domingo, 21 de outubro de 2007

Miguelismo. Facções 1828-1834

Em 3 de Maio de 1828, depois do abandono do conde de Vila Real, o governo miguelista passou a ser um ajuntamento das duas facções.

Tradicionalistas tories

Uma, adepta do tradicionalismo consensualista e favorável às ligações com a Inglaterra, onde à frente de um governo tory estava o próprio Wellington, era representada por Cadaval, Barbosa de Magalhães e pelo Visconde de Santarém. Diga-se, de passagem, que a partir da facção moderada do miguelismo era possível o lançamento de pontes com a linha conservadora dos cartistas, nomeadamente através de Palmela, isto é, havia mais proximidades entre certas parcelas daquilo que hão-se as barricadas da guerra civil, do que, dentro das famílias de cada uma delas.

Apostólicos ou rainhistas

Outra, a facção apostólica ou rainhista, liderada por Basto, ex-intendente da polícia, era adepta da linha dura. Aliás, Basto chegou mesmo a prender o médico pessoal de D. Miguel.

Os erros de D. Miguel

D. Miguel comete, a partir de então, dois erros básicos. Primeiro, em vez de assumir um conceito suprapartidário de autoridade régia, deixa ser transformado em mero chefe de uma facção. Em segundo lugar, despreza os conselhos das potências que o haviam apoiado, principalmente quando não cede às pressões britânicas, nomeadamente aos conselhos de Lamb., 137, 967

O terrorismo de Estado.

Logo em 14 de Julho de 1828 era criado um tribunal de excepção para julgamento dos revoltosos do Porto, a alçada. Em 6 de Agosto, novo tribunal de excepção para a revolta da Madeira. A decisão da alçada do Porto foi tomada em 9 de Abril e publicitada em 4 de Maio. As horrendas execuções de doze condenados ocorreram no dia 7 de Maio, com requintes de malvadez, com os frades loios e oratorianos, mais os seus convidados a regalaram-se com doces e vinhos finos. O miguelismos afogava-se em sangue e os governos europeus vão protestando, desde a Inglaterra à Áustria, passando pela França de Carlos X, então governada pelo conservador Polignac. Em 14 de Julho as tropas miguelistas do General Póvoas entram no Porto e a partir de então estende-se a todo o continente o governo miguelista. Na Terceira continuam a governar os liberais, dirigidos pelo Conde de Vila Flor. Da mesma forma na Madeira, com o General José Lúcio Travassos Valdez. Em 4 e 18 de Agosto são instituídos os chamados decretos do Terror (Conselho Militar, confisco de bens dos emigrados, devassas, crimes de lesa-majestade). Segundo Oliveira Martins o panorama da repressão miguelista entre 1828 era o seguinte: -nas prisões do Reino 26 270; -deportados para África 1 600; -execuções 37; -julgamentos por contumácia 5000; -emigrados 13 700. No Manifesto de Guerreiro e Palmela de 1829 fala-se em 50 000 pessoas pronunciadas culpadas. Cerca de 15% da população do reino, segundo Vítor Sá. Para Henriques Seco foram mortas, entre 1828 e 1834, 139 pessoas (11 estudantes, 71 militares, 1 padre, 12 responsáveis pela revolta do norte de Maio-Junho de 1828 e 19 acusados de revolta ou incitamento à revolta.


Retirado de Respublica, JAM