segunda-feira, 5 de março de 2007

Renan, Joseph Ernest (1823-1892)

Formação básica de seminarista, sob a protecção de Dupanloup, período em que desabrocha a sua paixão pelas línguas orientais. Abandona o seminário e a religião logo em 1845, passando a mestre de estudos e professor de filosofia no secundário. Adere à revolução de 1848 e assume-se como democrata. Escreve então L'Avenir de la Science, obra apenas publicada em 1890, onde se destaca como livre-pensador e adepto do cientismo. Visita a Itália em 1849-1850. Condena o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851 e critica o modelo plebiscitário. Doutora-se em 1852 com uma tese sobre Averroès et l'Averroisme. Visita o Oriente a partir de 1860. Desde 1861 que é professor de Línguas Orientais no Collège de France. Demitido em 1864 por pressão clerical. Vai de novo para o Próximo Oriente em 1864.
Crítica à democracia
Em 1871 já modifica os seus anteriores pontos de vista assumindo uma profunda crítica aos princípios de 1789, assinalando que a França está em decadência, talvez irreversível. Propõe a necessidade de uma aristocracia racionalista e uma perspectiva antidemocrática: um país democrático não pode ser bem governado, bem administrado, bem comandado. Propõe a reforma universitária segundo o modelo alemão, a cabeça de uma sociedade racionalista que deveria comandar a multidão ignorante. Defende uma câmara dos notáveis e uma administração desecentralizada, criticando o sufrágio universal. Entra para a Academia em 1873.
Nação
Autor de uma célebre e celebrada conferência realizada na Sorbonne, em 11 de Março de 1882, intitulada Qu'est ce q'une Nation?, e que constitui ponto de peregrinação obrigatória de todos quantos analisam teoricamente a questão da nação. A nação passa a ser um plebiscito de todos os dias, um princípio espiritual, a alma do território.
A partir de então assume o dualismo science e nation. Marcado pelo positivismo, companheiro de geração de Taine. Autor de uma célebre história de Israel. Vive o ambiente de crise de fin de siècle, considerando que a França está em agonia, porque as nações que se debatem com questões sociais perecerão.
Retirado de Respublica, JAM