sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Netchaev, Serguei (1847-1882)

Fundador da Sociedade do Machado, morto na prisão.

Foi redactor, em colaboração com Bakunine, de um Catecismo Revolucionário, escrito em 1869, na Suíça, onde se declara que o revolucionário é um homem antecipadamente condenado. Não pode permitir-se relações apaixonadas, nem possuir coisas ou seres amados. Devia mesmo despojar-se do seu nome. Tudo nele se deve concentrar numa única paixão a revolução. Na mesma obra, considera-se que o revolucionário é um indivíduo marcado. Não tem interesses nem sentimentos pessoais, nem laços, nada que lhe seja particular, nem sequer o nome. Tudo nele é absorvido com vista a um único interesse, a um único pensamento, a uma única paixão: a Revolução. A obra foi escrita em colaboração com Bakunine, sendo impressa em cifra, em carácteres latinos:


"1. O revolucionário é um homem condenado. Ele não tem interesses pessoais, negócios, sentimentos, dedicações, propriedade, nem sequer um nome. Tudo nele é absorvido por um exclusivo interesse, um só pensamento, uma só paixão - a revolução.


2. No mais íntimo do seu ser, não apenas em palavras, mas em atos, o revolucionário não tem qualquer ligação com a ordem social e com o mundo civilizado, com as leis, aparências e convenções ou moralismos, geralmente aceitos neste mundo, que para ele é um inimigo impiedoso. Se tiver que continuar a viver nele, será somente com o propósito de destruí-lo com mais certeza.


(...) 4. Ele despreza a opinião pública. Despreza e odeia a moral dos dias de hoje com todas as suas motivações e manifestações. Para ele o que quer que ajude o triunfo da revolução é ético; tudo o que o impede é contrário à ética e criminoso.


5. O revolucionário é um homem condenado.

É impiedoso em relação ao Estado e a todo o sistema das classes privilegiadas; por sua vez, não deve esperar compaixão. Entre ele e o Estado e as classes dominantes há uma guerra contínua e irreconciliável - que pode ser travada secreta ou abertamente. Deve estar pronto para morrer a qualquer momento, e deve treinar para suportar torturas. (...)

15. Todo o ignóbil sistema social deve ser dividido em várias categorias ... (...)

19. A quarta categoria consiste nas autoridades ambiciosas e liberais de vários matizes, pois com eles pode-se conspirar nos termos dos seus próprios programas. Deve-se convencê-los de que são obedecidos cegamente, mas ao mesmo tempo não se deve permitir que escapem mais. É preciso entrar na posse de todos os seus segredos, comprometê-los ao máximo, de modo que não lhes sobre nenhum caminho para fugir e usá-los como instrumentos de perturbação da ordem do país.

20. A quinta categoria - teóricos (refere-se aos adversários de Bakunin dentro do campo revolucionário), conspiradores, revolucionários, que expõem suas idéias perante grupos ou pelos jornais, mas que são pouco ativos. Eles devem ser continuamente impelidos para diante, instados a fazer declarações práticas subversivas, cujo resultado seria a completa destruição da maioria e o verdadeiro treinamento revolucionário de apenas alguns. (...)

25. Portanto, para nos aproximarmos cada vez mais do povo, devemos antes de tudo ligar-nos àqueles elementos das massas que, desde a fundação do poder estatal de Moscou, jamais cessaram de protestar não só com palavras, mas também com fatos contra tudo o que, direta ou indiretamente, estivesse ligado ao Estado: contra a nobreza, a burocracia, o clero, as guildas (significando os comerciantes e capitalistas em geral) e contra o parasitismo dos kulaks. Estendamos as mãos à raça audaciosa dos bandidos - os únicos genuínos revolucionários da Rússia".

Retirado de Respublica, JAM

Foto picada de intersiderale