sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Leão, Francisco da Cunha (1907-1974)

Autor do movimento da Filosofia Portuguesa. Licenciado em letras pela Universidade do Porto, chega a agente geral do Ultramar e a director do jornal Diário Popular. Companheiro de ideiais de Fernando Amado e de Leão Ramos Ascensão, da segunda geração integralista.


· O Enigma Português, Lisboa, Guimarães, 1961.
· Ensaio de Psicologia Portuguesa, 1971.

Retirado de Respublica, JAM

"(..) Continuou a tarefa e a arte de editor, uma das suas filhas, Maria Leonor, desde 1933 até à data do seu falecimento, em 1978. Foi das primeiras mulheres editoras em Portugal, aos vinte e quatro anos, pelo menos a primeira neste século: o que lhe valeria muito boas críticas. Com ela trabalharam no apoio editorial, Alexandre O’Neill ou Alfredo Margarido. As traduções que implementou, as edições e colecções que dirigiu deram acolhimento a inúmeras mulheres de grande craveira intelectual e literária. Representa, sem falsas modéstias, um marco importante na história da cultura portuguesa da época.


Casou em 1940 com Francisco da Cunha Leão (falecido em Lisboa, 1974), monárquico, professor, poeta («Naufrágio de Goa» e «O Anjo e o Homem»). A sua obra filosófica («O Enigma Português» e «Ensaio de Psicologia Portuguesa»), centrada no homem português, na sua psicologia e no seu devir enigmático, nos mitos da sua história ou na problemática da Saudade, é paradigma de enunciados e teses sobre a filosofia portuguesa. Foi director do «Diário Popular» e Agente-Geral do Ultramar; homem de letras, frequentava com muitos amigos as tertúlias da Brasileira do Chiado: conviveu com Almada, Raul Lino, António Duarte, Martins Correia ou Jorge Segurado; mas também com Tomás de Figueiredo, Domingos Monteiro, Francisco de Sousa Tavares, Tomás Kim, Eduardo Freitas da Costa, Fernando Namora e tantos outros. A sua inclinação filosófica levava-o a outras tertúlias, no café Colonial, onde convivia com José Marinho e Alvaro Ribeiro. Mantinha amizade com intelectuais como Delfim Santos, Agostinho da Silva, Eudoro de Souza ou Teixeira de Pascoaes.


Maria Leonor e Francisco da Cunha Leão continuaram a missão implícita pela existência da sua Casa Editora. Surgiram novos autores, a par com iniciativas editoriais de vulto: as «Obras Completas de Oliveira Martins», a «Colecção Filosofia e Ensaios» ou a «Colecção Poesia e Verdade», nos anos 50. Lembramos a vinda de Armando Ferreira, Ferreira de Castro, de Fernando Namora, de Joaquim Paço d’Arcos, as revelações pela crítica, de Agustina Bessa-Luís e de David Mourão-Ferreira, ambos com o «Prémio Literário Delfim Guimarães» em 1953; no “noveau-roman”, Alfredo Margarido, Artur Portela e Mário Dias Ramos; na poesia, entre alguns iniciados, hoje celebrados poetas, além do saudoso Mourão-Ferreira, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Alexandre O’Neill, Mário Cesariny, Ary dos Santos, Rui Cinatti, Afonso Duarte, Cecília Meireles, Maria Teresa Horta, Ivette Centeno, Cecília Meireles, Couto Viana ou Tomaz Kim; na filosofia, Fidelino de Figueiredo, José Marinho, Alvaro Ribeiro ou Agostinho da Silva, além das traduções de Nietzsche, Hegel, Heidegger, Bergson, Aristóteles ou Platão. (...)"


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