM