quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Lazarsfeld, Paul Felix (1901-1976)

Sociólogo norte-americano. Nasce em Viena de Áustria, onde estuda matemática e psicologia. Autor de uma obra fundamental sobre a sociologia eleitoral. Instala-se nos Estados Unidos da América a partir de 1933, destacando-se como professor da Universidade de Columbia. Em 1940 elabora a primeira grande sondagem à opinião no Ohio, visando prever o voto dos eleitores quanto à escolha entre Roosevelt e Wendell Wilkie. Faz um estudo pioneiro sobre a sociologia eleitoral, em 1944, onde salienta a existência de uma homogeneidade política dos grupos sociais. Em 1954, publica outro estudo sobre as eleições presidenciais norte-americanas de 1948.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de Nachruf

Lavradio, 2º Conde 1797-1870

D. Francisco de Assis de Almeida Portugal.

Oitavo filho do 3º marquês de Lavradio. Diplomata. Ministro dos negócios estrangeiros do governo da regência de D. Isabel Maria, de 1 de Agosto de 1826 a 8 de Junho de 1827, onde é substituído formalmente por Palmela, então embaixador em Londres. Deputado em 1826-1827. Representante em França da regência 1830-1833. Em 1842 destaca-se na Câmara dos Pares como opositor ao governo de Terceira-Costa Cabral. De novo ministro dos negócios estrangeiros no governo de Palmela de 26 de Maio a 6 de Outubro de 1846. Embaixador em Londres de 1851-1869.

D. José de Almeida Correia de Sá, Memórias do Conde do Lavradio, D. Francisco de Almeida Portugal, 5 vols, Coimbra, 1932-1938.

Retirado de Respublica, JAM

Lavau, Georges

Politólogo francês. Teorizou a função tribunícia dos partidos comunistas.

Retirado de Respublica, JAM

Laval, Pierre (1883-1945)

Político francês. Jurista. Militante da extrema-esquerda há-de ser chefe do governo francês em 1931-1932, ministro dos estrangeiros em 1934 e novamente chefe do governo em 1935-1936. Acaba por ser um dos principais colaboradores de Pétain, assumindo a chefia do governo do regime de Vichy, depois de Darlan. Símbolo do colaboracionismo. Executado depois de 1945.


Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da Radio Andorra

Lasswell, Harold D. (1902-1978)

Autor norte-americano, defensor da ciência política como ciência do poder. Aplica à politologia o funcionalismo. Antigo aluno de Merriam salienta-se nos anos trinta e quarenta, principalmente a partir da publicação de Politics: Who Gets What, When, How, de 1936, um título que, por si mesmo, constitui o resumo do programa de uma geração que defende, como objecto da ciência política, a acção de conquista e conservação do poder, entendido como jogo de soma zero. Mantendo os esquemas compor­tamentalistas, trata de introduzir no universo norte-americano autores como Gaetano Mosca, Robert Michels e Carl Schmitt (1888-1985), bem como de invocar a herança de Maquiavel. Doutorado em 1926 em Chicago, depois de investigar em Londres, Genebra, Paris e Berlim, entre 1923 e 1925. Professor de ciência política em Chicago (1922-1938). Passa Yale em 1938, onde é professor de direito de, 1946 a 1970, acumulando a docência de ciência política, de 1952 a 1970. Depois desta data ensina na Ford Foundation e no Bramford College (1970-1976). Colabora na Washington School of Psychiatry (1938-39) e é director de war communications research na U.S. Library of Congress (1939-45). Volta a ser professor de direito City University of New York (1970-73) e na Temple University (1973-76). Parte do princípio que a política tem a ver com a distribuição de três principais valores: a riqueza, o prestígio e a segurança pessoal. Considerando que o estudo da política é the study of influence and influential, aceita uma visão piramidal da distribuição de valores, onde, na parte de cima, estão poucos, a elite que preserva a sua ascendência, manipulando símbolos, controlando supplies e aplicando a violência. Em nome do realismo, reagia, assim, contra o sentimentalismo e o moralismo dominantes na ideologia do internacionalismo liberal, principalmente como fora assumido por Thomas Woodrow Wilson. Outra das suas obras é Psychopatology and Politics, Nova Iorque, 1930, onde aplica as ideias de Freud à análise política, considerando que a atracção pelo líder não marca de carismo, mas um distúrbio psicológico destes doentes que nos governam, deslocando frustrações para a zona do combate político. Em 1949 publica outra obra fundamental, em colaboração com N. Leites, The Language of Politics, Studies in Quantitative Semantics (Nova Iorque, Georges W. Stewart), e em 1952, em colaboração com Abraham Kaplan, edita Power and Society. A Framework for Political Enquiry, de 1952. Neste último trabalho, considerado como uma espécie de bíblia do modelo empírico-analítico da ciência política, proclamava expressamente que the basic concepts and hypotheses of political science não poderiam incluir elaborations of political doctrine, or what the state and society ought to be.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de U. C. Press

Lassalle, Ferdinand (1825-1864)

Socialista alemão, de origens judaicas. Nasce em Breslau, de uma família rica. Estuda filosofia em Berlim, sendo influenciado por Hegel, Fichte e, sobretudo, por Ricardo. Instala-se em Paris a partir de 1845. Destaca-se, não como teórico, mas como propagandista e agitador. Preso logo em 1848, por participar nos movimentos revolucionários. Relaciona-se com Marx a partir de 1849. Considerado por este como um ambicioso e um presunçoso, como um negro judeu. Via-se como uma espécie de potencial ditador social: eu sou o servo e o senhor de uma ideia, o sacerdote de um deus que sou eu mesmo. Fiz de mim um actor e um artista plástico e todo o meu ser é uma manifestação da minha vontade só se expressando conforme for a minha vontade. O tremor na minha voz, o brilho dos meus olhos, tudo isso deve representar aquilo que dita a minha vontade. Defende a unificação alemã logo em 1859. Edita em 1863-1864 uma série de pequenas brochuras, onde defende a lei de bronze (ehernes Gesetz) dos salários. Advoga então o modelo britânico da formação de cooperativas operárias de produção com o apoio do Estado. Funda em 1863 a Associação Geral dos Trabalhadores Alemã es (Allgemeiner deutscher Arbeitervereiner). Considera que, pelo sufrágio universal, o Estado pode passar a reflectir os interesses dos trabalhadores, pelo defende a instituição de cooperativas de produção com apoios financeiros públicos. Morre em duelo, por uma questão passional em Agosto de 1864. Como provou em 1927, chegou a entrar em negociações directas com Bismarck, para uma aliança visando o combate ao centro. De qualquer maneira, a sua fulgurante actividade política lançou as bases da organização política dos trabalhadores alemã es. Considera que a constituição de um país nada mais é do que "um conjunto de relações de facto entre poderes". Porque "um rei a que obedece um exército com canhões, eis aí um bom pedaço de Constituição!...Uma nobreza possuidora de influência sobre o Rei e a Côrte, eis aí um bom pedaço de Constituição...Os senhores Borsig e Egels,ou seja,os grandes industriais, eis aí um pedaço de Constituição... Os banqueiros Mendelsohn, Schickler, ou, de um modo geral, a bolsa... Eis aí também um bom pedaço de Constituição".

· A Guerra de Itália e a Missão da Prússia
, 1859.
· Das System der erworbenen Rechte
(O Sistema dos Direitos Adquiridos, 1861).
· Uber Verfassungswesen
(1862) (cfr. trad. cast. Qué es una Constitución?, Barcelona, Ediciones Ariel, 1976; trad. port. de Walter Stonner, Porto Alegre, Ed. Vila Martha, 1980).
. Amaral, Diogo Freitas, Ciência Política, III, pp. 96 segs.
. Gettell, Raymond G., História das Ideias Políticas, trad. port., Lisboa, 1936, pp. 44 segs.
. Halévy, Élie, História do Socialismo Europeu, trad. port. de Maria Luísa C. Maia, Amadora, Livraria Bertrand, 1975, pp. 171 segs.
. Maltez, José Adelino, Ensaio sobre o Problema do Estado, Lisboa, Academia Internacional da Cultura Portuguesa, 1991, II, p. 93.
. Theimer, Walter, História das Ideias Políticas, trad. port., pp. 370 segs...


Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da Wikipédia

Lask, Emil (1875-1915)

Autor do movimento da filosofia dos valores, da Escola de Baden. Num pequeno estudo incluído num livro de homenagem a Kuno Fischer, Rechtsphilosophie, de 1905, distingue as ciências da natureza, consideradas como explicativas, das ciências da cultura, qualificadas como valorativas. Nestas, inclui tanto a filosofia, dedicada ao estudo dos valores absolutos em si mesmos, como as ciências empíricas da cultura, uma das quais é o direito, onde a realidade aparece referida a valores...

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da Wikipedia

Larenz, Karl (1903-1993)

– Comunidade, 51, 321 – Conceito e o todo significante, 13, 98 – Neo-hegelianismo, 37, 232
O hegelianismo também é patente na primeira fase de Karl Larenz (n. 1903), nas obras Rechts und Staatsphilosophie der Gegenwart (1935) e Sittlichkeit und Recht (1943). Na primeira, chega mesmo a observar que a comunidade que integra o indivíduo é sempre e necessariamente a nação constituída em Estado e forjada em bloco pelo sangue, a raça e o espírito. Como o próprio reconhece, à distância de quase uma geração e à luz da experiência, a concepção de Estado que, nessas primeiras obras, assumiu era excessivamente orientada pelo encarecimento optimista de Hegel da racionalidade e moralidade do ser estadual da sua época. Depois disso, vê a filosofia do Estado de Hegel como parte da sua ética e da sua filosofia do direito, mais condicionada pela sua época e, por conseguinte, mais débil. Reconhece, contudo, que o mais extraordinário contributo de Hegel permanece a sua lógica do “conceito concreto” e, para além disso, o desenvolvimento da ética e da teoria material de Kant , no sentido de uma teoria material dos valores, principalmente na primeira parte da sua filosofia dos valores.

Retirado de Respublica, JAM

Lapouge, Gorges Vacher de (1854-1936)

Professor em Montpellier. Começa a vida profissional como magistrado, passando, depois, a bibliotecário. Dedica-se à zoologia e à antropologia e faz um trabalho prático de medição de cerca de vinte mil crânios. Defende que as raças dolicocéfalas dos louros são superiores às braquicéfalas. Adepto da selecção social. Baseia-se no darwinismo social, na ideia de luta pela sobrevivência das espécies. Propõe, para o efeito, a criação de uma nova ciência social que baptiza de antropossociologia. Assume um claro anti-semitismo. Considera que o homem livre, marcado pelas ficções da justiça, da igualdade e da fraternidade, típicas da democracia, não existe: o indivíduo é esmagado pela sua raça; ele não é nada. A raça, a nação são tudo. Defende, pois, uma política científica que diz preferir as realidades, das forças, leis, raças e a chamada evolução. Deste modo, procura misturar o determinismo biológico com o determinismo histórico, onde a luta de raças acresce à própria luta de classes, proclamando: infelizes os povos que perdem tempo com os seus sonhos.

bibliografia:

· Les Seléctions Sociales, 1896.

· L’Aryen et son Rôle Social, Paris, Albert Fontemoing, 1899. Curso livre de ciência política dado na Universidade de Montpellier em 1899-1900.

· Race et Milieu Social. Essai d’Anthropologie, Paris, Rivière, 1909.

. Béjin, André, «Théories Socio-Politiques de la Lutte pour la Vie», apud Ory, Pascal, op. cit., pp. 406 segs...

Retirado de Respublica, JAM

Lapierre, Jean-William (n. 1921)

Sociólogo político francês. Professor em Aix-en-Provence.

bibliografia:

LAPIERRE,J.W. – Colónias de primatas,52,327.

LAPIERRE,J.W. – Sociedade global,vasta integração,47,297.

LAPIERRE,J.W. –Antropologia política,5,45.

LAPIERRE,J.W. –Modelo teórico,10,82.

LAPIERRE,J.W. –Poder e autoridade,54,345

Lapierre, Jean-William, LAPIERRE Evolucionismo (chefatura,cidade-estado,monarquia),78,522

Neste caso, estaríamos perante fenómenos de dominação/submissão, onde, segundo Jean-William Lapierre, há "comportamentos colectivos que exigem um ajustamento, uma concordância, uma sincronização dos comportamentos individuais". Há regulações homeostáticas (no voo das aves migratórias, num banco de peixes, numa colónia de insectos); há divisões de papéis em colónias de primatas que até têm certos símbolos linguísticos, embora ainda também homeostáticos. Nalgumas sociedades de mamíferos e primatas , onde há animais que "mandam" e animais que "obedecem", alguns chegam mesmo a referir a existência de "um fenómeno político anterior ao homem e às sociedades humanas". Mais ainda: que os próprios fenómenos de poder passaram do macaco para as sociedades de hominídeos caçadores que, por sua vez, os transmitiram aos homens modernos, correndo-se o risco de comparações entre a sociedade dos homens e a peckorder das "sociedades" das aves ou dos "machos dominantes". Jean-William Lapierre também parte desta distinção entre poder(puissance) e autoridade. Se no primeiro existem relações de dominação/submissão, observáveis tanto entre os homens como em certos primatas, já na autoridade a relação é de comando/obediência, típica dos homens. Para Jean-William Lapierre, "uma sociedade global pode ser considerada como um vasto fenómeno social total". Entende por tal "um conjunto concreto e singular de pessoas e de grupos no qual todas as categorias de actividade são exercidas e mais ou menos integradas". Trata-se do mesmo conceito que no século XVII se exprimia por "sociedade civil" e "corpo político" e que significa o mesmo que o inglês "polity" ou que aquilo que os marxistas entendem por "formação social". Segundo o mesmo autor, haveria cinco sistemas principais de sociedade global: sistema bio-social ou sócio-genético, equivalente à "comunicação de mulheres" do sistema de parentesco, segundo Lévi-Strauss; sistema ecológico ou socio-geográfico; sistema económico ou de "comunicação de bens e serviços"; sistema cultural ou de "comunicação de mensagens"; sistema político. Considera que o Estado é um aparelho ou organização dotado de uma legitimação através de leis, com uma determinada função ( política) e que se apoia sobre um conjunto (a nação). Considera que o sistema político é "o conjunto de processos de decisão que dizem respeito à totalidade de uma sociedade global", explicitando que o poder político é "a combinação variável da autoridade legítima (recurso ao consenso) e da força pública (recurso à coerção), que torna certas pessoas ou grupos capazes de decidir pela (e em nome da) sociedade global no seu conjunto e de exercer a autoridade a fim de executar as decisões tomadas". O ciclo de transição já passaria pela chefatura, - das sociedades que dispensa o poder político, - pela Cidade-Estado e pela Monarquia.

bibliografia:

· Essai sur les Fondements du Pouvoir Politique, Aix-en-Provence, Faculté de Lettres, 1968.

· Le Pouvoir Politique, Paris, Presses Universitaires de France, 1969.

· L'Analyse des Systèmes Politiques, Paris, Presses Universitaires de France, 1973. Cfr. trad. port. com pref. de João Jorge Ferreira Lourenço, Análise dos Sistemas Políticos, Lisboa, Edições Rolim, s.d..

· Vivre sans État? Essai sur le Pouvoir Politique et l’Innovation Sociale, Paris, Éditions du Seuil, 1977.

Retirado de Respublica, JAM

LaPalombara, Joseph

Politólogo norte-americano. Adopta o comparativismo e o desenvolvimentismo. Ao contrário do institucionalismo, parte das funções em vez de começar pelas estruturas. Aproxima-se de Gabriel Almond, ucian Pye e Sidney Verba.

1962

Bureaucracy and Political Development, Princeton, Princeton University Press, 1962. Trad. Cast. Burocracia y Desarrolo Politico, Buenos Aires, Paidos, 1973.

1964

Interest Groups in Italian Politics, Princeton, Princeton University Press, 1964.

1966

Political Parties and Political Development, Princeton, Princeton University Press, 1966 [com estudos de Giovanni Sartori, «European Political Parties. The Case of Polarized Pluralism», e de Otto Kirchheimer, «The Transformations of Western European Party Systems»]. Com Myron Weiner (eds.)

1974

Politics within Nations, Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1974 [trad. port. A Política no Interior das Nações, Brasília, Editora da Universidade de Brasília, 1982].

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da YALE Univ

Lança, Armando Pereira de Castro Agathão n. 1894

Oficial da Armada. Participa na revolta de 1915. Resiste à revolta de Sidónio Pais em Dezembro de 1917. Luta contra a revolta monárquica de 1919, com Ribeiro de Carvalho. Deputado de 1921 a 1926. Governador civil de Lisboa em Janeiro de 1922, por convite do presidente do ministério Cunha Leal, a quem salvara a vida. Vice-governador do Banco Nacional Ultramarino em 1925-1926. Participa na revolta de Fevereiro de 1927. Deportado para Angola e exilado em Paris, até à invasão alemã. Regressa então a Portugal e passa a viver como proprietário e produtor de vinho do Porto em Baião. Camarada de Américo Tomás, foi sempre seu amigo, recebendo deste fortes elogios.

Retirado de Respublica, JAM

Lamennais, Felicité Robert 1782-1854

Padre até 1835. Defende o ultramontanismo contra o galicanismo durante a Restauração, na revista le Catholique, entre 1826 e 1829, onde proclama a necessidade de desforra política da Igreja, dado que, se ela padecera sobre Napoleão, deveria agora reinar sobre César. A partir de Outubro de 1830, edita o jornal L'Avenir, juntamente com Momtalembert e Lacordaire. Inspirador do chamado liberalismo católico, onde se proclama a necessidade da separação da Igreja e do Estado. Condenado pelo Papa Gregório XVI em 15 de Agosto de 1832, na encíclica Mirari vos, logo se submete e o jornal cessa a publicação. Mas entra em rebelião com a Igreja com a publicação de Paroles d'un Croyant, responde o Papa com nova carta Singulari Nos, de 25 de Junho de 1834. A partir de então assume uma atitude independente e coloca-se na própria oposição à monarquia. Eleito deputado em 1848, funda o jornal Le Peuple Constituant. Influencia Alexandre Herculano. Morre, recusando sacramentos. Procura a conciliação entre o liberalismo e o cristianismo, entre os ideais da liberdade, igualdade e a fraternidade e a religião tradicional.


Retirado de Respublica, JAM

Lagarde, Georges de

Estuda as raízes medievais do laicismo, considerando que a Reforma lançou as raízes do individualismo, numa senda depois retomada pelo Iluminismo. Estat, abstracção que precede o Estado,80,531 chama a atenção para existência de um estat,de um estatuto pela qual é definida a condição jurídica de uma colectividade, de uma associação, ou mais frequentemente de uma cidade.Trata-se do do estatuto jurídico de uma comunidade, constituindo uma abstracção.-Revolução francesa como o ramo masculino da Reforma,108,750. considera que enquanto a Revolução francesa constitui "o ramo masculino da Reforma",já o liberalismo é o seu "ramo feminino".Para este autor "no domínio filosófico, a Reforma lançou os germes dos individualismo...Como sementeira caída em solo mal preparado,foi-lhe impossível desenvolver-se logo.Só dois séculos mais tarde, o Aufklãrung fez germinar as esperanças do protestantismo"..

bibliografia:

· La Naissance de l'Esprit Laique au Déclin du Moyen Age

Retirado de Respublica, JAM

Lafões, 2º Duque de (1719-1806)

D. João Carlos de Bragança Sousa Ligne Tavares Mascarenhas e Silva. Maçon. Irmão do 1º duque de Lafões. Opositor do marquês de Pombal, retira-se para Londres. Voluntário na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) nos exércitos austríacos. Regressa a Portugal em 1777. Apoia o abade Correia da Serra na fundação da Academia das Ciências (1779) de que foi presidente (1779-1806). Mordomo mor e ministro assistente ao despacho, acumulando a pasta da guerra de D. João VI, de 6 de Janeiro 1801 a 1804. Morre em 1806.

Retirado de Respublica, JAM

Lafitte, Pierre (1825-1903)

Positivista, amigo e discípulo de Comte. Depois da morte deste, assume a ala ortodoxa do positivismo, dirigindo seita como sumo sacerdote da religião da humanidade, de 1857 a 1879.


Retirado de Respublica, JAM

Lacroix, Jean (1900-1986)

Professor francês do ensino secundário, em Lyon, de 1937 a 1968. Um dos fundadores da revista Esprit. Responsável pelas crónicas filosóficas do jornal Le Monde, entre 1951 e 1980. –Personalismo e direito natural,136,949–Poder e autoridade,55,352–Política, realização da filosofia entre homens,17,122–Política, retorno da violência sobre si mesma,17,125 Jean Lacroix, a autoridade, como indica a etimologia, é o que aumenta do interior a sociedade humana, a aprofunda, e lhe permite realizar-se. Ter autoridade é ser autor. Podemos contestar os poderes, mas não podemos recusar toda a autoridade. De facto, não devemos identificar o poder com a autoridade, porque é verdade que o poder é sempre constituído e a autoridade apenas constituinte "a política ,na sua essência,é a vontade de realizar,tanto quanto possível,a filosofia entre os homens",isto é,"a mediação concreta que permite ao homem pô r-se como ser racional". Jean Lacroix, o problema está em que o homem não se torna racional senão quando treme diante da razão, que lhe aparece inicialmente sob a forma de coacção exterior. É obedecendo à lei que se torna concretamente racional, onde o direito é uma anti-razão ao serviço da razão e onde a política constitui uma espécie de retorno da violência sobre si mesma "o fim do político é a realização do universo concreto nos e pelos Estados particulares hoje, talvez no e pelo Estado mundial amanhã ". "o homem é um lobo que se torna Deus pela instituição simultaneamente racional e artificial do Estado".

"o pensamento de Rousseau é incrivelmente desconhecido" ,acentua que há nele um kantismo antecipado bem como uma visão cristão da sociedade:"a vontade geral quer dizer vontade do geral,é a vontade da razão,a vontade universal".

numa aproximação ao personalismo,"o direito natural é o reconhecimento de uma espécie de direito geral de ter direitos",é a "racionalidade própria da ordem jurídica,constituindo simultaneamente a sua norma imanente e o seu princípio de julgamento".

Para este autor "dele não podemos extrair nenhum direito positivo particular mas,no entanto,obriga-nos a admitir uma lei positiva e a corrigi-la constantemente.Utilizado por uns como conservador, por outros como revolucionário,o direito natural é,como toda a ideia reguladora,uma e outra coisa".

Em Lacroix há,assim,um retomar do justicialismo jurídico,num retorno ao direito natural que não passa pelo regresso ao direito divino ou à razão iluminista,mas antes a uma justiça existencial.Como ele diz,"o direito natural age através da crença" e "admitir o direito natural é admitir a pessoa,ou,antes,reconhecë-la;negá-lo é negá-la". Numa aproximação ao personalismo considera que o direito natural é o reconhecimento de uma espécie de direito geral de ter direitos, é a racionalidade própria da ordem jurídica, constituindo simultaneamente a sua norma imanente e o seu princípio de julgamento. Assim, dele não podemos extrair nenhum direito positivo particular mas, no entanto, obriga-nos a admitir uma lei positiva e a corrigi-la constantemente. Utilizado por uns como conservador, por outros como revolucionário, o direito natural é, como toda a ideia reguladora, uma e outra coisa.

· Le Sens du Dialogue, Neuchâ tel, La Baconnière, 1944.

· Marxisme, Existentialisme et Personnalisme

Paris, Presses Universitaires de France, 1946. Ver a trad. port. Marxismo, Existencialismo, Personalismo, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1972.

· Le Sentiment et la Vie Morale, Paris, Presses Universitaires de France, 1952.

· La Sociologie d'Auguste Comte, Paris, PUF, 1956.

· Histoire et Mystère, 1962. Cfr. trad. port. de Paulo Eduardo Arantes, São Paulo, Livraria Duas Cidades, 1967. Obra dividida em quatro partes: a crise do progresso; a filosofia kantiana da história; economia, moral e po·lítica; mistério e razão.

· Panorama de la Philosophie Française Contemporaine

Paris, Presses Universitaires de France, 1966.

· Philosophie de la Culpabilité

Paris, Presses Universitaires de France, 1977.

· Le Personnalisme

1981. Cfr. trad. port. de Olga Magalhã es, O Personalismo como Anti-Ideologia, Porto, Rés Editora, 1977.

Retirado de Respublica, JAM

Lacordaire, Henri-Dominique (1802-1861)

Antigo advogado, ordenado padre em 1827. Dominicano desde 1839, restabelece a ordem em França. Companheiro de Lamennais e Mamtalembert na fundação de L'Avenir em Outubro de 1830. Um dos militantes do liberalismo católico, líder da respectiva ala esquerda. Critica o individualismo. Célebre pelas conferências proferidas em Paris na igreja de Notre Dame. Eleito deputado em 1848. Considera-se um liberal impenitente e um peregrino de Deus e da liberdade.


Retirado de Respublica, JAM

Labriola, Antonio (1843-1904)

Professor de história e filosofia em Roma. Discípulo de Bertrando Spaventa, hegeliano italiano, com quem estuda em Nápoles, e mestre de Croce e Gramsci. Considerado o primeiro marxista hegeliano, por contrariar a interpretação determinista e materialista do modelo de Engels, é também influenciado por Espinosa e Vico, acentuando o papel da consciência e da praxis. Se defende o gradualismo marxista, opõe-se, contudo, ao revisionismo de Bernstein, ao mesmo tempo que também se distancia das teses voluntaristas de Sorel. Considera que as leis do mundo natural não se aplicam ao mundo humano, dado que este é um meio artificial, onde a estrutura económica só em última análise determina as instituições e a consciência. Propõe a criação de uma associação que não produzisse mercadorias e que por isso já não é o Estado, mas sim o seu oposto, ou seja, o sustentáculo técnico e pedagógico da convivência humana, o “self government” do trabalho... a sociedade dirigida como Estado foi sempre a de uma maioria entregue à tutela de uma minoria, dado que o Estado é... sistema de forças que mantém o equilíbrio ou o impõe pela violência ou pela repressão, dado que Estado cresceu ou diminuiu de poderes mas nunca desapareceu... o Estado é uma real ordenação de defesas para garantir e perpetuar um método de convivência.


Retirado de Respublica, JAM

Labour Party

Depois da formação de Independent Labour Party em 1893 que falhou estrondosamente as eleições de 1895, surge em 1900, com o apoio dos fabianos e do TUC um Labour Representation Committee que consegue eleger dois deputados em 1903. O líder Ramsay MacDonald faz então um acordo com os liberais, aumentando a representação dos trabalhistas para 29 deputados em 1906, ano em que o partido passa a assumir-se como Labour Party.

Retirado de Respublica, JAM

Tour du Pin, René de la (1834-1924)

Um dos primeiros teóricos do catolicismo político. Uma perspectiva antiliberal. Defende a sociedade como um todo orgânico, dependente da lei de Deus (clef de voûte de l’édifice sociale). Assume a defesa do corporativismo, a partir da família, da oficina e das corporações. 134,921.

Retirado de Respublica, JAM

Boétie, Étienne de la (1530-1563)

Amigo de Montaigne, foi como este conselheiro no paralamento de Bordéus. Célebre tradutor de clásicos gregos. Adopta como lema o n'ayez pas peur. escravidão voluntária, onde o tirano apenas tem o poder que se lhe dá, um poder que vem da volonté de servir das multidões que ficam fascinadas e seduzidas por um só.

Retirado de Respublica, JAM


Do Novíssimo Testamento *

(ou do estado a que o espectáculo chegou)
texto de

José Rodrigo Coelho

Professor do Ensino Secundário em Portugal

Licenciado em Gestão e Administração Pública, pelo ISCSP – Universidade Técnica de Lisboa

Mestrando em Ciência Política pela mesma Escola

Liberale, ma non tropo


Comecei a dar os primeiros passos nos caminhos da Ciência Política pela pena do Pedagogo que, juntamente com muitos dos seus discípulos da Escola, me ensinaram a ultrapassar as angústias cultivadas pela falta de respostas que a vida vai somando. Sobretudo, se deixarmos de ter paixões ou, pior ainda, se já não damos por elas, e com isso ofuscamos a ‘luz’ que pode estar a reflectir, mesmo nas coisas mais simples que aprendemos, a imagem que sempre procuramos em nós! Então, devo dizê-lo, considero-me um afortunado, não pelo montante dos ganhos, mas pela proficuidade do investimento!

1. Confesso que também começo a ter medo. Desde que, como qualquer um de nós, me sinta parte da factura que alguém contabilizou no nosso passivo colectivo. Alguém! Que pensamos ser quem seja. E que julgamos ter começado a descodificar como age? Fazemos, há já algum tempo, uma ideia dos métodos, visto que eles não são tão novos quanto podemos ser levados a pensar. Onde? Hã, isso faz parte do método, não dizer onde nem quando, porque a morte não se deve anunciar, sobretudo a do inimigo. E talvez seja na surpresa que estará a maior fatalidade! De que se trata? De vingança, do tipo primitivo, daquela que, classicamente, estará sempre ligada às ofensas ao sangue e à honra ou, ainda mais, à divindade que a abençoa!

E porquê? Ah!, para essa questão já podemos formular várias respostas, apesar de com elas não podermos justificar os métodos, por um lado, nem tão pouco diminuir o tal passivo, por outro! Devemos, e o que devemos temos de pagar, mas não paguemos com ‘nota’ falsa, e façamo-lo de forma inequívoca. Para mostrarmos que somos gente de Bem! O acto de contricção faz parte da doutrina social, seja ela particularmente a da Igreja ou, colectivamente, a da nossa socialização! Depois, ... “quem não deve, não teme”! (A cultura dos universais revisitada)!

2. Mas, indo mais directa e linearmente ao assunto, sabem de que estou a falar. De medo! De terrorismo? Esse ismo do terror que se refere aos seus autores, ou ao modo como operam? Na segunda das duas hipóteses estaremos a criar uma injustiça historicamente relativa, e talvez pelas mesmas razões, mas com maior acuidade, devemos situacionar a primeira! Sempre num contexto historicamente comparativo, para não rotularmos uns com adjectivações sempre merecidas por outros!

Por isso, perdoem-me, não quero falar de ninguém! Não devo! Nem me interessa pessoalizar, se é pela clandestinidade do Estado, pelo evolucionismo da permissividade, pelo maquiavelismo da ganância, pelo ódio na vingança, pela loucura do desespero, …! Não me interessam os Bushes, os Aznares, os Blaires, os Soares, os Durões, os Sadames, os Ibnes Ladenes, a CIA e as outras companhias de telefones sob escuta, ... não me interessa estar a falar mais de quem não conheço, de quem apenas sei o que me dizem os ‘frames’ noticiosos!

Apenas me interessa dizer aqui que: a paciência é uma capacidade psicológica inerente à natureza humana, que todos os homens a possuem em mais uma medida desigual, tão igual a tantas outras desigualdades naturais ou artificiais (idealizadas ou não); que o súbdito não se prostra eternamente, mas apenas enquanto se vê representado no soberano; (...)

3. Agora, a esse vazio que a crise do Estado chama liberdade, veio substituir-se a paranóia (ou o vazio de estímulos que, realmente, provocam o medo), não por que não haja razões que se lhe juntem, suficientes para temermos pela nossa integridade física, mas pela forma como estamos a ser levados a combatê-la. O Leviatã ergue-se, vociferando, atingido na vitalidade da sua obsolescência! E, qual diagnóstico, recomenda-se que o Mal seja estranho nas origens, adamastoriano nos efeitos, perverso nos fins e incógnito nas razões, artefacto das novas tecnologias (...), ilegítimo na filiação à natureza que o criou! Por isso, o Populum precisa de encontrar os anticorpos para tal combate, sob pena de perecer da mesma enfermidade. Mas eis que o Rotularium, instituição que se dirige às misérias daquele, apela para que o apoio em massa (a principal fonte de energia do sistema) não falte com o plasma necessário ao retorno da normal vitalidade do corpo reunificado, mas não unido.

4. Valha-nos Stº Agostinho [1], que na Utopia [2] voltou a visitar-nos, e que o Concílio Vaticano II [3] brilhantemente redefiniu:

4.1 “Se falais a homens imbuídos de princípios contrários aos vossos, não deveis esperar que eles façam caso das vossas palavras se de repente lhes atirais à cabeça a contradição e o desmentido. Segui o caminho oblíquo, conduzir-vos-á mais seguramente ao fim visado. Aprendei a dizer a verdade habilmente e no momento próprio; e se os vossos esforços não puderem servir para tornar o bem efectivo, que pelo menos sirvam para diminuir a intensidade do mal; (...)

Sabeis o que me aconteceria se procedesse assim? Acontecer-me-ia que, ao querer curar a loucura dos outros, cairia na demência de que eles próprios sofrem. (...) A minha moral mostra o perigo, afasta dele o homem sensato; só fere o insensato que se lança desvairado no abismo.

«Existe cobardia ou infâmia em calar as verdades que condenam a perversidade humana, com o pretexto de que elas serão motivo de irrisão e consideradas novidades absurdas ou impraticáveis quimeras. Dever-se-ia, em tal caso, lançar um véu sobre o Evangelho e dissimular aos cristãos a doutrina de Jesus.

(...) Os pregadores, homens hábeis, seguiram o caminho oblíquo de que há pouco faláveis; vendo que repugnava aos homens pôr em conformidade os seus maus costumes com a doutrina cristã, vergaram o Evangelho com uma régua de chumbo, para o moldar conforme os maus costumes dos homens. A que os conduziu essa hábil manobra? A dar ao vício a estabilidade e a segurança da virtude”. 2

4.2 “Para edificar a paz, é preciso, antes de mais, eliminar as causas das discórdias entre os homens, que são as que alimentam as guerras, sobretudo as injustiças. Muitas delas provêm das excessivas desigualdades e do atraso em lhes dar remédios necessários. Outras, porém, nascem do espírito de dominação e do desprezo das pessoas; e, se buscarmos causas mais profundas, da inveja, desconfiança e soberba humanas, bem como de outras paixões egoístas. Como o homem não pode suportar tantas desordens, delas provém que, mesmo sem haver guerra, o mundo está continuamente envenenado com as contendas e violência entre os homens. E como se verificam os mesmos males nas relações entre as nações, é absolutamente necessário, para os vencer ou prevenir, e para reprimir as violências desenfreadas, que os organismos internacionais cooperem e se coordenem melhor e que se fomentem incansavelmente as organizações que promovem a paz. (...)” 3



* A analogia com o título da obra do mestre que a escreveu (O Novísimo Príncipe) é, talvez, uma ousadia que apenas a verosimilança factual permite contemplar. No entanto, não podemos deixar de passar o alerta para os incautos da História, pois se o princeps se metamorfoseou, o legado tão pouco pode deixar de ser passado, sobretudo àqueles em quem não encontra corpo para encarnar.

[1] A Cidade de Deus, Vol. 1, Livro I, Cap. I, (4.2 dos textos citados) “Acerca dos inimigos do nome de Cristo que, por causa de Cristo, os bárbaros pouparam durante a devastação de Roma”, Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª Ed., 1996, pág. 99.

[2] MORUS, Tomás, A Utopia, Guimarães Editores, 8ª Edição, Lisboa, 1992, pp. 61-62

[3] Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 83 – Construção da comunidade dos povos.

Kuo-Min-Tang (1900)

(Partido Nacional do Povo). Partido chinês criado em 1900 por Sun Iat Sem. Já sob a chefia de Chang kai Chek, foi reorganizado pelos soviéticos em 1923-1924. Mantém-se na Formosa a partir de 1949.


Retirado de Respublica, JAM

O Kuomintang (Partido Nacionalista ou KMT), que no momento controlava o governo da República da China recolheu-se com o seu líder Chiang Kai-shek em Taiwan após a Guerra Civil Chinesa entre o KMT e o Partido Comunista Chinês, que terminou a favor dos comunistas em 1949. Neste êxodo contavam-se aproximadamente 2 milhões de refugiados vindo da China continental. Chiang Kai-shek, então presidente da República da China, tomou o comando de Taiwan, reorganizou as suas tropas e instituiu reformas politico-democraticas limitadas tendo continuado a prometer a reconquista da China continental. A sua posição internacional acabou por se enfraquecer quando em 28 de novembro de 1971 os Estados Unidos da América expulsaram o seu regime e aceitaram os comunistas como o único governo legítimo da China. Chiang Kai-shek permaneceu presidente até ao fim da sua vida em 1975.

Fotos e texto 2 retirados da Wikipédia

Kung, Hans (n. 1928)

Teólogo católico suíço. Um dos inspiradores das teses do Concílio do Vaticano II. Entra em ruptura com a Santa Sé, depois de criticar o dogma da infalibilidade papal.

Retirado de Respublica, JAM

Kundera, Milan

Romancista checo que retratou o regime pós-totalitário de Praga no romance de 1984 A Insustentável Leveza do Ser, qualificando tal modelo político como kitsch, uma estação intermédia entre o ser e o olvido.

Retirado de Respublica, JAM

Kun, Bela (1886-1937)

Revolucionário profissional comunista húngaro. Treinado em Moscovo. Lidera a revolta comunista húngara de 1918. Derrotado por Horthy em Março de 1929. Passa para o exílio na URSS onde terá sido assassinado por ordem de Estaline.

Retirado de Respublica, JAM

Kulturkampf (1871-1879)

O mesmo que luta pela civilização. Designação do período de 1871-1879 na Alemanha, quando Bismarck, apoiado pelos liberais, empreendeu uma série de reformas laicistas. Os católicos reagiram, especialmente depois das chamadas Leis de Maio de 1873, com o apoio do papa Pio IX. As tensões só foram esbatidas depois da eleição do papa Leão XIII.


Retirado de Respublica, JAM


Kujawski, Gilberto de Melo (n. 1929)

Liberal brasileiro da actualidade, influenciado por Ortega y Gasset. Considera que o liberalismo é, sobretudo, um estilo de vida, uma praxis, típica do mundo ocidental, porque uma porção da pessoa deve estar livre da jurisdição pública. Neste sentido, o liberalismo é anterior ao aparecimento da própria ideologia liberal. Começou como prática e só depois é que se transformou em ideologia. Aliás, antes de ser uma questão política era uma ideia radical sobre a própria vida. Adepto do liberalismo social, invocando Gasset, para quem o liberalismo era a organização social da liberdade, pelo que defende a existência da um Estado sólido, necessário para a defesa da liberdade.

Retirado de Respublica, JAM

Kuhn, Thomas Samuel (1922-1996)

Filósofo da ciência norte-americano. Forma-se em fisica. Introduz o termo paradigma na análise do desenvolvimento histórico da ciência. Considera que toda a ciência obedece a um paradigma, a uma visão do mundo sancionada pela comunidade científica, o que requer inevitavelmente um acto de fé. Porque não há fundamentos racionais para a escolha entre os múltiplos paradigmas disponíveis, dado que muitos deles podem resolver uma série de problemas. Há, assim, uma ciência normal, quando se dá a aplicação estável de um paradigma. Salienta também que a ciência normal, que obedece a esse paradigma, quando as anomalias se acumulam, é derrubada por uma revolução científica, da qual surge um novo paradigma. O progresso científico dá-se quando surgem as tais anomalias, fenómenos que o paradigma não consegue explicar, pelo que se inicia uma revolução científica em busca de um novo paradigma, o qual, quando é adoptado pela comunidade científica, produz o progresso científico. Considera, portanto, que há uma descontinuidade no progresso científico, com longos períodos de normalidade, quando conduzidos inteiramente no interior de um paradigma dominante, a que se sucedem as perturbações ocasionadas pelas revoluções centíficas.

Retirado de Respublica, JAM

Kropotkin, Piotr Alexeivitch(1842-1921)

Político russo. Exila-se na Suíça em 1872. Regressado à Rússia em 1874, é preso, mas evade-se em 1876, passado ao exílio. Chega a estar preso em França de 1882 a 1886. Regressa à Rússia em 1917, insurgindo-se contra o leninismo, acusando-o de enterrar a revolução. Assume um anarquismo comunalista, mutualista e solidarista. Defende uma sociedade baseada na lei da solidariedade e da ajuda mútua, ou entreajuda, porque o homem tem predisposição natural para ela. Adopta o comunalismo, defendendo a comuna como proprietária de todos os meios de produção. Considera que a política deve ser norteada por ideias morais, por aquilo que qualifica como o progresso moral da nossa raça. Traduzido para português por Afonso Lopes Vieira.

Retirado de Respublica, JAM

Krizhanitch, Yuri (n. 1617)

Iniciador do movimento eslavófilo. Sacerdote católico croata, que vem para a Rússia em 1647, autor de umas Considerações Políticas, escritas por volta de 1650, talvez o primeiro manual do pan-eslavismo, onde se referem os eslavos como o jovem povo do futuro, dado serem marcados pela espiritualidade. Já então defendia a união de todo o povo eslavo sem Estado (sérvios, croatas, búlgaros, checos e polacos), insurgindo-se contra a moda da xenomania, então dominante na Rússia, onde as famílias ilustres tentavam, através de uma genealogia inventada, encontrar um qualquer antepassado prussiano ou inglês. Ao mesmo tempo, criticava as teses da Terceira Roma adoptadas por Ivan IV: não se contentando com o poder que adquiriu, o czar Ivan procurou as vaidades da glória e os aduladores gregos fabricaram-lhe contos ridículos segundo os quais Moscovo era a Terceira Roma e ele mesmo um herdeiro do imperador Augusto. Um dia Deus castigará a Rússia por essas pretensõe.

Retirado de Respublica, JAM

Krisis (Die) der europäischen Wissenschaften” 1935 - 1936

Edmund Husserl critica o modelo positivista dominante, baseado na regra da evidência, considerada um preconceito e um engodo. A ciência positivista considera que apenas é possível uma ciência dos factos puros e simples, baseando-se na matematização da natureza, oriunda de Galileu, onde a natureza é idealizada sob a inspiração da nova matemática. Surge também uma naturalização do espírito, mas não é pelo facto de reflectir-se que se define a relação entre o objecto e o pensamento, mas pelo sentido do objecto e da sua existência. O positivismo gera dois erros complementares e simetricamente inversos: o objectivismo fisicista, ou materialismo mecanicista, e o subjectivismo transcendental, de Kant.

Retirado de Respublica, JAM

Kriegel, Blandine Barret

Professora francesa, formada em filosofia e investigadora do CNRS. Colaboradora do Institut d'Études Politiques de Paris. Professora na Universidade de Paris X- Nanterre. De origens judaicas, assume a tradição do estatismo republicano francês, assumindo a defesa do Estado de Direito, na linha kantiana. Procura demonstrar, contra o pensamento germânico, o carácter inovador do direito político moderno. Considera que o Estado de Direito nasceu em ruptura com o Império e o regime senhorial, como organização de um espaço público unificado onde o poder público foi sujeito à lei e limitado pelos direitos individuais.

Retirado de Respublica, JAM

Krause, Karl Christian Friedrich (1781-1832)

Se com Hegel o idealismo alemão atinge as culminâncias abstractas do conceito de Estado, cabe a Krause, proceder ao respectivo enquadramento numa estrutura eclética, mais susceptível de vulgarização, sobretudo entre os que não podiam aceitar a disciplina da pura dialéctica.


Krausismo


Ideologia baseada nas teses de Krause, difundida na Europa pelas obras de Heinrich Ahrens (1808-1874) e Tiberghien (1819-1901). Teve particular destaque na Península Ibérica, onde coincidiu com uma forma moderada de liberalismo. Em Portugal, salienta-se Vicente Ferrer de Neto Paiva. Em Espanha, Julián Sanz del Rio. Influencia também o Brasil, principalmente a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Aqui, os principais cultores são Galvão Bueno (1834-1883) e João Theodoro Xavier (1820-1878), autor de uma Teoria transcendental do direito (1876), sendo um dos precursores do chamado "direito social", ou "direito trabalhista" no Brasil.

Retirado de Respublica, JAM


"Filósofo alemão (Eisenberg, 4 de maio de 1781 - Munique, 27 de setembro de 1832).

Foi professor em Jena (1802), Göttingen (1823) e Munique (1831). A filosofia de Krause pretendia ser uma continuação autêntica do pensamento de Kant, contra o que ele considerava as falsas interpretações de Fichte, Schelling e Hegel. Para Krause, Deus, conhecido intuitivamente pela consciência, não é uma personalidade mas uma essência que contém o

próprio universo. Mas isso não significa que Krause aceitasse a designação de panteísmo pois não identifica Deus com o universo, mas antes considera o mundo como mundo-em-Deus.

O homem e o universo formam um todo orgânico feito à imagem de Deus e a vida do todo se desenvolveria segundo uma lei perfeita. Para Krause, haveria na humanidade a unidade do Espírito e da Natureza. A humanidade compõe-se de seres que se influenciam reciprocamente e estão vinculados a Deus. Os períodos históricos seriam etapas sucessivas da ascensão a Deus, que culminaria com uma humanidade racional. Essa concepção aplica-se sobretudo à ética e à filosofia do direito.

Krause rejeita a teoria absolutista do Estado e ressalta a importância das associações que considera de finalidade universal: a família e a nação. O ideal da humanidade não seria que um Estado dominasse os demais, mas que se constituísse uma federação das associações universais, sem prejuízo para suas peculiaridades. Através do processo federativo chegar-se-ia gradualmente ao ideal de uma humanidade unida, cujos membros poderiam participar da razão suprema e do bem.

Krause desenvolveu esse conceito de "união da humanidade" (Menschheitsbund) a partir das idéias da maçonaria.

Entre suas obras, pode-se destacar:

  • (1803) Fundamento do direito natural;
  • (1804) Esboço dos sistemas da filosofia;
  • (1810) Sistema da doutrina moral.

O pensamento de Krause teve sua maior difusão na Espanha, devido especialmente aos trabalhos de Sanz del Rio."

Foto e texto 3 retirados da Wikipédia

Kosovo

Unidade integrante da Sérvia, onde dominam os albaneses.

Retirado de Respublica, JAM

"O Kosovo (sérvio Косово [Kosovo], albanês Kosova) é uma província da Sérvia, sendo atualmente administrada pela ONU. Sua capital é Priština/Prishtinë.


A maior parte da população do Kosovo é de origem albanesa. Existe uma minoria sérvia.

O presidente da província é Fatmir Sejdiu, do partido LDK (Lidhja Demokratike e Kosovës - Liga Democrática do Kosovo). O primeiro-ministro é Agim Çeku, do partido AAK (Aleanca për Ardhmërinë e Kosovës - Aliança para o Futuro do Kosovo), no Brasil, é representado por Engjëll Koliqi, que será o Embaixador de Kosovo assim que for internacionalmente reconhecido como um país.


História


Foi parte do Império Otomano entre 1389 e 1912. A região esteve sob a dependência de Skopje tendo constituído uma província separada apenas em 1877.

Em 1912, apesar de ser uma zona de maioria albanesa, foi integrada na Sérvia e não ao principado da Albânia, criado naquele ano. Ocorreram rebeliões albanesas entre 1878 e 1881 e entre 1918 e 1924. Entre 1941 e 1944 foi anexada à Albânia, sob ocupação italiana. Após a reintegração na Iugoslávia tornou-se região autónoma, mas integrada na república da Sérvia.


Em 1991 declarou a independência, que não foi reconhecida pela comunidade internacional. A tensão entre separatistas de origem albanesa e o governo central da Iugoslávia, liderado pelo presidente nacionalista Slobodan Milosevic aumentou ao longo de 1998. No ano seguinte, líderes iugoslavos e da comunidade albanesa em Kosovo e representantes das principais potências mundiais foi formado para negociar um acordo de paz que colocasse fim aos conflitos entre os guerrilheiros do ELK e as forças iugoslavas de Slobodan Milosevic, mas a reunião em fevereiro de 1999, na região no castelo de Rambouillet, na França, fracassou.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte, dando início à Guerra do Kosovo. A Otan atacou alvos iugoslavos, seguiram-se os conflitos entre a guerrilhas albanesa e as forças sérvias e se formou um grande número de refugiados.

Em 3 de junho de 1999, líderes ocidentais e iugoslavos chegaram a acordo para o fim à guerra. Em 10 de junho, foi assinado o acordo para encerrar o conflito.

Dados demográficos

A população é composta em sua maioria por albaneses (estimado em 80% antes do conflito internacional de 1999, mas agora o percentual subiu devido a políticas de limpeza étnicasérvios e outras etnias não-albaneses). A ONU estimava em 2002 uma população entre 1,7 a 2,3 milhões de habitantes:
contra
  • 88% albaneses kosovares (1.996.000 – 2.072.000)"
Texto 2 e fotos retirados da Wikipédia