terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Campos, Ezequiel de (1874-1965)

Engenheiro pela Politécnica do Porto. Professor do Instituto Superior do Comércio e da Faculdade de Engenharia do Porto. Começa a carreira profissional como engenheiro de obras públicas em S. Tomé, de 1899 a 1911. Deputado à Constituinte de 1911. Ministro da agricultura no governo de José Domingues dos Santos, de 22 de Novembro de 1924 a 15 de Fevereiro de 1925. Era a novidade na equipa deste governo do cartel das esquerdas à portuguesa, trazendo Sarmento Pimental como chefe de gabinete. Assim, em 17 de Janeiro chega a apresentar uma proposta de lei de organização rural. Se A Batalha a considera como burguesa e comedida, ela sofre ataques de Nemo em A Época. Nela se previa o parcelamento das grandes propriedades agrícolas do Centro e do Sul, visando a constituição, em regime de propriedade privada, de unidades familiares. Em 4 de Fevereiro, no Senado, Ezequiel afirma que o problema de irrigação no Alentejo podia resolver-se com 250 000 libras tanto quanto custava sustentar meia dúzia de revolucionários civis, numa referência aos subsídios oficiais aos revoltosos do 5 de Outubro. Profundo crítico do controlo estadual das subsistências, já em 26 de Setembro de 1923, escrevia n’ O Primeiro de Janeiro: o governo pôs tabelas a tudo; andou a farejar os negócios ilícitos; proibiu o jogo; e fez o pão político. Mas a vida teimou em encarecer, a libra a subir em escudos, e a gente em concorrer às festas e romarias, como nunca. Depois do 28 de Maio, foi nomeado ministro da agricultura e interino do comércio em 3 de Junho de 1926, mas nunca tomou posse. Colaborador da Seara Nova, vincula-se ao salazarismo, sendo o precursor do lançamento das barragens hidro-eléctricas. Procurador à Câmara Corporativa logo em 1935. Ver João Conde Veiga, Ezequiel de Campos. O Homem e a Obra, Porto, 1993.
Retirado de Respublica, JAM