sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Bon, Gustave Le (1841-1931)

Influenciado pela psicologia nascente, utiliza o conceito de inconsciente para aplicá-lo à predestinação dos povo. Porque cada povo possui uma constituição mental tão fixa como os seus caracteres anatómicos e que daí derivam os seus sentimentos, os seus pensamentos e instituições, as suas crenças e a sua arte. Assim, os mortos conformam as raças, produzem o inconsciente dos vivos e geram as almas dos povos, numa sucessiva cadeia de determinações. Um povo é, pois, um organismo criado pelo passado, pois a era das multidões é a dos primitivos. A multidão é conduzida quase exclusivamente pelo inconsciente. Os seus actos estão muito mais sob a influência da medula espinal do que sob o cérebro. Neste sentido, aproxima-se mais dos seres inteiramente primitivos.

Considera que as multidões acumulam, não a inteligência, mas a mediocridade, sendo conduzidas quase exclusivamente pelo inconsciente, havendo nelas um multiplicador da irracionalidade. Salienta que nas sociedades futuras, pode prever-se que, na sua organização poderão contar com um poder novo, o último soberano da vida moderna: o poder das liberdades. As teses de Le Bon que recebem algumas das reflexões de Tocqueville e de Nietzsche, vão influenciar Robert Michels. Entre nós, é particularmente influente em Fernando Pessoa.
Retirado de Respublica, JAM