sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Meneses, Sebastião César de (m. 1672)

Bispo cortesão, à maneira de Richelieu e de Mazarino. Doutor em cânones. Deputado do Santo Ofício desde 1626, quando velasco Gouveia é preso. Conselheiro de Filipe IV, passa-se para D. João IV, depois de 1640. Secretário do Estado da Nobreza nas Cortes de 1641, sendo autor do assento da aclamação de D. João IV. Bispo do Porto, Coimbra e Braga depois de 1640. Escreve Suma Política, editada em Lisboa no ano de 1649 e em Amsterdão no ano seguinte. Preso de 1654 a 1656, acusado de ligações a Espanha. Com a regência de D. Luiza de Gusmão é reabilitado, chegando a ser nomeado embaixador em França. Apoia D. Afonso VI no golpe contra a regente. Depois, apoia o Conde de Castelo Melhor no golpe contra o conde da Atouguia. Em 1663 é nomeado inquisidor geral. Contudo, nesse ano, quando Évora chega a ser ocupada pelos espanhóis, vê a casa assaltada e é condenado ao desterro interno. Em 1669, depois do reatamento de relações com Roma, é esbulahdo de todos os cargos eclesiásticos que detinha. Considera que o Rei, e o Reino, formam um corpo político entre si; ambos vivem com o mesmo espírito, se não por união, ao menos por recíproca dependência. Assim, o estado bem fundado na disciplina militar, resiste facilmente às próprias rebeliões, com dificuldade se deixa vencer das armas estranhas, e com algum cuidado pode estender seus limites. Neste sentido, salienta que a prudência é seguir os costumes dos maiores que o tempo e experiência tem qualificado e que o vassalo cumpre com sua obrigação sendo bom, mas o Principe deve sê‑lo e parecê‑lo. A razão é a "alma da política" e "a Razão de Estado é uma arte". Ora, "quando cada um se governa a si mesmo, se dá a Ética; quando a família, a Económica; quando República ou Reino, a Política. As duas primeiras, se ocupam em coisas particulares, e domésticas; a terceira nas coisas públicas, e comuns. Porém, todas se respeitam, e unem com o mesmo vínculo; o homem se ordena para a família; a família consta de muitos homens; a República de muitas famílias. Subordinam‑se entre si estas artes, de modo que a ética se requere para a económica, a Económica para a Política". Deste modo, "a República é um corpo e congregação de muitas famílias sujeitas ao justo governo de uma cabeça soberana". Enquanto isto, a pátria é do corpo, a alma só tem por pátria o Céu, porém enquanto anima o corpo, é cidadão do mundo todo:porque aonde ama, aí vive como em pátria".

· Summa Política, oferecida ao Príncipe D. Teodósio de Portugal, Lisboa, 1649. 2ª ed. em latim, 1645; cfr. ed. port., Lisboa, Edições Gama, 1945, com estudo de Rodrigues Cavalheiro.

►Albuquerque, Martim, «Para uma Teoria Política do Barroco em Portugal. A “Summa Politica” de Sebastião César de Meneses», Porto, separata da Revista de História, 1979. } Torgal, Luís Reis, Ideologia Política e Teoria do Estado na Restauração, Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, 1982, tomo II, pp. 264 segs..

Retirado de Respublica, JAM