Mills, C. Wright (1915-1962)
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Foto picada de WrightMills.Org
Tentativa de compilação, dentro do espaço académico de língua portuguesa, de todas as informações que, nas Ciências Sociais, contribuam para a edificação do sistema teórico-conceptual da Politologia, como lugar para continuar a pensar e reescrever a Política! Sem mitos xenófobos! Sem reducionismos ideológicos! Oxalá!
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Vai proceder a uma revisão das teses utilitaristas, acrescentando um novo critério à quantidade dos prazeres: a qualidade dos prazer. Um homem de qualidades superiores tem de procurar prazeres superior. Acrescenta que a felicidade que os utilitaristas procuram para critério da moralidade da conduta não é apenas a felicidade pessoal do agente, mas a de todos os interessados, dadno como exemplo a máxima de Cristo do ama o teu próximo como a ti mesmo.
vai conciliar positivismo e utilitarismo
apelava para não "nos limitarmos a olhar a superfície das instituições políticas", onde "nem sempre nos aparece a força preponderante".
"O governo é, aomesmo tempo, uma grande influência que age sobre a mente humana e um conjunto de arranjos para a realização dos negócios públicos"
"A espécie humana ganha mais em deixar cada homem viver como lhe apetece; sem o obrigar a viver como os outros querem"
Defesa da participação política
A participação política, onde inclui a própria defesa do sufrágio feminisno, constitui uma maneira de fazer sair o indivíduo se si mesmo e do círculo dos seus intereses privados para o pôr em relação activa com os outros.
Considera que o utilitarismo de Bentham, ao defender a maior felicidade para o maior número, acaba por privilegiar o social e o democrático, com prejuízo do individual e do liberal, levando ao "despotismo da sociedade sobre o individuo". Neste sentido, vai procurar os princípios fundamentais dos fundadores do liberalismo, como os da tolerância, defendido por Locke, salientando que a liberdade é procurar o nosso próprio bem à nossa própria maneira, mas de tal forma que não tentemos privar os outros da liberdade deles ou entravar os respectivos esforços para a obter.
Educação moral da sociedade
Contra o utilitarismo considera que "em política a escolha das instituições políticas é mais uma questão de moral e de educação do que uma questão de interesses materiais". Para ele "não há razão para que todas as experiências humanas sejam construídas sobre o mesmo modelo ou sobre um pequeno número de modelos. Se uma pessoa possui qualquer razoável quantidade de senso comum e de experiëncia, a sua própria maneira de organizar a respectiva existência é a melhor, não porque seja a melhor em si mesma, mas porque é a sua". Neste sentido, em lugar do intervencionismo do Estado, considera preferível uma educação moral da sociedade que leve os homens a associar‑se e a entreajudar‑se. Há assim um valor educativo da democracia, entendido como um meio de se cultivar o espírito público e a inteligência política.
As elites
Procura conciliar o princípio de governo do povo com a ideia de autonomia das elites, nomeadamente a possibilidade dos mais sábios poderem ser chamados ao governo, esses dois grandes elementos de que depende um bom governo e que visa combinar de forma mais ampla possível, as vantagens que derivam do juízo independente de um pequeno número particularmente instruído, com o grau mais elevado de segurança para esse objectivo que consiste em tornar esse pequeno número responsável perante todos.
Defesa das minorias e da diferença
Como Tocqueville, teme o despotismo da maioria, considerando necessário o reforço dos direitos das minorias e até a valorização do excêntrico. Importa defender a diferença para se evitar a tendência para a uniformidade e a mediocridade. Porque a espécie humana não é infalível, torna-se, assim, indesejável a unidade da opinião. Só com a diferença e o próprio confronto das opiniões é que se consegue o progresso.
Contra a uniformidade
Salienta que não há nenhuma razão para que todas as experiências humanas sejam construídas segundo o mesmo modelo ou sobre um pequeno número de modelos. Se uma pessoa possuir uma qualquer quantidade razoável de senso comum e de experiência, a maneira dela organizar a respectiva existência é a melhor, não porque seja a melhor em si mesma, mas porque é a sua.
O método da verificabilidade
Antecipando Karl Popper, Stuart Mill considera que "há a maior diferença entre presumir uma opinião como verdadeira porque, tendo todas as oportunidades de ser contestada, não foi refutada, e a de afirmar a sua verdade a fim de não permitir a sua refutação". Assim salienta a necessidade da "maior disseminação possível do poder compatível com a sua eficácia; mas a maior centralização possível da informação e a difusão desta a partir do centro".
Com o mesmo autor, em Principles of political economy, de 1848, vai atingir‑se o apogeu da chamada Escola Clássica da economia, interseccionando‑se, no plano meramente económico, com o utilitarismo de Bentham e o positivismo de Comte.
Com ele se sistematizam um conjunto de leis que vão marcar o liberalismo:a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico (cada individuo procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria), a lei da concorrência, a lei da população, a lei do salário, a lei da renda e a lei da troca internacional (o país mais pobre e menos industrializado beneficia sempre com a liberdade do comércio).
Mill, no entanto, se é inteiramente liberal quanto à produção, defendendo o liberalismo concorrencial, considera que a justiça social, isto é a acção do Estado, pode intervir na distribuição :"a sociedade pode submeter a distribuição da riqueza às regras que lhe parecerem melhores".
O socialismo de Mill
Alguns falam mesmo num socialismo de Mill, particularmente visível nas suas propostas de reforma do direito das sucessões e da socialização da renda fundiária, fundando para o efeito uma Land tenure reform Association, em 1870, onde defendeu que "o problema social do futuro consiste em conciliar a maior liberdade de acção do indivíduo com o direito de todos sobre a propriedade das matérias primas que oferece o globo, e com uma participação de todos nos proveitos do trabalho comum".
"O único fim em que é legítimo que a humanidade, individual ou colectivamente, interfira com a liberdade de acção de outrem, é auto‑defesa... O poder só é legitimamente exercido sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra a sua vontade, quando estiver em causa o bem‑estar dos outros"
apelava para não "nos limitarmos a olhar a superfície das instituições políticas", onde "nem sempre nos aparece a força preponderante".
A ideia de nacionalidade
O utilitarismo positivista e demoliberal de John Stuart Mill (1806-1873) em Considerations on Representative Government, de 1860, considera que há nacionalidade onde se encontram homens unidos por simpatias comuns que não existem entre eles e outros homens, simpatias que os levam a agir de acordo, de muito melhor vontade do que o fariam com outros, a desejar que esse governo seja exercido por eles próprios ou por uma porção entre eles, pelo que considera ser uma condição necessária das instituições livres está na circunstância das fronteiras do governo coincidirem no seu conjunto com as fronteiras da nação.
Analisando as causas do aparecimento desse sentimento, salienta que o mesmo pode ter sido engendrado por diversas causas: é por vezes o efeito da identidade de raça e de origem; muitas vezes a comunidade de língua e a comunidade de religião contribuem para o fazer nascer; os limites geográficos, igualmente. Mas a causa mais poderosa de todas é a identidade de antecedentes políticos, a posse de uma história nacional, e, por conseguinte, a comunidade de recordação, o orgulho e humilhação, o prazer e o pesar colectivos ligam‑se aos mesmos incidentes do passado. Contudo, nenhuma destas circunstâncias é indispensável ou absolutamente suficiente por si só.
Obras do autor:
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Bibliografia sobre o autor:
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Retirado de Respublica, JAM
Publicado por Zé Rodrigo às 6:26:00 da manhã
Categorias temáticas: Para uma História das Ideias Políticas (de A a Z)
Mais uma lição de Economia Social,
Nesta escola que é o Jornal de Negócios
por João Borges de Assunção
Porém, a criação de valor é difícil de medir ou aferir. A contabilidade empresarial tem muita dificuldade em medir o valor criado. Na nossa economia, em que as empresas têm liberdade para entrar e sair dos mercados, os lucros são uma medida, imperfeita, imprecisa e de curto prazo, do valor criado para os accionistas de uma empresa no longo prazo.
Acresce que convém saber para quem se está a criar valor: para os accionistas, para os consumidores, para a sociedade ou para os gestores. Cada uma destas entidades vê de forma diferente o valor criado. Mas de uma forma ou doutra só vão sobrevivendo as empresas que criam valor suficiente que justifique os recursos que consomem. A sobrevivência e perenidade de uma empresa são um sinal de que tem feito coisas bem feitas através do tempo. Ou isso ou tem tido sorte, o que também é muito útil nos meios empresariais.
Convém ainda saber como é criado o valor. O que é que cada empresa faz que a torna útil aos outros? Cada empresa faz coisas diferentes e, dessa forma, contribui positivamente para a sociedade. Essa fórmula de criação de valor é muitas vezes difícil de perceber para as entidades externas, e mesmo para muitas das pessoas que constituem a organização.
A criação de valor não pode ser dissociada do conhecimento, da produtividade e da inovação. A evolução tecnológica vai modificando rapidamente a forma como cada empresa cria valor. Para a maior parte das empresas ficar parado significa criar cada vez menos valor. A partir de certa altura as empresas podem mesmo começar a destruir valor, isto é, a consumir mais recursos do que o valor dos bens e serviços que produzem. Nessa altura o normal é que as empresas saiam do mercado.
Uma melhor alternativa a sair do mercado é ir sempre melhorando a forma como se cria valor. Isso exige que a empresa, em particular a sua liderança de topo, tenha uma visão de futuro e uma estratégia para executar essa visão. Nesta perspectiva, o aproveitamento de regras especiais ou tratamento privilegiado podem dar lucro a uma empresa, mas dificilmente criam valor para a sociedade. É por isso que as alterações fiscais em benefício de uma determinada indústria, região ou classe profissional dificilmente pode criar valor. Quanto mais simples, uniformes e transparentes forem as regras vigentes numa sociedade, mais fácil é para as empresas focarem-se na criação de valor para a sociedade e não na forma como podem dobrar as regras a seu favor.
É a gestão de topo que deve assumir a responsabilidade se os objectivos organizacionais não forem atingidos. Passar a culpa para os colaboradores é indício de incompetência. Quando o líder de uma empresa já não sabe o que fazer para criar valor deve dar lugar a outro. É por isso que hoje a rotação de líderes empresariais é tão elevada. Os accionistas reconhecem rapidamente quando a criatividade e entusiasmo de um líder se esfumou.
Quando olhamos para o universo empresarial português temos de reconhecer que a estabilidade excessiva, quer nas empresas quer nas suas lideranças, sugere que há muitas oportunidades de mudar para melhor a liderança e a estratégia das empresas.
Também o Estado devia tentar perceber como cria valor para os cidadãos. Porém, ao contrário das empresas, em que o lucro é uma medida razoável da criação de valor, o Estado não tem nenhuma medida sintética do valor criado. Certamente que a diferença entre impostos cobrados e despesas efectuadas não reflecte o valor criado pelo Estado. Seria muito útil ao país que alguém percebesse o valor criado pelas despesas do Estado. Infelizmente, muitas despesas são assumidas sem qualquer preocupação com a criação de valor. Esta sim seria uma grande reforma. Passar a justificar a acção do Estado com uma resposta simples à seguinte pergunta: como é que esta medida cria valor para a sociedade portuguesa?
A preocupação com o valor não é uma questão de “economicismo”. É acima de tudo uma visão do mundo que centra a atenção dos líderes no essencial e importante em detrimento do mediático ou acessório."