domingo, 14 de outubro de 2007

Liderança

Do inglês leader. O mesmo que chefia. Comando ou verticalidade do poder. A qualidade que permite a uma pessoa liderar outras, através de um comando baseado na aquiescência e não na coacção. Não é apenas uma qualidade pessoal, mas antes a interacção da personalidade do líder com uma dada situação social, pois as mesmas qualidades pessoais podem não servir para certas circunstâncias de tempo e de espaço.

A polis tem de ter uma liderança, um comando, mas não pode deixar de ter participação popular. A polis precisa da verticalidade de um poder, mas não prescinde da horizontalidade da cidadania. Ela tem de ser auto-suficiente, mas não pode deixar de permitir que o governado também seja governante, que também ele participe na decisão. O exagero da liderança, da estruturação vertical, ao mesmo tempo que permite o crescimento da população e do território, leva a que surja uma pirâmide do poder, onde no vértice, se constitui uma elite, os poucos da sede activa do poder, e na base se conglomera a sede passiva do poder, os muitos. Parsons coloca a liderança como um dos três elementos do poder institucionalizado, ao lado da autoridade e das regras. Com efeito, em qualquer democracia impõe-se tanto uma liderança governativa como a participação dos cidadãos nas decisões, mas essas duas exigências são sempre acompanhadas pelas degenerescências do elitismo, por um lado, e pela indiferença ou apatia das massas, por outro. A necessidade de governabilidade e de liderança tende para o estabelecimento de uma elite no topo da pirâmide do poder, muitas vezes marcada pelo facciosismo da partidocracia, pelo burocratismo e pelo fenómeno da compra do poder ou da corrupção.

ver Liderança em Parsons, 135, 932.

Retirado de Respublica, JAM