quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Europa das nações 1960

Foi em 5 de Setembro de 1960 que o general De Gaulle lançou a ideia de uma Europa das nações em nome das realidades dos Estados existentes. Para o chefe de Estado francês importava actuar, não de acordo com os sonhos, mas sim em conformidade com as realidades, no sentido de construir a Europa, isto é, unificá-la, considerado um objectivo essencial. Nestes termos dissertava: Ora, quais são as realidades da Europa? Quais são os alicerces sobre os quais queremos construi-la? Na verdade, são os Estados que, de certo, são muito diferentes uns dos outros, que têm cada um a sua alma para si, a sua história para si, a sua língua para si, os seus infortúnios, as suas glórias, as suas ambições para si, mas Estados que são as únicas entidades que têm o direito de ordenar e a autoridade para agir. Fingir-se que pode construir-se qualquer coisa que seja eficaz para a acção e que seja aprovado pelos povos por fora e por cima dos Estados, é uma quimera. Seguramente, esperando qu'on a pris corps à corps e no seu conjunto o problema da Europa, é verdade que se pôde instituir certos organismos mais ou menos extranacionais. Estes organismos têm o seu valor técnico mas não têm nem podem ter autoridade e por conseguinte eficácia política.[1]

Defesa da cooperação política

Assim, propõe que se ultrapasse o problema pela instituição daquilo que qualifica como a cooperação política: assegurar a cooperação regular da Europa ocidental, é o que a França considera como sendo desejável, como sendo possível e como sendo prático no domínio político, no domínio cultural e no da defesa. Isso implica um concerto organizado e regular dos governos responsáveis e em seguida o trabalho de organismos especializados em cada um dos domínios comuns e subordinados aos governos; isso implica a deliberação periódica de uma Assembleia que seja formada pelos delegados dos Parlamentos nacionais e, em meu entender, isso deve implicar a mais cedo possível, um solene referendo europeu de maneira a dar a tal ponto de partida da Europa o carácter de adesão e de intervenção popular que lhe é indispensável[1].Conclui, assim, que se enveredarmos por esse caminho ... forjar-se-ão elos, adquirir-se-ão hábitos e, com o tempo, é possível que venham a dar-se outros passos para a unidade europeia.

Retirado de Respublica, JAM