terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Caos

O mesmo que desordem, o equivalente ao negativo, a que se seguiu o cosmos, a ordem, o equivalente ao positivo. Porque, no princípio esteve o caos, o grande vazio, o grande buraco negro, o espaço vazio cheio de trevas, como diziam os gregos, de Hesíodo a Aristóteles, essa desordem inicial, equivalente ao negativo, a que se seguiu o cosmos, o equivalente ao positivo. De acordo com a mitologia grega, o caos são as trevas do mundo, donde surgiu a Noite que se transforma numa imensa esfera. Esta, dividindo-se em duas metades, abre-se em forma de concha, daí desabrochando o Amor (Eros) que garante a coesão universal. Uma das metades forma a abóbada do Céu (Urano) e a outra o disco da Terra (Geia). Da união entre estas duas metades nascem depois seis Titãs e seis Titânides, as forças elementares, das quais se destacam Oceano, a água, Témis, o equilíbrio eterno da lei, Mnémosine, a memória enquanto poder do espírito, e Crono. Este último, que vai matar o pai, tem um filho, Zeus, que vai tendo várias esposas, entre as quais Témis, e desta união vai nascer Irene, a paz, Eunómia, a disciplina, e Dike, a Justiça. Continuando a aplicar a ideia de Caos ao ao mundo do direito, saliente-se que não existe nenhuma sociedade onde todas as regras sejam espontaneamente cumpridas. Utilizando a terminologia de Georges Burdeau, importa salientar que para qualquer agrupamento humano passar do caos ao cosmos é necessária a institucionalização de um poder que, misturando a força com a ideia, seja capaz de premiar quem o merece e de punir o prevaricador.
Retirado de Respublica, JAM