sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Bonapartismo

Pode ser entendido como movimento político histórico, como sistema de governo e como conjunto de ideias políticas. Como movimento político histórico, foi aquele que apoiou a eleição de Luís Napoleão em 1848. Como sistema de governo essa mesma personalidade da história francesa instituiu o centralismo como sistema de governo, com os representantes das províncias a serem nomeados pelo poder central, e adoptou o populismo, num misto de autoritarismo e soberania do povo. Guizot, um dos epígonos do movimento, defendeu a autoridade como garantia da revolução. De qualquer maneira, se admitiu formas de representação parlamentar, sempre as fez depender do poder policial e militar. Assumiu sobretudo o diálogo directo entre as massas populares e o líder, considerado um representante directo de uma soberania popular una e indivisível, utilizando frequentemente o sistema do plebiscito. O movimento está próximo do futuro gaullismo. O bonapartismo está assim próximo dos conceitos de cesarismo e usurpação. Há quem o alargue a outras experiências históricas, desde a de Napoleão I ao gaullismo, passando pelo próprio modelo da revolução a partir de cima gerada por Bismarck, salientando o facto de se assumir como uma ditadura modernizante. Em Portugal, alguns analistas políticos referiram o eanismo como um bonapartismo democrático.
A perspectiva de Evola
Giulio Evola considera o bonapartismo como aquele sistema de poder, diverso do elitismo e herdeiro dos condottieri da Renascença sempre que o chefe político considera que a respectiva autoridade deriva de um outro e não de um princípio superior, como o da autoridade ou da soberania, implicando distância face ao demos. Salienta que é o sentimento da distância que provoca nos inferiores a veneração, o respeito natural, uma disposição instintiva para a obediência e lealdade para com o chefe. Contrariamente, o chefe bonapartista ignora o princípio segundo o qual quanto maior for a base mais alto se deve manter o cume. Marcado pelo complexo da superioridade, precisa de manifestações, ainda que ilusórias, de que o povo o segue e aprova, onde o superior precisa do inferior para experimentar o sentimento do seu próprio valor e não o contrário, como seria normal.
Retirado de Respublica, JAM