quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Kolakowski, Leszek (n. 1927)

Filósofo polaco, dissidente dos comunistas. Expulso do partido em 1966 e, dois anos depois, demitido de professor de filosofia moderna da Universidade de Varsóvia, acusado de corromper a juventude. No exílio é professor em Berkeley, Yale e Oxford. Começa por criticar o leninismo, invocando o jovem Marx. Acaba por aproximar-se do cristinaismo, rejeitando a herança cientista do positivismo e o determinismo marxista. Assinala que a Revolução de Fevereiro de 1917 se deveu à coincidência de muitos factores: a guerra, as reivindicações camponesas, as recordações de 1905, a conspiração dos liberais, o apoio da Entente e radicalização das massas trabalhadoras. Criticando o inicial sovietismo, refere que , o génio de Lenine não foi o da previsão, mas o de concentrar num preciso momento todas as energias sociais que podiam utilizar-se para tomar o poder, e subordinar todos os seus esforços e os do seu partido para este fim. Porque que a Revolução não foi um "coup d'état" bolchevique, mas uma verdadeira revolução dos trabalhadores e camponeses. Apenas os bolcheviques foram capazes deos utilizar para os seus próprios fins; a sua vitória foi, por sua vez, uma derrota das ideias comunistas, inclusive na sua versão bolchevique. Assim, se Lenine não pensou num trânsito imediato para uma agricultura colectiva e estatal, não teve dúvida que a produção rural devia estar desde o início debaixo do controlo estatal directo e que o livre comércio de mercadorias significaria a ruína do socialismo.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de The Library of Congress