segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Capitalismo

Capitalismo no século XVIII, XIX e início do século XX era definido como um sistema económico baseado na propriedade privada dos meios de produção, no lucro, nas decisões quanto ao investimento de capital feitas pela iniciativa privada, e com a produção, distribuição e preços dos bens, serviços e exploração da mão-de-obra afetados pelas forças da oferta e da procura.
Atualmente o Capitalismo é definido como um sistema económico baseado na propriedade privada dos meios de produção e propriedade intelectual, na obtenção de lucro através do risco do investimento, nas decisões quanto ao investimento de capital feitas pela iniciativa privada, e com a produção, distribuição e preços dos bens, serviços e recursos-humanos afetados pelas forças da oferta e da procura.

Etimologia

A palavra capital vem do latim capitalis, que vem do proto-indo-europeu kaput, que quer dizer "cabeça", em referência às cabeças de gado, como era medida a riqueza nos tempos antigos. A conexão léxica entre o comércio de gado e a economia pode ser vista em nomes de várias moedas e palavras que dizem respeito ao dinheiro:
O primeiro uso da palavra Kapitalist foi em 1848 no Manifesto Comunista de Marx e Engels; porém, a palavra Kapitalismus, que é "capitalismo" em alemão, não foi usada. O primeiro uso da palavra capitalismo é dedicado ao romancista Thackeray, em 1854, com a qual quis dizer "posse de grandes quantidades de capital", e não referir-se a um sistema de produção.
Em 1867, Proudhon usou o termo capitalista para referir-se a possuidores de capital, e Marx e Engels referiam-se à "forma de produção baseada em capital" ("kapitalistische Produktionsform") e, no Das Kapital, "Kapitalist" (um possuidor privado de capital). Nenhum deles, porém, usou os termos em alusão ao significado atual das palavras. A primeira pessoa que assim o fez, porém, de uma forma impactante foi Werner Sombart em seu Capitalismo Moderno, de 1902. Max Weber, um amigo próximo e colega de Sombart, usou o termo em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de 1904.

História do Capitalismo

O capitalismo moderno e, segundo muitos economistas, mais próximo do ideal, começa com a Revolução Industrial e as chamadas revoluções "burguesas", marcadamente a Revolução Gloriosa inglesa, a Independência dos EUA e a Revolução Francesa. Certos autores, como Braudel, defendem, no entanto, que o capitalismo remonta à expansão da economia-mundo durante o Renascimento.
A propriedade privada já existia nas tribos judaicas. A Torá apresenta diversos exemplos. Os regimes teocráticos, por outro lado, seguiam um modelo mais próximo do feudal, com todas as terras pertencentes ao rei, e os seus súditos trabalhando nelas. O Código de Hamurabi também apresenta evidências da instituição da propriedade privada, o que faz crer que a existência de propriedade privada se confunde com a própria história.
Na pré-história as pessoas comumente viviam em pequenas tribos nômades de caçadores e coletores e não desenvolveram a instituição da propriedade privada, porque todos se conheciam e formavam laços de confiança. Contudo, existiam distinções de propriedade entre as varias tribos.
Com o crescimento populacional, o desenvolvimento da agricultura, a criação das cidades e o aumento da divisão de trabalho, os seres humanos passaram a viver em sociedades maiores, nas quais era necessária uma organização da produção por relações interpessoaís envolvendo muitas pessoas.
Posteriormente, com o desenvolvimento dos transportes terrestres e marítimos, e sedentarização das populações, houve o advento do comércio internacional. As principais nações comerciantes eram as cidades-estado gregas, com destaque a Atenas durante os séculos V e IV a.c. — foi nesta cidade que o primeiro sistema bancário foi inventado. Contudo, a existência de um grande número de escravos não permite-nos afirmar que eles desenvolveram a instituição da propriedade privada em um grau tão avançado quanto o do capitalismo moderno já que a escravidão é uma violação do direito de propriedade privada.
O Império Romano, por sua vez, era caracterizado pela liberdade do comércio e da produção até o final do século III com a implantação de controles de preços pelos imperadores. Segundo o historiador econômico Peter Termin, a economia do Império Romano tinha instituições capitalistas quase tão avançadas quanto as da Inglaterra no início da Revolução Industrial. Com o declinio e queda do Império Romano e invasões das tribos bárbaras, a organização social volta a tomar feições tribais, até a Baixa Idade Média.
O Feudalismo passava por uma grave crise decorrente da catástrofe demográfica causada pela Peste negra que dizimou 35% da população européia e pela fome que assolava o povo. Já com o comércio reativado pelas cidades estado italianas, a Europa passou por um relativo desenvolvimento urbano e comercial e, conseqüentemente, as relações de produção capitalistas (voluntárias) aumentaram. Na Idade Moderna, os reis expandem seu poderio econômico e político através do mercantilismo e do absolutismo, doutrinas anti-capitalistas. Dentre os defensores deste temos os filósofos Jean Bodin("os reis tinham o direito de impor leis aos súditos sem o consentimento deles"), Jacques Bossuet ("o rei está no trono por vontade de Deus") e Niccòlo Machiavelli ("a unidade política é fundamental para a grandeza de uma nação"). Com o Absolutismo e com o Mercantilismo, o Estado continuava a controlar a economia e a buscar colônias para adquirir metais(metalismo) através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole.
No século XVI, surge a Escola de Salamanca, conjunto de idéias de teólogos espanhóis que deram as primeiras idéias de uma economia capitalista liberal. As idéias de propriedade privada como moralmente neutra já se encontravam no pensamento católico europeu desde Tomás de Aquino.
Mas foi somente com as revoluções liberaís da Idade Moderna que o capitalismo se estabeleceu como sistema econômico predominante, pela primeira vez na história, nos países da Europa Ocidental. Algumas dessas revoluções foram a Revolução Inglesa (1640-60, Hill 1940), a Revolução Francesa (1789-99, Soboul 1965) e a Independência dos EUA, que construíram o arcabouço institucional de suporte ao desenvolvimento capitalista. Assim começou a era do capitalismo moderno.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, causada pela a implantação do capitalismo, inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo de capital. As sociedades vão superando os tradicionais critérios da aristocracia (principalmente a do privilégio de nascimento). Surgem as primeiras teorias econômicas modernas: a Economia Política e a ideologia que lhe corresponde, o liberalismo. Na Inglaterra, o escocês Adam Smith, um dos fundadores da primeira e adepto do segundo, publica a obra Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações.

Teoria capitalista

Algumas pessoas enfatizam a propriedade privada de capital como sendo a essência do capitalismo, ou enfatizam a importância de um mercado livre como mecanismo para o movimento e acumulação de capital. Outros medem o capitalismo através da análise das classes sociais, incluindo aí a estrutura de estratificação em classes da sociedade e as relações entre proletariado e burguesia . Outros ainda observam o crescimento de um sistema global de mercado.
Hayek, ao descrever o capitalismo, aponta para o caráter auto-organizador das economias que não têm planejamento centralizado pelo governo. Muitos, como por exemplo Adam Smith, apontam para o que se acredita ser o valor dos indivíduos que buscam seus interesses próprios, que se opõe ao trabalho altruístico de servir o "bem comum". Karl Polanyi, figura importante no campo da antropologia econômica, defendeu que Smith, em sua época, estava descrevendo um período de organização da produção conjuntamente com o do comércio. Para Polanyi, o capitalismo é diferente do antigo mercantilismo por causa da comoditificação da terra, da mão-de-obra e da moeda e chegou à sua forma madura como resultado dos problemas que surgiram quando sistemas de produção industrial necessitaram de investimentos a longo prazo e envolveram riscos correspondentes em um âmbito de comércio internacional. Falando em termos históricos, a necessidade mais opressora desse novo sistema era o fornecimento assegurado de elementos à indústria - terra, maquinários e mão-de-obra - e essas necessidades é que culminaram com a mencionada comoditificação, não por um processo de atividade auto-organizadora, mas como resultado de uma intervenção do Estado deliberada e frequentemente forçada.
Muitas dessas teorias chamam a atenção para as diversas práticas econômicas que se tornaram institucionalizadas na Europa entre os séculos XVI e XIX, especialmente envolvendo o direito dos indivíduos e grupos de agir como "pessoas legais" (ou corporações) na compra e venda de bens, terra, mão-de-obra e moeda, em um mercado livre, apoiados por um Estado para o reforço dos direitos da propriedade privada, de forma totalmente diferente ao antigo sistema feudal de proteção e obrigações.
Devido à vagueza do termo, emergiram controvérsias quanto ao capitalismo. Em particular, há uma disputa entre o capitalismo ser um sistema real ou ideal, isto é, se ele já foi mesmo implementado em economias particulares ou se ainda não e, neste último caso, a que grau o capitalismo existe nessas economias. Sob um ponto de vista histórico, há uma discussão se o capitalismo é específico a uma época ou região geográfica particular ou se é um sistema universalmente válido, que pode existir através do tempo e do espaço. Alguns interpretam o capitalismo como um sistema puramente econômico; outros, porém, admitem que ele é um complexo de instituições políticas, sociais e culturais.

O capitalismo no século XX

No século XIX a economia capitalista vivia a fase do capitalismo competitivo, onde cada ramo de atividade econômica era ocupada por um grande numero de empresas, normalmente pequenas, que concorriam intensamente entre si. O Estado quase não interferia na economia, limitando-se apenas à política.
A partir da primeira guerra mundial, o capitalismo passou por várias mudanças, primeiramente os Estados Unidos passam a liderar o mercado capitalista, em alguns ramos de atividade o capitalismo deixou de ser competitivo para ser capitalismo monopolista de fato, essa transformação deu-se através de dois processos principais:
Várias empresas foram a falência, as maiores compraram a menores e outras se unificaram (surge a sociedade anônima). As grandes empresas passaram a controlar sozinhas um ramo de atividade.
Com as grandes crises econômicas ocorrida principalmente entre 1929 e 1933 o Estado passou a interferir na economia , exercendo influências decisiva em algumas atividades econômicas. Em alguns países o estado passou a controlar os créditos, os preços, as exportações e importações, mas levando em conta os interesses das grandes empresas capitalistas.
O capitalismo do século XX passou a manifestar crises que se repetem a intervalos. O período que as separam tornam-se progressivamente mais curtas. O desemprego, as crises nos balanços de pagamentos , a inflação, a instabilidade do sistema monetário internacional e o aumento da concorrência entre os grandes competidores caracterizam as chamadas crises cíclicas do sistema capitalista.

O Consenso de Washington

Ao final do século XX, os Estados Unidos e a Inglaterra, passou a difundir a teoria liberal. Segundo esta teoria, para evitar futuras crises a receita seria privatizar empresas estatais que pudessem ser substituídas com vantagens pela iniciativa privada, aperto fiscal no sentido de zerar o déficit fiscal, controle da inflação, cambio flutuante e superávitis em comércio exterior.
Esta política passou por dois grandes testes: a crise dos países asiáticos e a crise da Rússia, que foram controladas com o auxílio do FMI, não sem antes de destruir quase a metade de seus PIB's. Não sendo capazes, desta forma, de produzir uma recessão mundial.
Até o presente momento esta receita parece ter surtido efeito, uma vez que após a implantação deste modelo novas crises não aconteceram.

Século XXI

No final do século XX e início do século XXI, com o advento da globalização algumas empresas que exerciam monopólio funcional em nível regional, começaram a enfrentar concorrência global e pressões maiores para se tornar atores do mercado globalizado.
Em função desta concorrência passou a haver um período de grandes fusões, onde empresas de atuação regional se fundiram para enfrentar a concorrência global.
Houve também, em reação as fusões regionais, grandes aquisições, onde empresas globais adquiriram empresas regionais, como forma de entrar rapidamente em mercados regionais.

Capitalismo atual

Grandes empresas do mundo passaram a oferecer fortes benefícios a seus empregados, antecipando a ação de sindicatos e governos.
Benefícios tais como: redução de jornada de trabalho, participação nos lucros, ganhos por produtividade, salários acima da média do mercado, promoção à inovação, jornada de trabalho flexível, flexibilização de jornada para mulheres com filhos, participação societária para produtos inovadores desenvolvidos com sucesso, entre outros.
Ao contrário do princípio do capitalismo, quando se acreditava que a redução de custos com recursos humanos e sua consequente exploração, traria o maior lucro possível, passou a vigorar a tese de que seria desejável atrair os melhores profissionais do mercado e mantê-los tão motivados quanto possível e isto tornaria a empresa mais lucrativa.

Capitalismo natural

Ou capitalismo verde é a teória de que preservar o ambiente, ser socialmente responsável, interagir na comunidade em que se está inserido traz satisfação aos clientes, diferencia a empresa em relação a concorrência e por consequência amplia os lucros para os acionistas.
Há uma tendencia para adoção deste modelo em grandes empresas ocidentais.

Capitalismo chinês

Alguns autores acreditam que, a China se tornou uma economia capitalista, sendo reconhecida por muitos estados (inclusive o Brasil) como uma economia de mercado. Portanto capitalista.
Ao contrário das outras economias capitalistas, principalmente as ocidentais, que unem o capitalismo ao respeito as liberdades individuais e a democracia, a China continua sendo um estado autoritário e com parte de sua economia planificada.

Retirado da Wikipédia