Sobre este capitalismo de Estado
Contra a aliança do capitalismo de Estado com o capitalismo dos pequeninos, a que dão nome social-democrata de socialismo
(...) "Há quem defenda uma mistura de capitalismo dos pequeninos com capitalismo de Estado, quando este aparece fragmentado por muitos pequeninos mais papistas do que o papa do micro-autoritarismo subestatal, sobretudo quando invocam a ciência certa, da teocracia com que lhe torceram o pepino, com "tudo o que digo é lei" e o "não estou sujeito à própria lei que faço"...
Capitalismo de Estado é o poder pelo poder: um mercedes preto, uma secretária de pau preto, bem como um motorista e uma secretária, de qualquer cor, mas de carne e osso, com muitos "yesmen" bendizendo os restos que vão escorrendo daquilo que devia ser do povo...
Capitalismo de Estado é comunismo burocrático: sentar os opositores como comensais à mesa do orçamento e manter o clientelismo, o nepotismo, as empresas de regime, o paráclito e a engenharia da cunha e a subsidiologia, até com discursos contra a corrupção. Basta enredar um qualquer desses pretensos fariseus do "olha para aquilo que eu digo, não olhes para aquilo que eu faço"...
Prefiro o velho aviso de Jaime Cortesão: ser fiel aos "factores democráticos da formação de Portugal", desde as "comunas sem carta" (expressão de António Sardinha), como são as freguesias, aos concelhos, essas formas de "polis" que levaram o Infante D. Pedro, no primeiro tratado de política em português, o "Livro da Virtuosa Benfeitoria", a qualificar o reino, ou república, depois dita Estado, como "um concelho em ponto grande".
E como ainda ontem disse a um ex-patrão dos patrões, quando me interpelava sobre este herculanismo, também seguiria a lição de Passos Manuel, reorganizando o mapa, mas de baixo para cima, para reduzir o desperdício da infuncionalidade. Utilizava a região administrativa no continente e fundia concelhos e freguesias de forma federativa, retomando a mentalidade girondina e não os códigos administrativos do absolutismo. Bastava um governo provisório alargado que regenerasse o setembrismo da patuleia que sempre foi proibida pelos vigilantes exógenos... Por enquanto, apenas estou num activo Vale de Lobos da sabática, cumprindo rigorosamente o espírito e a letra da lei, isto é, trabalhando mais!
Como Cortesão também ensinava, o castelhano é que segue Quixote. Nós somos mais do partido de Sancho Pança, mas precisamos de engenharia de sonhos, daquela "visão do paraíso" que não é da utopia mas do terráqueo, de um transcendente situado que não se confunde com a demagogia dos falsos sebastianismos. Porque cada um tem de começar por ser empresário de si mesmo, isto é, tendo uma ideia de obra que respeite as regras e promova manifestações de comunhão entre seus próximos, vizinhos e compatriotas. Estamos com sede de coisa pública, neste momento de esperança dos desesperados.
Capitalismo de Estado é saber que qualquer homem tem um preço. Há uns que se compram com honrarias, outros com amendoins. Os inimigos são os que preferem o antes quebrar que torcer. São hereges, dissidentes e inimigos do povo. Mesmo que transforme o antigo inimigo de ontem em amigo de hoje. Ele apenas era oposição com mentalidade de situação...
E Estado é dividir o mundo entre os superiores da ministerialidade, escolhidos pelos "boys", e os inferiores eleitos nas autarquias e nas regiões, para quem "no money for the boys". Tudo para "inglês" das "ratings" ver. Será o resultado do novo aconselhamento da agência de "lobby" ou cansaço da respectiva tradução em lusitano: "passos perdidos", que é nome parlamentar do "átrio"?"