quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma excelente "bicada" "Sobre o Tempo Que Passa"

O "homo cavaquistanensis" e o promontório dos séculos

Os actuais donos do poder estão dependentes, não dos jogos interbancários, ou da falsa ciência da geofinança, mas antes da eficácia das bastonadas policiais nas praças de Atenas, contra a revolta de um povo enganado, que logo qualificamos como anarquistas à solta.

Os mesmos comentadores de um situacionismo de falsa consciência e nostalgia revolucionária que teoriza o Maio 68 e Tian An Men não aguentam a verdade das imagens de ontem na cidade matriz da democracia. Sobre as praças públicas da revolta começam a desaguar as torrentes de balbúrdia...

O belo construtivismo da hipocrisia que tem Barroso como consequência deste paralelograma de forças vivas parece já não ter programa disponível para a nuvem vulcânica que não estava na "check list" dos manuais de pilotagem automática desta governança sem governo...

O rolo compressor de povos, memórias e identidades começa a mostrar sinais de obsolescência. Parece que estamos a chegar, mais depressa do que o previsto pelo lume da razão, ao promontório dos séculos. Os lumes da profecia da chamada razão complexa parecem ser mais adequados ao tempo que passa.

A ditadura dos factos está a rebentar os caixilhos das fornalhas ideológicas dos que pensavam conter a criatividade nos manuais de planeamento dos processos históricos. Não é a história que faz o homem. É o homem que faz a história. Mesmo sem saber que história vai fazendo.

Sejamos sérios: nem Mário Soares consegue conjugar o que nos vai acontecer amanhã. Só resistirão os que aprenderam a assumir o risco do tudo ou do seu nada. Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Nos tempos da Grande Guerra, a hiper-inflação que gerou o fascismo e garantiu o bolchevismo, produziu, entre nós, uma revolução sociológica: transportou aldeias inteiras para as avenidas novas de Lisboa, porque os rendimentos fundiários não sustentavam elites locais nas aldeias onde o jornal "O Século" era o de maior circulação em Portugal

Nos tempos posteriores à Segunda Guerra Mundial, os neo-realistas e os tipos da JOC semearam as gerações do Maio 68 e as massas que nos deram PREC e pós-revolução, acabando com o Portugal Suave do "viver habitualmente", quando "os vascos eram santanas"...

Cerca de um milhão de retornados deram a volta ao Portugal de Salazar, Caetano e Vasco Gonçalves e, ao rejuvenesceram a nossa demografia, permitiram a integração europeia e a nova reidentificação de Portugal...

Quem souber ler os sinais dos tempos pode compreender que isto já lá não vai com a Santa Aliança de Ricardo Salgado e Joe Berardo, com discursos de Sócrates, submarinos alemães e empresários de sucata, para comissões parlamentares de inquérito fazerem dezenas e dezenas de perguntas ao primeiro-ministro em funções, mas sem que tenha sido feita a verdadeira pergunta: será que Vossa Senhoria existe mesmo?

Porque Sócrates não existe: é o representante dos fantasmas de direita e dos preconceitos de esquerda do homem comum português, isto é, daquele servo da gleba hipotecária que tem um posto de vencimento e não um posto de trabalho e a que alguns chamam "homo cavaquistanensis"...

Mas haverá uma semana de interregno, para aquelas interrupções pelas quais pedem desculpa, para que o programa possa recomeçar: o Benfica será campeão, mesmo que Jesus seja apenas filho de Deus, conforme reconhecerá Sua Santidade que, antes de nós, teve o privilégio de ler, sem censura, a terceira parte do Segredo da emanação do Uno na Cova de Iria.

posted by JAM | 5/06/2010