Estilo político
Para além da forma do poder, importa investigar o estilo político, o modo como se exerce o poder. Ficou célebre a observação de Maritain sobre a possibilidade de haver governos de esquerda com mentalidades de direita e governos de direita com mentalidades de esquerda. Com efeito, importa ir além do continente, da forma, e penetrar no conteúdo, na matéria. E, desde sempre, o pensamento político ocidental distinguiu isso. Segundo o esquema psicologista utilizado por Fernando Pessoa (JS DR 184), segundo o qual haveria em Portugal três “categorias políticas”: os indiferentes, os equilibrados e os desequilibrados. Os indiferentes poderiam sê-lo por natureza ou por decadência. Os equilibrados, dividir-se-iam entre os conservadores e os liberais e opor-se-iam oas radicais, divididos entre os reaccionários e os radicais. Glosando este esquema pessoano, poderíamos dizer que há uma família de direita equilibrada, a família conservadora, e outra desequilibrada, os reaccionário, ao mesmo tempo que as mesmas categorias dentro da família de esquerda, se dividiriam entre os liberais e os radicais, havendo entre conservadores e liberais e entre reaccionários e radicais, “absoluta identidade de psiquismos” (p.186). José Régio, de 1954, na peça de teatro A Salvação do Mundo, assinala três modelos: o democrático, para quem só os princípios da liberdade são a garantia do progresso; o aristocrático, defensor da qualidade dos governantes contra a inconsciência e a mediocridade das maiorias; e o extremista, crente em regimes de autoridade baseados nas conquistas da Ciência e da Técnica.