domingo, 4 de fevereiro de 2007

La Buona Societá. Sulla Riconstruzione della Filosofia Politica.

Obra de Vittorio Possenti (Milão, Vita e Pensiero, 1983), abrangendo os seguintes temas: a crise da filosofia política; política e filosofia política; ciência e filosofia na política; racionalidade do político; bem e valor; vicissitudes da filosofia política; cristianismo e política; formas e categorias políticas. Promove a ligação do neotomismo ao movimento de rabilitação de filosofia prática e da hermenêutica. Critica vivamente as escolas empírico-analíticas e as concepções positivistas da ciência livre de valores, conforme a perspectiva weberiana. Aproxima-se das teses de Eric Voegelin e Leo Strauss. "das acções dos homens,que não são necessárias,mas contingentes,porque livres" e que se distingue da filosofia especulativa,isto é,"um saber necessário daquilo que é necessário",como refere Vittorio Possenti. "com a prevalência do método sobre o objecto foi‑se perdendo a convicção,muito forte em S.Tomás e Aristóteles,segundo a qual, por exemplo, mesmo um conhecimento modesto àcerca das coisas supremas é muito mais importante do que o mais exacto e pormenorizado conhecimento sobre as coisas de menor importância".É que na filosofia clássica o pensamento situa‑se , não apenas antes da ciência e do conhecimento em geral, mas até antes da própria lógica. não só os métodos são pura e simplesmente reduzidos ao método,como o mesmo método passa de tal maneira ao primeiro lugar que se torna ,não já um instrumento necessário de busca da verdade ,mas o critério de toda a relevância e de toda a significatividade.As exigências do objecto são brutalmente descuradas,ao passo que o método é quem, em última análise ,determina o objecto e decide o que é relevante e o que não é""a investigação política contemporânea aparece como um universo caótico sem um centro de gravidade ,onde se acumulam indiscriminadamente informações sobre informações",aquilo que o próprio David Easton designa por hiperfactualismo. Possenti , outro dos entusiastas deste regresso a Aristóteles e S.Tomás,entende a filosofia política como filosofia prática, diversa da filosofia especulativa ,porque "uma ciência não de um qualquer operável,mas do operando ...um saber de ordem normativa" que "ilumina as ciências sociais dum duplo modo:intervém na formaçao e classificação dos seus conceitos de base;indica os fins com vista aos quais as ciências sociais se estruturam cientificamente e são aplicadas na prática"O mesmo autor considera a política como "ciência e saber",que compreende no seu seio a filosofia política,a teoria política e a ciência política empírica",pertencendo "ao âmbito das ciências do espírito e da cultura",dado que "não é uma arte empírica,mas conhecimento e saber".Para ele haveria uma ciência política com "C" maiúsculo,que corresponderia à filosofia política ,e uma ciëncia política com "c" minúsculo,que corresponderia à ciência política empírica,bem como ciência políticas,como a demografia,o direito,a economia política e a geografia,aquele conjunto de ciências que são necessárias para a condução da sociedade política e do Estado.Considera,nestes termos, que "o método empirico‑analítico pode ser útil na ciência política para um alargamento da base cogniscitiva à nossa disposição e para a classificação dos factos políticos". considera que "a sociedade política é uma comunidade de agir,orientada para um fim valorizado como bem e mantida pela tensão comum para o bem a que se dirige".Nestes termos considera que a política "não é produção mas praxis",é "a praxis onde perpetuamente se edifica a comunidade política,é o conjunto das realidades fundamentais que estão presentes em qualquer tipo de existência política:bem comum, autoridade, direito, povo""o Estado não é o todo da sociedade política,não se identifica com ela;mas uma parte dela,a mais elevada.O Estado pertence ao género sociedade, é uma sociedade,mas não é toda a sociedade política".a partir de Grócio vai teorizar‑se,de forma racional, o contrato social,surgindo,assim,uma nova forma de Estado , marcada pelo dualismo entre um imaginado estado de natureza e uma sociedade civil ou uma sociedade política, entendidas como sinónimos pelos jusracionalistas , onde "o natural não é político e o político não é natural" passa a ser legítimo "apenas aquilo que é acordado entre livres e iguais", fazendo‑se apelo a "uma legitimidade processual conceptualmente distinta da legitimidade substancial própria da filosofia clássica que a radicava numa determinada ideia do bem político e do justo natural" (cfr. trad. port. de Natércia Maria Mendonça, A Boa Sociedade. Sobre a Reconstrução da Filosofia Política, Lisboa, IDL - Instituto Adelino Amaro da Costa, 1986) →Possenti.
Retirado de Respublica, JAM