sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Menos (Mínimo) Estado

Os críticos do Estado Providência de cariz neoliberal ou social-democrata antiplaneamentista começaram a falar nos anos oitenta em menos Estado, mais sociedade, propondo crescentes privatizações e desregulamentações, no âmbito da proclamada libertação da sociedade civil. Com efeito, passou a reconhecer-se que o novo modelo de Estado sofria de raquitismo. Que criou estruturas adiposas de gordura sem adequado músculo e calcificada ossatura, o que teria posto em causa as articulações e a própria estrutura óssea do corpo social. Contudo, ao mesmo tempo que se falava em menos Estado relativamente aos intervencionismos anteriores, eis que logo se clamava por um melhor Estado, isto é, por uma nova intervenção da esfera pública em domínios como os da qualidade de vida, do ambiente, do regionalismo e da descentralização visando responder às novas questões sociais.

Retirado de Respublica, JAM

Menger, Carl 1840-1921

Fundador da chamada Escola Psicológica de Viena, defensora do individualismo metodológico. Desencadeia a chamada Methodenstreit, ou discussão sobre o método, criticando as teses económicas da escola histórica alemã subscritas por Schmoller.
Marcado pelas teorias da utilidade marginal. Influencia Weber, Hayek e Popper. Tem como seguidores Friedrich von Wieser (1851-1926), Eugen Bohm-Bawerk (1851-1914) e John Bates Clarck (1847-1938). No plano económico, marca o neo-liberalismo da chamada Nova Escola Austríaca, com Ludwig von Mieses, Friedrich Hayek e o professor da London School of Economics, Lionel Robbins.


Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de Universalis

Meneses, Sebastião César de (m. 1672)

Bispo cortesão, à maneira de Richelieu e de Mazarino. Doutor em cânones. Deputado do Santo Ofício desde 1626, quando velasco Gouveia é preso. Conselheiro de Filipe IV, passa-se para D. João IV, depois de 1640. Secretário do Estado da Nobreza nas Cortes de 1641, sendo autor do assento da aclamação de D. João IV. Bispo do Porto, Coimbra e Braga depois de 1640. Escreve Suma Política, editada em Lisboa no ano de 1649 e em Amsterdão no ano seguinte. Preso de 1654 a 1656, acusado de ligações a Espanha. Com a regência de D. Luiza de Gusmão é reabilitado, chegando a ser nomeado embaixador em França. Apoia D. Afonso VI no golpe contra a regente. Depois, apoia o Conde de Castelo Melhor no golpe contra o conde da Atouguia. Em 1663 é nomeado inquisidor geral. Contudo, nesse ano, quando Évora chega a ser ocupada pelos espanhóis, vê a casa assaltada e é condenado ao desterro interno. Em 1669, depois do reatamento de relações com Roma, é esbulahdo de todos os cargos eclesiásticos que detinha. Considera que o Rei, e o Reino, formam um corpo político entre si; ambos vivem com o mesmo espírito, se não por união, ao menos por recíproca dependência. Assim, o estado bem fundado na disciplina militar, resiste facilmente às próprias rebeliões, com dificuldade se deixa vencer das armas estranhas, e com algum cuidado pode estender seus limites. Neste sentido, salienta que a prudência é seguir os costumes dos maiores que o tempo e experiência tem qualificado e que o vassalo cumpre com sua obrigação sendo bom, mas o Principe deve sê‑lo e parecê‑lo. A razão é a "alma da política" e "a Razão de Estado é uma arte". Ora, "quando cada um se governa a si mesmo, se dá a Ética; quando a família, a Económica; quando República ou Reino, a Política. As duas primeiras, se ocupam em coisas particulares, e domésticas; a terceira nas coisas públicas, e comuns. Porém, todas se respeitam, e unem com o mesmo vínculo; o homem se ordena para a família; a família consta de muitos homens; a República de muitas famílias. Subordinam‑se entre si estas artes, de modo que a ética se requere para a económica, a Económica para a Política". Deste modo, "a República é um corpo e congregação de muitas famílias sujeitas ao justo governo de uma cabeça soberana". Enquanto isto, a pátria é do corpo, a alma só tem por pátria o Céu, porém enquanto anima o corpo, é cidadão do mundo todo:porque aonde ama, aí vive como em pátria".

· Summa Política, oferecida ao Príncipe D. Teodósio de Portugal, Lisboa, 1649. 2ª ed. em latim, 1645; cfr. ed. port., Lisboa, Edições Gama, 1945, com estudo de Rodrigues Cavalheiro.

►Albuquerque, Martim, «Para uma Teoria Política do Barroco em Portugal. A “Summa Politica” de Sebastião César de Meneses», Porto, separata da Revista de História, 1979. } Torgal, Luís Reis, Ideologia Política e Teoria do Estado na Restauração, Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, 1982, tomo II, pp. 264 segs..

Retirado de Respublica, JAM

Mendizábal, Juan Álvarez (1790-1853)

Estava exilado em Londres desde 1819, por ter estado envolvido num processo de restauração da Constituição de Cádis. Chefe do governo espanhol isabelino, a partir de 14 de Setembro de 1835, durante oito meses. Responsável pelo decreto de 11 de Outubro de 1835 que suprimiu as comunidades religiosas, para permitir a venda dos conventos e conseguir fundos para os recursos de guerra contra os carlistas. Havia sido, a partir de Londres, o principal angariador de empréstimos para a expedição do nosso D. Pedro IV. Era um grande amigo de Silva Carvalho.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de fuenterebollo

Mendel, Gregor (1822-1884)

Monge austríaco que em 1865, depois de experiências com ervilhas na sua horta, descobre as leis da hereditariedade, ao considerar que as características que passam das plantas para os seus rebentos são matematicamente previsíveis. A tese então publicada (Experiências na Hibridização das Plantas), surgiu antes do tempo, não foi aceite e o seu próprio autor até desistiu das pesquisas logo em 1868. Vem a ser redescoberta em 1900 e hoje constitui a base da chamada revolução verde.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da Wikipédia (ver artigo)

Menchevique

(do russo mencheviki, minoria). Corrente minoritária surgida em 1906 no seio do partido operário social-democrata da Rússia, em oposição dos bolcheviques, ou maioritários. Foi líder dos mencheviques G. Plekhanov (1856-1918).

Retirado de Respublica, JAM

Menchaca, Fernando Vásquez de (1512-1569)

Jurista católico que faz a ponte entre o nominalismo de Ockham e o direito natural profano de Grócio e Pufendorf, considerando que o último fundamento do direito natural é a vontade de Deus. Idêntica postura foi assumida por Lutero e por Calvino, chegando este último a colocar a vontade de Deus, qualificado como roy e prince souverain, dotado do romanista princípio do princeps a legibus solutus, como o fundamento de todo o direito: o que Ele quer tem de ser considerado justo, porque Ele o quer. Aceita um ius maiestatis, reconhecendo que a razão e a natureza condicionam o poder ao serviço da comunidade, pelo que aquele não é absoluto face ao direito, nem ilimitado, constituindo mero poder preeminente e universal, para dispor de tudo quanto conduza à conservação e saúde da alma e do corpo da república. Acentuando o carácter laico e pactista do poder políticooobserva: assim como um contrato é o convénio de dois ou mais indivíduos sobre o mesmo assunto, assim a lei é o consentimento de muitos cidadãos numa mesma vontade. Acrescenta que depois de quase todas as regiões do mundo admitiram e receberam esta instituição de príncipes e jurisdição, então e não antes começaria a ser de direito das gentes... Todos os principados profanos e todas as jurisdições podem cair em desuso, da mesma maneira que com frequência podem e costumam cair em desuso as restantes coisas nascidas do direito das gentes secundário.

Retirado de Respublica, JAM

Memória do sofrimento

Segundo os teólogos da libertação, a força da libertação provém da memória do sofrimento, tal como colonizar é proibir recordações, evitar a memória e, consequentemente, impedir a identidade e a autonomia do colonizado. *Metz considera que a dinâmica essencial da História é a memória do sofrimento, como consciência negativa de liberdade futura e como estimulante para agir, no horizonte desta liberdade, de modo a superar o sofrimento. Uma memória do sofrimento que força a olhar para o “theatrum mundi” não só a partir do ponto de vista dos bem-sucedidos e arrivistas mas também do ponto de vista dos vencidos e das vítimas.

Retirado de Respublica, JAM

Memória

Sítio do sistema político, onde, segundo Karl Deutsch, se confrontam mensagens do presente com informações recuperadas do passado, constituindo a fonte da individualidade e da autonomia. Individualidade enquanto identidade, levando à existência de um povo entendido como uma comunidade de significações partilhadas. Autonomia que se traduz na capacidade de se utilizarem informações do passado para se decidir no presente. Da soma do ambiente com a memória é que surge a decisão. As informações podem ser recordadas e retroactivadas para decisões do presente.

Retirado de Respublica, JAM

Mémoire sur la Science de l’Homme, 1813

Obra de Saint-Simon, de 1813. Aí se estabelece aquilo que Comte vai transformar em lei dos três estados, dado que pretende descobrir a lei segundo a qual há uma lei da civilização que comanda a passagem do sistema feudal e teológico ao sistem industrial e científico, com o abandono do sistema de transição dominado pelos legistas e metafísicos.

Retirado de Respublica, JAM

Memel

(Klaipeda) Região actualmente lituana que a Alemanha foi obrigada a ceder em 1919; era maioritariamente alemã, sendo recuparada por Hitler em 1939.

Retirado de Respublica, JAM


"Klaipėda (em alemão, Memel ou Memelburg; em polaco, Kłajpeda) é o único porto de mar da Lituânia no Mar Báltico. Tem 194400 habitantes (dados de 2002), tendo decrescido de 202900, em 1989. Nos dias de hoje, Klaipėda é um grande porto de ferries com ligações com a Suécia, Dinamarca e Alemanha. Está situado junto à foz do rio Neman."

"O Neman (em alemão Memel) é um rio do leste da Europa. A sua nascente situa-se na Bielorrússia. Seu fluxo se estende pela Lituânia antes de desaguar na Lagoa de Curonian."

Mapa e texto 2 retirados da Wikipedia

Melo, Pedro Homem de (1904-1984)

Advogado e poeta. Folclorista. Assume-se como monárquico.

Retirado de Respublica, JAM

"Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello (Porto, 6 de Setembro de 1904 - Porto, 5 de Março de 1984). Poeta, professor e folclorista.

Nasceu no Porto, em 1904, no seio de uma família fidalga, filho de António Homem de Mello e de Maria do Pilar da Cunha Pimentel, tendo desde cedo sido imbuído de ideais monárquicos, católicos e conservadores. Foi sempre um sincero amigo do povo e a sua poesia é disso reflexo. O seu pai, pertenceu ao círculo íntimo do poeta António Nobre.

Estudou Direito em Coimbra, acabando por se licenciar em Lisboa, em 1926. Exerceu a advocacia, foi subdelegado do Procurador da República e, posteriormente, professor de português em escolas técnicas do Porto (Mouzinho da Silveira e Infante D. Henrique), tendo sido director da Mousinho da Silveira. Membro dos Júris dos prémios do secretariado da propaganda nacional. Foi um entusiástico estudioso e divulgador do folclore português, criador e patrocinador de diversos ranchos folclóricos minhotos, tendo sido, durante os anos 60 e 70, autor e apresentador de um popular programa na RTP sobre essa temática. Pedro Homem de Mello casou com D. Maria Helena Pamplona e teve dois filhos, Maria Benedicta, que faleceu ainda criança e Salvador Homem de Mello, que faleceu sem deixar desccendência poucos anos após o seu pai.

Foi um dos colaboradores do movimento da revista Presença. Apesar de gabada por numerosos críticos, a sua vastíssima obra poética, eivada de um lirismo puro e pagão (claramente influenciada por António Botto e Federico García Lorca), está injustamente votada ao esquecimento. Entre os seus poemas mais famosos destacam-se Povo que Lavas no Rio (imortalizado por Amália Rodrigues), Havemos de Ir a Viana e O Rapaz da Camisola Verde.

Afife (Viana do Castelo) foi a terra da sua adopção. Ali viveu durante anos num local paradisíaco, no Convento de Cabanas, junto ao rio com o mesmo nome, onde escreveu parte da sua obra, "cantando" os costumes e as tradições de Afife e da Serra de Arga.

  • Danças De Portugal
  • Jardins Suspensos (1937)
  • Segredo (1939)
  • A Poesia Na Dança E Nos Cantares Do Povo Português (1941)
  • Pecado (1943)
  • Príncipe Perfeito (1944)
  • Bodas Vermelhas (1947)
  • Miserere (1948)
  • Os Amigos Infelizes (1952)
  • Grande. Grande Era A Cidade (1955)
  • Poemas Escolhidos (1957)
  • Ecce Homo (1974)
  • Poesias Escolhidas (1987)
  • E ninguém me conhecia, Lisboa, Campo da Comunicação, 2004 (Selec. de Poemas por Manuel Alegre e Paulo Sucena)
  • Poesias Escolhidas, Lisboa, Asa, 2004 (selec. e pref. de Vasco da Graça Moura)
  • Eu, Poeta e tu, cidade, Quasi Edições, 2007."
Texto 2 retirado da Wikipédia

Melo, D. Francisco Manuel de (1608-1666)

Militar, político e literato. Nasce em Lisboa. Estuda no Colégio de Santo Antão. Entra na Corte de Madrid em 1636. Desempenha uma missão militar na Flandres e em Lovaina entra em contacto com o tacitismo de Justus Lipsius. Nomeado chefe de estado maior do exército na guerra de Filipe IV contra a revolta da Catalunha. Foge, entretanto, para Portugal, onde apoia a Restauração. Preso em 1646, durante longos onze anos. Em 1655 vai para o Brasil, regressando a Lisboa no ano seguinte. Amigo do conde de Castelo Melhor, obtém perdão de D. Afonso VI. Enviado a Roma, regressa em 1665. Considera, na Carta de Guia de Casados, que "a Política entende sobre o governo das Cidades, Reinos e Impérios mas de tal maneira, que a economia requer Política, e a Política Económica; porque o Reino é casa grande, e a casa reino pequeno; e a ética necessita da Política, e da economia, porque o homem é um mundo inteiro".

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da Wikipédia

Melo Freire dos Reis, Pascoal José de (1738-1798)

Um dos principais teóricos do absolutismo pombalista, defendendo aquilo que designa por monarquia pura e considerando como um sonho todos os chamados privilégios da nação e salientando que o chamado pacto social é um ente suposto que só existe na imaginação alambicada de alguns filósofos. Para ele, os nossos Principes não devem a sua autoridade ao povo, nem dele receberam o grande poder que hoje e sempre exercitaram. Neste sentido, considera que o poder do rei tem de ser ilimitado: em Portugal não há lei alguma ...que limite o poder do Rei e que dê parte no seu governo por alguma maneira ao povo,nobres ou ecclesiásticos...a majestade só reide na pessoa do Rei,como é da natureza do principado. Até porque o reino de Portugal, como não veio ao Rei, por doação ou translacção dos povos, mas pelo direito do sangue e da conquista, ficou desde sempre pertencendo ao seu livre império e administração. Salienta que D. João IV adquiriu assim por sufrágio popular, não o poder que já lhe pertencia, mas a sua posse, não a soberania que já ostentava, mas o seu exercício. Refere mesmo que constitui uma inépcia extraída da infame e funestíssima seita dos monarcómanos aquilo do intróito e proémio das referidas Cortes que se lê no opúculo de Francisco Velasco...que o povo pode eleger e depôr o rei, que o poder do rei parte do povo, e que este algumas vezes pode, se as circunstâncias o impuserem, assumir e reinvidicar para si a soberania que a princípio conferiu ao rei.

Retirado de Respublica, JAM

Melo, António Maria Fontes Pereira de (1819-1887)

Depois de concluir o curso naval, serve no Real Corpo de Engenharia. Maçon, do mesmo grupo que Rodrigo da Fonseca, a loja Segredo, do Oriente Escocês, entre 1840-1841 e 1850. Secretário do governador de Cabo Verde, João Fontes Pereira de Melo, seu pai em 1840. Ajudante de campo de Saldanha na Maria da Fonte. Chefe dos regeneradores. Governador da Companhia Geral do Crédito Predial Português desde 1881. Morre em 27 de Janeiro de 1887. Aquele que até 1871 era depreciativamente considerado como o fontículo, consegue, pelo equilíbrio e pelo pragmatismo, captar uma ampla base social e política de apoio, com breves referências doutrinárias. Dizia-se liberal e conservador, mas desdenhava a restauração, apesar de herdar alguma coisa do estilo de Costa Cabral e de praticar muita da matreirice de Rodrigo da Fonseca. Se consegue mobilizar avilistas e constituintes, provoca também que os reformistas e os históricos se congreguem numa oposição progressistas que assume a bandeira da memória liberal, gerada pelo setembrismo e pela patuleia. E permite que muitas ideias novas se grupusculizem, desde os novos católicos do grupo A Palavra, aos socialistas e republicanos. O vulcão das novas ideias políticas europeias, perante a estabilidade governativa portuguesa consegue aqui entrar pelo puro prazer das ideias pensadas, gerando-se movimentos que nascem dos princípios e das abstracções e que têm tempo de adequação às circunstâncias. Com este governo, inicia-se um ciclo de estabilidade política. Se o primeiro governo de Fontes dura cerca de cinco anos e meio (1871-1876), não tarda um segundo governo do mesmo político, com cerca de dezasseis meses (1878-1879), depois de um breve intervalo de um governo de Ávila, com cerca de onze meses (1878). Entre os ministros de Fontes desses dois governos, destacam-se Rodrigues Sampaio, na pasta do reino, Andrade Corvo, nos estrangeiros e António Serpa, que substitui Fontes na pasta da fazenda, a partir de Agosto de 1872. São eles os três principais líderes dos regeneradores que, a partir de então, passam a identificar-se com o fontismo. Não tardará um novo ciclo de governação fontista entre 1881 e 1886.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da arqnet

Melhor Regime, Procura do

A remota origem do estudo da política no ocidente europeu radica na filosofia, principalmente na procura da cidade melhor (Kallipolis), da boa sociedade ou do melhor regime, quando a política era entendida como uma ciência arquitectónica que incluía no seu seio a religião e o direito. Para São Tomás de Aquino era o regime misto, onde o poder supremo está repartido pela comunidade e pelo rei, defendendo assim uma monarquia limitada, um regime misto de monarquia, aristocracia e democracia. A modernidade, de extracção maquiavélica, considerando a realização desse melhor regime como altamente improvável, tratou de baixar os níveis e de considerar que o melhor regime poderia ser realizado em qualquer parte. A partir de então, os maquiavélicos e os realistas trataram de chamar normativistas a essa procura. Mas o estudo da política precisa, com efeito, dessa especulação típica do ensimesmado, pensando no melhor regime, na boa sociedade, na polis melhor. Com efeito, a partir da modernidade, desencadeada com a Renascença, começa um longo processo de decadência da filosofia política, provocada pelas sucessivas ondas da modernidade que tiveram o epicentro em Maquiavel, desde o movimento da razão de Estado, laicizante, católica e protestante, a que se seguiram o iluminismo e o cientismo, para utilizarmos a metáfora de Leo StraussÖStrauss; Natural Rught and History

Retirado de Respublica, JAM

Melanchton, Philipp (1497-1560)

Discípulo de Lutero. Defende o aristotelismo e o direito natural, sendo particularmente influenciado por Erasmo. Admite a existência da escravatura. Considera que o poder político deve combater as heresias e advoga a existência de uma monarquia de direito divino, com a consequente obediência passiva dos súbditos. Contraria as teses do império universal, sendo um dos precursores do nacionalismo alemão. Autor do primeiro tratado teológico protestante, Loci Communes, bem como de Commentarii in aliquot Politicos libros Aristotelis, Commentarii in epistolam Pauli ad Romanos, Philosophiae moralis epitome e Prolegomena in officia Ciceronis.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de Historiantes

Meios de produção

Categoria marxista. O mesmo que forças produtivas. Para o marxismo ortodoxo as forças produtivas, os ditos meios de produção, bem como as relações de produção, isto é, os regimes económicos definidos pela propriedade dos meios de produção, esses dois elementos é que formam a infra‑estrutura económica de cada modo de produção. E seria esta infra‑estrutura geradora da chamada super‑estrutura, onde cabem as ideias, as instituições sociais, das quais se destaca o Estado.


Retirado de Respublica, JAM

Mein Kampf, 1924

Obra de Adolf Hitler, escrita na prisão, depois de falhado o golpe de Munique. Aí considera o Estado como simples forma cujo conteúdo é a raça. Salienta que o objectivo do Estado reside na conservação e desenvolvimento de uma comunidade de seres vivos da mesma espécie, física e mentalmente, e que os Estados que não correspondem a essa finalidade são fracassos, impondo‑se, portanto, a defesa da alma racial (Rassenseele). Refere que o fim supremo do Estado racista deve ser o de procurar a conservação dos representantes da raça primitiva, criadores da civilização, que fazem a beleza e o valor moral de uma humanidade superior. Nós, enquanto arianos, não podemos representar um Estado senão como organismo vivo que constitui um povo, organismo que não apenas assegura a existência desse povo, como ainda, desenvolvendo as suas faculdades morais e intelectuais, o faz atingir o mais alto grau de liberdade. O Estado não tem outro papel senão o de tornar possível o livre desenvolvimento do povo, graças ao poder orgânico da sua existência. Paradoxalmente tem uma concepção feita à imagem e à contraposição daquilo que ele considera a concepção judaica do Estado: o Estado judeu nunca foi delimitado no espaço; expandindo‑se sem limites no universo, compreende exclusivamente os membros de uma mesma raça. É por isto que este povo formou em todo o lado um Estado no Estado, até porque a religião de Moisés não é senão a doutrina de conservação da raça judaica. Assim, Hitler também considera que o Estado é um organismo racial e não uma organização económica onde o instinto de conservação da espécie é a primeira causa da formação de comunidades humanas, acreditando que nunca nenhum Estado foi fundado pela economia pacífica, mas sempre o foi pelo instinto de conservação da raça, tanto o heroísmo ariano gerando Estados marcados pelo trabalho e pela cultura, como a intriga geradora das colónias parasitas de judeus. Considera também que a burguesia separando a noção de Estado das obrigações para com a raça, abriu a porta a uma concepção que nega o Estado em si mesmo. E o Estado não é um fim, mas um meio. É, na verdade, a condição prévia para a formação de uma civilização humana de valor superior mas não é a sua causa directa. Esta reside exclusivamente na existência de uma raça apta à civilização. E os Estados que não visem directamente o desenvolvimento de uma comunidade de seres que, no plano físico e moral, são da mesma espécie são organismos defeituosos, criações abortadas. O facto de exisitirem nada significa, tal como os sucessos obtidos por uma associação de filibusteiros não justificam a pirataria. Porque a história do mundo é feita pelas minorias, sempre que as minorias de número encarnam a maioria da vontade e da decisão (cfr. trad. fr., Paris, Nouvelles Éditions Latines, 1934; trad. port. de Edições Afrodite-Fernando Ribeiro de Melo).

Retirado de Respublica, JAM

Megalomania

Do gr. megalos (grande) mais mania. Mania das grandezas. Michel Crozier em État Modeste, État Moderne, Paris, Fayard, 1987, refere a existência de um Estado Megalómano, daquele tipo de Estado que monopoliza o interesse geral, pelo que, gerando um vazio à sua volta, afasta boas vontades e torna impossível qualquer colaboração eficaz.

Retirado de Respublica, JAM

Medo

Do lat. metu, inquietação produzida pela eminância de um perigo, real ou aparente. Segundo Ferrero o Poder tem sempre medo dos sujeitos que comanda todos os Poderes souberam e sabem que a revolta é latente mesmo na obediência mais submissa, e que pode rebentar num dia ou noutro, sob acção de circunstâncias imprevisíveis; todos os Poderes sentiram-se e sentem-se precários na medida em que são obrigados a utilizar a força para se impor a única autoridade que não tem medo é a que nasce do amor.


Retirado de Respublica, JAM

Mediologia

Termo cunhado por Régis Debray em 1991, significando o estudo das vias e dos meios da eficácia simbólica, bem como das mediações materiais que permitem a um símbolo inscrever-se, transmitir-se, circular e perdurar na sociedade dos homens.

Retirado de Respublica, JAM

Medici

Família de Florença, da qual se destacam Giovanni (1475-1521), papa como Leão X, Giulio (1478-1574), papa como Clemente VII, e Lourenço, o Magnífico (1449-1492), pai de Giulio.

Retirado de Respublica, JAM

"A família Médici foi uma poderosa família de Florença durante a Renascença, cujas riqueza e influência se originaram do comércio de têxteis e pela guilda da Arte della Lana. Tornando-se banqueiros, e posteriormente políticos, clérigos e nobres, os Médici atingiram o seu apogeu entre os séculos XV e XVII com um conjunto de figuras importantes na história da Europa e do Mundo. A linhagem directa dos Médici extinguiu-se em 1737.

Imensamente ricos, governantes não oficiais da República de Florença; soberanos reconhecidos da Toscana, teriam tido origem num certo fulano del Muggello, que teve um filho, Giambuono de Medici, nascido circa 1140, pai por sua vez de dois filhos: Chiarissimo de Medici, vivo 1201 e Bonagiunta.

O ramo primogênito da família – os que descendem de Pedro de Cosmo de Médici e do seu filho Lourenço de Médici – governaram até ao assassinato de Alexandre de Médici, primeiro duque de Florença, em 1537. O poder passou então para o ramo dito júnior – os que descendem de Lourenço de Cosmo de Médici a partir do seu trineto Cosmo I de Médici.

Além da política e governação, os Médici notabilizaram-se em outros campos, principalmente no mecenato."

Foto e texto 2 retirados da Wikipédia

Medellín, Conferência de

Conferência do episcopado católico da América Latina em 1968 e que constitui o ponto de referência para a chamada teologia da libertação.

Retirado de Respublica, JAM

Mecânica

Como refere Comte, Kepler, Galileu e Newton são os três são os "fundadores da mecânica" e os autores das também "três leis fundamentais do movimento". A primeira, de Kepler, "consiste no facto de todo o movimento ser naturalmente rectilíneo e uniforme"; a segunda, de Galileu, "proclama a independência dos movimentos relativos dos diversos corpos em relação a todo o movimento comum do seu conjunto"; a terceira, de Newton, "consiste na igualdade entre a reacção e a acção em qualquer colisão mecânica".

Mecânica da arte social –Sièyes, 29, 187

Mecânica e legitimidade tradicional
Para Weber, a acção tradicional é considerada como uma conduta mecânica na qual o indivíduo obedece inconscientemente a valores considerados evidentes e que daria origem à chamada legitimidade tradicional, onde emergem os fiéis como seria timbre do patriarcalismo, da gerontocracia, do patrimonialismo e do sultanismo.

Mecanicismo
O entendimento do mundo como uma máquina cujas leis são calculáveis. Deste modo, pretende explicar-se a moral, a política e a física a partir do movimento e da causalidade mecânica, consistindo numa imbricação das causas e dos efeitos, num encadeamentro de movimentos que fazem do mundo e do próprio indivíduo meros mecanismos. Era a perspectiva de Hobbes, marcada por uma espécie de razão que, segundo Simone Goyard-Fabre, é uma dedução, uma construção, uma técnica: não é nem uma luz natural nem uma faculdade inata, é um acto de racionation, um discurso, algo que resulta de uma indústria. A partir de então, o mundo, em vez de ser concebido como uma espécie de ser animado, passou a ser visto como uma simples máquina decomponível pela mecânica. Considerou-se que o universo, uma vez criado, passou a ser uma entidade autárcica onde a física, a mecânica e a matemática deveriam ocupar o espaço da metafísica. Bergson assume-se contra o mecanicismo e o tecnicismo, formas de materialismo, considerando que o ser vivo não é uma máquina determinada por leis calculáveis.

Mecanismos de auto-organização em Hayek, 39, 241.

Retirado de Respublica, JAM

Mead, Margaret (1901-1978)

Antropóloga norte-americana. Autora de Coming of Age in Samoa, de 1928, Growing Up in New Guinea, de 1930, Male anf Female, 1949, e Growth and Culture, de 1951.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de USA for Kids

Mead, George Herbert (1863-1931)

Aplicando o pragmatismo à sociologia, cria o chamado interaccionismo simbólico, escola segundo a qual a interacção humana tem, sobretudo, natureza simbólica, acentuando-se a importância da linguagem na formação da consciência individual.

·The Social Self, 1913.

·Mind, Self and Society. From the Standpoind of a Social Behaviorist, Chicago, University of Chicago Press, 1946.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da DSS

MDLP (1975)

O Movimento Democrático para a Libertação de Portugal é formalmente constituído em 5 de Maio de 1975. A presidência cabe a António de Spínola. No directório, Dias Lima, responsável pelo Estado Maior; Santos e Castro, pelo Ultramar; Alpoim Galvão pelo sector operativo; no sector político, José Miguel Júdice, Fernando Pacheco de Amorim e José Valle de Figueiredo.

Retirado de Respublica, JAM

McLuhan, Marshall (1911-1980)


Herbert Marshall McLuhan. Sociólogo canadiano, professor em Toronto. Em 1962, consagra a expressão aldeia global. Considera que desde 1905 a galáxia eléctrica destruiu a galáxia de Gutenberg e o homem tipográfico, gerando-se uma nova inquietude de tempos sem escrita, marcados pela comunicação oral. Uma intensa comunicação, onde a forma, o continente, tende a ser mais importante do que a matéria, o conteúdo.

· The Mechanical Bride. Folklore of Industrial Man, Nova Iorque, Vanguard Press, 1951.

· The Gutenberg Galaxy. The Making of Typographic Man, 1962. Cfr. trad. fr. La Galaxie de Gutenberg, Paris, Éditions Mame, 1965; trad. port. A Galáxia de Gutenberg, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977.

· Understanding Media. The Extensions of Man, 1964. Cfr. trad. Fr. Pour Comprendre les Médias, Paris, Éditions du Seuil, 1964.

· The Medium is the Message. An Inventory of Effects, 1967.

· Counter-Blast, 1970.

. War and Peace in the Global Village, 1968. Ver trad. fr. Guerre et Paix... Paris, Robert Laffont, 1970.

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada da Wikipédia