Pós-revolução
Para Ortega y Gasset as revoluções são pós‑revolucionárias, porque uma revolução inteira é um processo dialéctico, em que a tese é dada por uma certa situação histórica, a antítese por uma ideologia que procura antepor‑se‑lhe, e, finalmente, a síntese, pela revolução em sentido restrito, em que se fundem numa unidade nova os elementos anteriores. É a diferença que separa a intenção dos resultados, a revolução da pós‑revolução. Com efeito, a Revolução francesa é mais Napoleão e Luís Filipe do que Robespierre ou Saint Just, tal como o liberalismo em Portugal é mais a moderação cartista do que o vintismo revolucionário. Foi o próprio Napoleão que declarou expressivamente: "a Revolução está encerrada; os seus princípios estão fixados na minha pessoa. O governo actual é o representante do povo soberano; não pode, pois, existir revolução contra o soberano". Do mesmo modo, Constant vale mais do que Rousseau. Era o primeiro que, aliás, a designava como "a nossa afortunada revolução", chamando‑lhe tal "mau grado os seus excessos, dado que me interesso só com os resultados".
Retirado de Respublica, JAM