domingo, 8 de outubro de 2006

Esquerdismo

Esquerdismo é uma expressão derivada de "esquerda", que, no espectro político, se distingue e se opõe à "direita" ou conservadorismo. O nome esquerda surgiu com este significado na França devido ao fato de, nos Estados Gerais franceses reunidos em 1789, o Terceiro Estado (que clamava por reformas liberais, quando não mesmo revolucionárias), tomar os lugares à esquerda do rei, em virtude de os da sua direita já se acharem ocupados pelos representantes do clero e da nobreza.
Já expressão Esquerdismo, por sua vez, se refere aqueles que assumem uma posição de esquerda. No entanto, o marxismo ressignificou esta expressão para denominar por este termo uma corrente que surge no seu próprio interior.
Século XX até a extinção da URSS
Os esquerdistas alegavam se colocar do lado do povo, dos trabalhadores, assumindo, pois, posições socialistas ou comunistas. No sentido comum da palavra, esquerdismo é a posição daqueles que se contrapõem a direita. Mas, no sentido marxista, esta expressão ganha um novo significado, qualificando uma determinada corrente no interior do próprio marxismo. Assim, a expressão esquerdismo surge não como a posição daqueles que se contrapõem a direita e sim como uma radicalização da esquerdismo. É por isso que Lênin, considerado um homem de esquerda, quando não de extrema-esquerda, irá utilizar o termo "esquerdismo" de forma pejorativa. O esquerdismo, na concepção leninista, é um "infantilismo", marcado por um eticismo e radicalismo, que não se inspira na experiência russa e na tática leninista. A obra inaugural de Lênin, "O Esquerdismo, A Doença Infantil do Comunismo" era endereçada principalmente para os chamados comunistas de conselhos, Anton Pannekoek e Herman Gorter,mas também para a esquerda extra-parlamentar na Inglaterra, representada por Sylvia Pankhurst, e na Itália, representada por Amadeo Bordiga e a "Esquerda Comunista Italiana".
Os esquerdistas responderam a Lênin. Uma das primeiras respostas foi a de Herman Gorter, autor de Carta Aberta ao Camadara Lênin, no qual dizia que este fazia da experiência russa um modelo a ser seguido pelos comunistas de todo o mundo, sem observar as diferenças radicais entre a Rússia e a Europa Ocidental, por exemplo. Gorter acusa Lênin de oportunismo e rebate as várias teses leninistas que entravam em contradição com o verdadeiro "esquerdismo". Outros esquerdistas, como Pankhurst, Bordiga, Pannekoek também responderam a Lênin. Na década de 70, Denis Authier publicou uma resposta indireta em seu livro "Esquerda Alemã: Doença Infantil ou Revolução?" e David Cohn-Bendit, juntamente com seu irmão Gabriel Cohn-Bendit, que participaram ativamente da rebelião estudantil de maio de 68 em Paris, escreveu "O Esquerdismo, Remédio para a Doença Senil do Comunismo".
Do ponto de vista mais analítico, o sociólogo Richard Gombim escreveu "As Origens do Esquerdismo", na qual aborda o comunismo de conselhos e sua influência no surgimento do esquerdismo francês expresso pelo grupo Socialismo ou Barbárie, de Castoriadis, Lefort e outros, e da Internacional Situacionista,de Guy Debord e outros.
Na definição de Norberto Bobbio, ser de esquerda é lutar pela igualdade.
Características do Esquerdismo
Anti-parlamentar ou extra-parlamentar [Carece de fontes]
Anti-capitalistas
Anti-soviético (contra a União Soviética, considerada "capitalismo de estado")
Anti-social-democrata.
Estas características mostram que os esquerdistas recusam o reformismo e o parlamento (entre outros) [Carece de fontes] mas não seus aspectos programáticos positivos. Isto ocorre pelo motivo de que não existe consenso entre os esquerdistas em várias questões. Por exemplo, os comunistas conselhistas são anti-partido, mas a Esquerda Comunista Italiana, bordiguista, defende o partido-seita, extra-parlamentar. Assim, o que caracteriza o esquerdismo é, principalmente, sua recusa do parlamento e do processo eleitoral [Carece de fontes], da social-democracia e do bolchevismo, juntamente com o anti-capitalismo.
Retirado da Wikipédia