quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Bernstein, Eduard (1850-1932)

Judeu alemão. Jornalista, membro do SPD desde 1871, cabendo-lhe a direcção do jornal do partido, Der Sozialdemokrat, de 1881 a 1890. Começa como amigo e companheiro ideológico de Engels. Exilado na Grã-Bretanha, de 1880 a 1901, é, depois, influenciado pelos fabianos e pela moral de Kant, lançando um processo dito de revisionismo. Afasta-se então da dialéctica hegeliana, assumindo um subsolo filosófico empirista e positivista. É um dos adversários de Bebel, líder do SPD, opondo-se também à ala esquerda de Rosa Luxemburg. Tem uma importante polémica com Kautsky, então um marxista ortodoxo, o qual considerava que o capitalismo se estava a estabilizar com a criação de monopólios e cartéis. Deputado em 1902-1906, 1912-1918 e 1920-1928. Abandona o SPD duarante a Grande Guerra, por se opor à participação no conflito. Iniciador do chamado revisionismo em nome do humanismo, invocando Kant em vez de Hegel. Critica os fundamentos materialistas e dialécticos de Marx. A consciência do homem não pode ser subordinada à matéria, sendo a fonte do conhecimento e da vontade. Se o homem desenvolver o conhecimento pode mudar o processo histórico: a necessidade só é cega na medida em que não é compreendida. Importa também reabilitar a moral, essa potência capaz de acção criadora. Bernstein assume assim um socialismo humanista (Châtelet) que está na base da social-democracia contemporânea. A tradução portuguesa de Bernstein em 1976 levou a que o mesmo fosse invocado oportunisticamente por alguns membros do PPD, como forma de réplica ao marxismo ortodoxo do PCP e como tentativa de combater a social-democracia do PS.
Retirado de Respublica, JAM