terça-feira, 2 de outubro de 2007

Qu'est ce q'une Nation?, 1882

Ernest Renan, numa célebre e celebrada conferência realizada na Sorbonne,em 11 de Março de 1882, e que constitui ponto de peregrinação obrigatória de todos quantos analisam teoricamente a questão da nação, "a existência de uma nação é,perdoem‑me esta metáfora,um plebiscito de todos os dias, como que a existência de um indivíduo,é uma afirmação perpétua de vida". Mais tarde,vem salientar que "o que constitui uma nação é ter feito grandes coisas no passado e querer voltar a fazê‑las no futuro". Renan queria , com efeito, opôr a nação,entendida como produto da história, à raça, mero produto da zoologia:"a história humana difere essencialmente da zoologia.A raça não existe aí da mesma forma como entre os roedores ou os felinos, e não se tem o direito de sair pelo mundo apalpando o crânio das pessoas e depois agarrá‑las pelo pescoço dizendo:'tu és do nosso sangue,tu pertence‑nos'.Fora dos caracteres antropológicos,existe a razão,a justiça,a verdade,o belo que são os mesmos para todos". Para ele "os países mais nobres,a Inglaterra,a Itália , a França são aqueles onde o sangue é mais misturado.Será a Alemanha , a esse respeito, uma excepção?Será ela um país germânico puro?Que ilusão!".

Retirado de Respublica, JAM