Leal, Francisco Pinto da Cunha (1888-1970)
· As Minhas Memórias, Lisboa, Edição do Autor, 1966.
Tenente de Engenharia, serviu em Angola, tendo sido nomeado director dos Caminhos de Ferro da província. Regressado a Portugal, serviu em França durante a 1.ª Guerra Mundial no Corpo Expedicionário Português. Tendo vindo de licença, foi um dos muitos oficiais que não regressou à frente, tendo sido nomeado director-geral dos Transportes Terrestres.
Começou então a sua carreira política, militando no partido centrista de Egas Moniz. Apoia Sidónio Pais, tendo sido eleito deputado ao parlamento de 1918, de acordo com as regras eleitorais definidas pelo novo regime. Participa na revolta de Santarém de Janeiro de 1919 contra o governo de Tamagnini Barbosa, acusado de estar sobre a influência dos monárquicos. Ministro das Finanças nos governos de Álvaro de Castro e de Liberto Pinto, de Novembro de 1920 a Janeiro de 1921, é também director do jornal O Popular. De Dezembro de 1921 a Fevereiro de 1922 é presidente do governo, acumulando com a pasta do Interior. Dirigindo um governo de concentração de vários partidos, quer acabar com a onda revolucionária que assulou o país, e provocou o episódio da Noite Sangrenta, en que morreram vários dirigentes políticos republicanos. O governo pressionado pela GNR, viu-se obrigado a retirar para Caxias e a chamar o Exército para cercar Lisboa. Tendo-se realizado eleições a 29 de Janeiro de 1922 ganhas pelo Partido Democrático, Cunha Leal pediu a demissão.
Nomeado director de O Século, em Março de 1923 a sua última experiência governativa dura um mês, enquanto ministro das Finanças no governo nacionalista de Ginestal Machado, de 15 de Novembro a 18 de Dezembro de 1923, experiência que ficará conhecida como a Intentona Putchista. No dia anterior à demissão tinha discursado na Sociedade de Geografia afirmando que «a ditadura salvadora para Portugal há-de vir, trazida pela força das circunstâncias».
Reitor da Universidade de Coimbra em 1924 e 1925, Cunha Leal será preso em 19 de Abril de 1925 na sequência do Golpe dos Generais do dia anterior. Liberto pouco tempo depois, em Setembro defenderá com Tamagnini Barbosa os oficiais que participaram na Revolta. Tendo sido obrigado a deixar a chefia do Partido Nacionalista, em 1926 fundou a União Liberal Republicana.
Apoiante do golpe de estado de 28 de Maio de 1926, foi escolhido para vice-governador do Banco Nacional Ultramarino, mas a eternização da ditadura leva-o para a oposição ao regime militar. Tendo proposto ao general Carmona, presidente do governo e depois da República a partir de 1926, a nomeação de Salazar para a pasta das finanças, em 1930 enquanto governador do Banco Central de Angola critica publicamente os efeitos que a política financeira do ministro têm em Angola, assim como a sua interferência no orçamento e nas finanças da província. Demitido quinze dias depois, será preso em Maio desse mesmo ano acusado de conspirar contra o governo. Enviado para os Açores evade-se em Novembro só regressando a Lisboa em finais de 1932, devido a uma amnistia. Em 1934 e 1935 é director da Vida Contemporânea, tendo sido deportado novamente em 1935.
Foto e texto 2 retirados do Portal da História