quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Lapierre, Jean-William (n. 1921)

Sociólogo político francês. Professor em Aix-en-Provence.

bibliografia:

LAPIERRE,J.W. – Colónias de primatas,52,327.

LAPIERRE,J.W. – Sociedade global,vasta integração,47,297.

LAPIERRE,J.W. –Antropologia política,5,45.

LAPIERRE,J.W. –Modelo teórico,10,82.

LAPIERRE,J.W. –Poder e autoridade,54,345

Lapierre, Jean-William, LAPIERRE Evolucionismo (chefatura,cidade-estado,monarquia),78,522

Neste caso, estaríamos perante fenómenos de dominação/submissão, onde, segundo Jean-William Lapierre, há "comportamentos colectivos que exigem um ajustamento, uma concordância, uma sincronização dos comportamentos individuais". Há regulações homeostáticas (no voo das aves migratórias, num banco de peixes, numa colónia de insectos); há divisões de papéis em colónias de primatas que até têm certos símbolos linguísticos, embora ainda também homeostáticos. Nalgumas sociedades de mamíferos e primatas , onde há animais que "mandam" e animais que "obedecem", alguns chegam mesmo a referir a existência de "um fenómeno político anterior ao homem e às sociedades humanas". Mais ainda: que os próprios fenómenos de poder passaram do macaco para as sociedades de hominídeos caçadores que, por sua vez, os transmitiram aos homens modernos, correndo-se o risco de comparações entre a sociedade dos homens e a peckorder das "sociedades" das aves ou dos "machos dominantes". Jean-William Lapierre também parte desta distinção entre poder(puissance) e autoridade. Se no primeiro existem relações de dominação/submissão, observáveis tanto entre os homens como em certos primatas, já na autoridade a relação é de comando/obediência, típica dos homens. Para Jean-William Lapierre, "uma sociedade global pode ser considerada como um vasto fenómeno social total". Entende por tal "um conjunto concreto e singular de pessoas e de grupos no qual todas as categorias de actividade são exercidas e mais ou menos integradas". Trata-se do mesmo conceito que no século XVII se exprimia por "sociedade civil" e "corpo político" e que significa o mesmo que o inglês "polity" ou que aquilo que os marxistas entendem por "formação social". Segundo o mesmo autor, haveria cinco sistemas principais de sociedade global: sistema bio-social ou sócio-genético, equivalente à "comunicação de mulheres" do sistema de parentesco, segundo Lévi-Strauss; sistema ecológico ou socio-geográfico; sistema económico ou de "comunicação de bens e serviços"; sistema cultural ou de "comunicação de mensagens"; sistema político. Considera que o Estado é um aparelho ou organização dotado de uma legitimação através de leis, com uma determinada função ( política) e que se apoia sobre um conjunto (a nação). Considera que o sistema político é "o conjunto de processos de decisão que dizem respeito à totalidade de uma sociedade global", explicitando que o poder político é "a combinação variável da autoridade legítima (recurso ao consenso) e da força pública (recurso à coerção), que torna certas pessoas ou grupos capazes de decidir pela (e em nome da) sociedade global no seu conjunto e de exercer a autoridade a fim de executar as decisões tomadas". O ciclo de transição já passaria pela chefatura, - das sociedades que dispensa o poder político, - pela Cidade-Estado e pela Monarquia.

bibliografia:

· Essai sur les Fondements du Pouvoir Politique, Aix-en-Provence, Faculté de Lettres, 1968.

· Le Pouvoir Politique, Paris, Presses Universitaires de France, 1969.

· L'Analyse des Systèmes Politiques, Paris, Presses Universitaires de France, 1973. Cfr. trad. port. com pref. de João Jorge Ferreira Lourenço, Análise dos Sistemas Políticos, Lisboa, Edições Rolim, s.d..

· Vivre sans État? Essai sur le Pouvoir Politique et l’Innovation Sociale, Paris, Éditions du Seuil, 1977.

Retirado de Respublica, JAM