Müller, Adam Heinrich (1779-1829)
Um idealista alemão próximo do romantismo e antecessor da Escola Histórica. Considerado um dos ideólogos da Santa Aliança. Protestante convertido ao catolicismo. Defende a necessidade de uma grande Alemanha. Nasce em Berlim. Estuda em Gotinga, onde faz amizade com Gentz, o tradutor de Burke para alemão. Vive na Polónia entre 1804 e 1805 e, depois de passar por Viena, instala-se em Dresden. Profere nesta cidade uma série de conferências em defesa do sentimento nacional alemão, depois da derrota de Austerlitz. Chega, então, a proclamar que a Alemanha é a mãe de todas as nações europeias. Passa a colaborador de Metternich. Um dos teóricos do povo orgânico, esta bela comunidade imortal que se apresenta aos olhos e aos sentidos através de uma linguagem comum, nos seus costumes e leis comuns, em mil instituições salutares. Em 1804 considera que o Estado, identificado com a Sociedade e a Nacionalidade, se apresenta como uma unidade vital capaz de fundir antinomias, como as que opõem o corpo ao espírito e o momentâneo ao durável. Mais salienta que o indivíduo não passa de simples parcela desse todo. Em 1810 salienta que o Estado é uma união íntima de toda a vida interna e externa de uma nação, um todo grande, enérgico, incessantemente móvel e vivo, que deve ser compreendido como um indivíduo grande que abrange em si todos os indivíduos pequenos. É que o Estado não é uma invenção dos homens destinada à utilidade ou ao prazer da vida dos cidadãos; para o cidadão nada existe for a dele. É indispensável, inevitável, funda-se na própria natureza humana. Em suma, o Estado é a fusão dos interesses humanos num todo orgânico. Em 1809 defende a tese do Estado resultar da fusão de duas antinomias: das monarquias asiáticas e das repúblicas modernas. No plano dos compromissos com as realidades, assume-se como defensor da manutenção da propriedade fundiária nas maõs da nobreza, porque isto garantiria a longa duração, dada a ligação quase religiosa da nobreza à terra. Insurge-se assim contra as teses do liberalismo de Adam Smith, para quem a propriedade deveria ser considerada como simples mercadoria. Defende também que a sociedade seja dirigida pelas suas elites naturais, organizadas pela Igreja. Adepto da representação por Stande. Se considera que o Estado é a mediação entre a Humanidade e o Indivíduo, já a Igreja é perspectivada como a mediação entre Deus e a Humanidade.
Retirado de Respublica, JAM