domingo, 8 de outubro de 2006

Revolução

Já Platão salientava que as formas boas de governação são as que imitam as formas originais, as que copiam ou preservam as normas originais. Também Aristóteles referia que o posterior, o que vem depois, é uma degenerescência face àquilo que estava antes, face ao anterior. Ambos consideram que anterior é melhor e que o posterior é pior, porque o que estava antes é sempre superior e mais perfeito. Por exemplo, a tirania é uma degenerescência face à realeza e a oligarquia uma corrupção da aristocracia. Daí a ideia de revolvere, isto é, cair para trás, que chegou à língua portuguesa através do francês révolution, que, em sentido etimológico, é um retrocesso do tempo, visando um recomeço e identificando-se com a ideia de regeneração.

Utilizando a definição de Albert Camus, a revolução é a inserção da ideia na experiência histórica, representa uma tentativa de modelar o acto sobre uma ideia, de moldar o mundo dentro de um caixilho teórico. Trata-se, segundo David Robertson, do mais dramático de todos os termos políticos, abrangendo, normalmente, a mudança violenta e total de um determinado sistema político, com directas implicações no ambiente, principalmente a nível do sistema social. Na sequência da ideia de revolução, importa referir a sucessiva procura de novos ciclos que talvez não passem de mais um reflexo da inevitável anaciclose que marca os revolucionários frustrados. Daqueles que, parecendo mudar, apenas voltam para trás, porque revolucionam em torno do próprio eixo, à procura da juventude perdida. Porque, conforme ensinam os manuais de léxico grego, anakylitikos é, precisamente, o que se pode virar, isto é, o que se pode ler da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, vivendo a angústia do eterno retorno. É o que acontece a todos os situacionismos quando perdem o inicial estado de graça e reconhecem que não conseguem cumprir as paixões que proclamaram, quando, enfranquecidos governo de esquerda passam a ser dominados por mentalidades de direita e impotentes governos de direita passam a ser dominados por complexos e fantasmas de esquerda. Condenados a ficar rigorosamente ao centro e putrefactos na raiz do sonho, duram por durar, antes de apodrecerem por dentro, face à falta de eficaz oposição.

Posted by JAM


Revolução

Do lat. revolvere, cair para trás. A revolutio em sentido etimológico é assim um retrocesso do tempo, visando um recomeço e identificando-se com a ideia de regeneração. Chega à língua portuguesa através do fr. Révolution. Para Camus, a revolução é a inserção da ideia na experiência histórica, representa uma tentativa de modelar o acto sobre uma ideia, de moldar o mundo dentro de um caixilho teórico. Trata-se, segundo David Robertson do mais dramático de todos os termos políticos, abrangendo, normalmente, a mudança violenta e total de um determinado sistema político, com directas implicações no ambiente, principalmente a nível do sistema social. Poucos são os movimentos desse teor que ganham dimensão mundial, salientando-se a revolução francesa, a revolução soviética e a revolução chinesa, bem como a atípica revolução fascista, enquanto uma revolução ao contrário. Em Portugal, podem assinalar-se, nestes últimos dois século, como momentos de revolução com implicações políticas e sociais de carácter duradouro, a guerra civil de 1828-1834, o 5 de Outubro de 1910, o 28 de Maio de 1926 e o 25 de Abril de 1974. Contudo, o perfil social e político subsequente a esses movimentos, estabeleceu-se sempre a posteriori, quando se estabilizaram os factores de poder. Mais importante do que o programa liberal foram as reformas de Mouzinho da Silveira. A I República estruturou-se principalmente com as reformas legislativas do Governo Provisório. E o 25 de Abril foi moldado pelas primeiras eleições gerais para a Assembleia Constituinte e pela emergência da Constituição. Acresce que em Portugal as grandes mudanças surgem quase sempre de cima para baixa, normelmente pela acção de um ministro ou de um chefe de governo, destacando-se os modelos de Pombal, Costa Cabral, Salazar e Cavaco Silva, que se assumem como reformadores. Algumas vezes resultam também de um prévio programa político, como o modelo administrativo e financeiro de Mouzinho da Silveira, o estilo de Rodrigo da Fonseca ou a Lei da Separação de Afonso Costa, para não falarmos do modelo pluralista da lei eleitoral de 1974 ou do princípio da separação de poderes da Constituição de 1976. Raramente são provenientes de uma ideologia prévia, quase empacotada, dado que domina o empirismo organizador com algum subsolo de ideias, quando estas se conseguem adequar a um modelo educativo prévio, longamente testado. Falham quase sempre os pretensos grandes educadores, como António Sérgio, sendo mais fáceis os que se oferecem como bons alunos de modelos dominantes na balança da Europa. Costa Cabral segue Guizot, Afonso Costa a III República Francesa; Salazar, o vaticanismo, o New Deal e o anticomunismo da Guerra Fria.


Revolução Evitada

Edmund Burke definiu a Revolução norte-americana como uma revolução evitada, não realizada. Esta perspectiva foi reassumida pela análise de Hannah Arendt ao movimento da independência americana, comparando-a com a Revolução Francesa. 108, 750.


Revoluções de esquerda


Para Jacques Maritain "não há revoluções mais terríveis que as revoluções da esquerda feitas por temperamentos da direita", tal como "não há governos mais fracos que os governos da direita dirigidos por homens da esquerda".

Retirado de Respublica, JAM

"A revolution (from the Latin revolutio, "a turn around") is a fundamental change in power or organizational structures that takes place in a relatively short period of time. Aristotle described two types of political revolution:

1. Complete change from one constitution to another

2. Modification of an existing constitution.[1]

Revolutions have occurred throughout human history and vary widely in terms of methods, duration, and motivating ideology. Their results include major changes in culture, economy, and socio-political institutions.

Scholarly debates about what does and does not constitute a revolution center around several issues. Early studies of revolutions primarily analyzed events in European history from a psychological perspective, but more modern examinations include global events and incorporate perspectives from several social sciences, including sociology and political science. Several generations of scholarly thought on revolutions have generated many competing theories and contributed much to the current understanding of this complex phenomenon. (...)"

Ver, sobre este último excerto, o artigo completo da Wikipedia