terça-feira, 10 de julho de 2007

Freund, Julien (1921-1993)

Professor em Estrasburgo. Membro destacado da Resistência desde 1941. Doutorado na Sorbonne em 1965. Weberiano. Introduz o pensamento de Carl Schmitt no universo francês dos anos sessenta. Apesar das suas origens de esquerda, transforma-se, nos últimos tempos de vida, numa das bandeiras da direita radical francesa e europeia, sendo particularmente vangloriado em Portugal pelo grupo da revista Futuro Presente.

A essência da política

Na sua dissertação de doutoramento de 1965 procura demonstrar que existe uma essência da política, porque o homem seria imediatamente um ser político, tal como é imediata e autonomamente um ser económico e um ser religioso. Haveria, aliás, seis essências originárias, compreensíveis em si mesmas, dado situarem-se todas no mesmo plano e não dependerem, cada uma delas, de qualquer outra: a política, a ciência, a economia, a arte, a ética e a religião, dado considerar que todas as essências são autónomas e que não existe entre elas uma relação de subordinação lógica ou de hierarquia necessária.

Força, violência e paz

Considera que força é em política um meio essencial e por vezes o único de garantir eficazmente a estabilidade,a ordem e a justiça, salientando que todas as formas de paz, seja qual for o nome que se lhe dê, resultam de um equilibrio de forças entre os Estados. Acrescenta que a força, que não a violência, e o direito são duas noções completamente autónomas ,cada uma com a sua significação propria", sendo ambas igualmente originais pelo que a relação entre as duas apenas se traduz em trocas dialécticas, amigáveis ou hostis, conforme as circunstâncias. Neste sentido, observa que quer se queira quer não, a paz reside numa força hegemónica ou imperial, ou num equilíbrio entre potências, e um tratado de paz não passa do reconhecimento de uma determinada relação de forças.

Soberania e racionalidade

Considera a existência de dois elementos caracterizadores do Estado. Em primeiro lugar, o conceito de soberania, que leva a uma distinção entre o interior e o exterior, e à existência de uma sociedade fechada onde se dá a apropriação total do poder político, com exclusão de formas de poder privado. Em segundo lugar, assinala o facto do Estado se caracterizar pela racionalidade. Uma racionalidade que atiraria para fora dos domínios do Estado tanto as criações políticas instintivas (v.g.as tribos e as cidades), como as estruturas políticas improvisadas (v.g. os impérios).


· L’Essence du Politique, Paris, Éditions Sirey, 1965 [reed., 1986].
· La Sociologie de Max Weber, Paris, Presses Universitaires de France, 1966.
· Max Weber, Paris, Presses Universitaires de France, 1969.
· Le Nouvel Âge. Éléments pour la Théorie de la Démocratie et de la Paix, Paris, Rivière, 1970.

Retirado de
Respublica, JAM

Foto picada da G. R. E. C. E.