sexta-feira, 9 de novembro de 2007

New Science of Politics (Voegelin), 1952

Expressão de Eric Voegelin, de 1952, pela qual se propõe uma nova ciência da política, em pleno auge do behaviorismo que teria transformado a ciência política num instrumento do poder e numa apologia dos seus princípios.

Faz-se um ataque cerrado ao peso da herança positivista que teria feito deslocar o esforço científico da teoria para o método, quando importava voltar à consciência dos princípios, a uma ciência cristã e clássica do homem que teria sido prevertida por quatro super-homens, o progressista de Condorcet, o positivista de Comte, o materialista de Marx e o dionisíaco de Nietzsche.

O cientista político, quando aborda as realidades políticas, encontra um campo já ocupado sobretudo pelas auto-interpretações da sociedade, pelos símbolos sociais pré-existentes, pelos mitos e pelos ritos.

Todo o poder visa o ideal de um governo obtido pelo consenso dos cidadãos, o que pressupõe a articulação dos cidadãos individualmente considerados até ao ponto em que eles se possam tornar cidadãos activos na representação da verdade através do peitho, a persuasão.

A sociedade é iluminada por um complexo simbolismo, com vários graus de compactação e diferenciação ‑ desde o rito, passando pelo mito, até à teoria ‑ e esse simbolismo a ilumina com um significado na medida em que os símbolos tornam transparentes ao mistério da existência humana a estrutura interna desse pequeno mundo, as relações entre os seus membros e grupos de membros, assim como a sua existência como um todo. A auto‑iluminação da sociedade através dos símbolos é parte integrante da realidade social, e pode mesmo dizer‑se que é uma parte essencial dela, porque através dessa simbolização os membros da sociedade a vivenciam como algo mais que um acidente ou uma convivência; vivenciam‑na como pertencendo a sua essência humana.

O teórico, deve ao menos ser capaz de reproduzir imaginativamente as experiências que a sua teoria busca explicar. Em segundo lugar, a teoria como explicação só é inteligível para aqueles em que a explicação desperte experiências paralelas como base empírica para testar a base da teoria. Porque uma teoria não é apenas a emissão de uma opinião a respeito da existência humana em sociedade; é uma tentativa de formular o sentido da existência, definindo o conteúdo de uma género definido de experiências.

Gnosticismo

Voegelin considera que o gnosticismo contemporâneo é marcado por quatro ideias de super-homem: o progressista (Condorcet), o positivista (Comte); o materialista (Marx) e o dionisíaco (Nietzsche), propondo o regresso à ciência clássica e cristã do homem, a que chama new science of politics, entendida como uma ciência da existência humana na sociedade e na história e dos princípios de ordem geral, concepção já defendida por Aristóteles, Santo Agostinho e Hegel (Chicago, The Chicago University Pres, 1952) (cfr. a péssima trad. portuguesa de José Viegas Filho, A Nova Ciência da Política, 2ª ed., Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1982).

Abrange as seguintes matérias:

- análise do declínio e da restauração da filosofia política;
- acção do positivismo;
- as teses de Weber sobre a ciência livre de valores;
- obstáculos e êxitos na restauração da ciência política neoclássica.

- na segunda parte: estudo monográfico do conceito de representação política.

- na terceira parte: estudo da natureza da modernidade, da revolução gnóstica e do fim da modernidade.

Retirado de Respublica, JAM