sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Bourgeois, Léon (1851-1925)

Político francês. Advogado. Presidente do conselho em 1895-1896 e da câmara dos deputados em 1902-1906. Prémio Nobel da paz em 1920, por ser um dos promotores da Sociedade das Nações. Juiz do Tribunal Internacional de Haia desde 1903. Fundador do chamado solidarismo, marcado pela defesa da progressividade fiscal e de um sistema de seguros sociais. Doutrina típica dos radicais franceses, defensores do chamado humanismo republicano, herdeiro do utilitarismo e paralelos ao movimento fabiano.
Solidarismo
Considera que é preciso que cada um dos homens se torne num ser social. É preciso ensinar às crianças e aos homens que devem considerar‑se não como isolados, como indivíduos que têm o direito de incluir em si mesmos o fim da sua própria existência, mas como membros associados, de direito e de facto,de uma sociedade onde todas as responsabilidades são mútuas; devem além disso tomar consciência da consciëncia comum e julgar os respectivos actos particulares sob o ponto de vista desta consciência social.
A terceira via
A doutrina pretende ser um meio termo, ou um compromisso entre o liberalismo e o socialismo, visando evitar tanto os excessos do individualismo como do colectivismo. A palavra chave é a de solidariedade que Bourgeois vai buscar a Fouillé. O homem é elemento de um todo, tem direitos e deveres recíprocos. Todos somos, ao mesmo tempo, credores e devedores da associação humana. Neste sentido, proclama-se herdeiro do spirituel républicain.
Garantismo
Considera a existência de uma série de garantias sociais intangíveis tanto em matéria de liberdades como na distribuição daquilo que designa por profit social. Porque há um coeficiente comum a todos, de um valor de direito iga«ual para todos.
Influências
A doutrina de Bourgeois que influencia a III República, marca o ritmo do radical socialismo francês, mas não deixa de, através de Duguit, ser uma das influências do modelo socialista, tendo bastantes aproximações com algumas das teses actuais de John Rawls, tanto pela invocação da ideia moral na política, como, sobretudo pela admissão da repartição não igualitária dos bens sociais, tanto por causa das desigualdades naturais, como pelas diversas formas de participação de cada um nas tarefas comuns.
Retirado de Respublica, JAM

Bourdieu, Pierre (n. 1930)

Sociólogo francês. Normalien, agregado em filosofia, assistente da Universidade de Argel, torna-se director da Escola Prática de Altos Estudos, de Paris. Criador de conceitos como o de habitus e de violência simbólica. Na linha marxista, tenta incorporar na corrente os ensinamentos de Durkheim e de Weber. Recolhe, de Norbert Elias, a noção de champ. A ideia de campo, provinda da física, constitui uma situaççaõ dinâmica que polariza forças, como num campo magnético. Aproxima-se da ideia de mercado, onde individuos e grupos estão em competição.
Retirado de Respublica, JAM

Boulangismo

Política assumida pelo general Georges Boulanger (1837-1891) durante a III República francesa, apoiada por Barrès. Trata-se de um processo de personalização do poder sem doutrina. Método amplamente criticado por Charles Maurras, defensor de uma direita doutrinária. O general que quis ser presidente, promove uma agitação sem consequência, pois quando foi ameaçado de prisão, tratou de fugir para a Bélgica.
Retirado de Respublica, JAM

Bósnia-Herzegovina

Bosna i Hercegovina 51 129 km2 e 4 365 000 habitantes; 17,3% de croatas, 31,3% de sérvios e 43,7% de muçulmanos. Invadida pelos eslavos no século VIII, veio ser conquistada pelos turcos no século XV; no século XVIII assumia-se como o principal bastião otomano nos Balcãs contra a pressão austríaca. Acabou por ficar sob dominação austríaca de 1876 a 1918, quando se integrou no reino dos eslavos do sul; de 1941 a 1945, os nazis transformaram-na em satélite do Estado livre da Croácia; foi de 1945 a 1991 uma das seis repúblicas da Jugoslávia de Tito. O parlamento de Sarajevo, contra a posição do partido sérvio, proclamou unilateralmente a independência em 15 de Outubro de 1991; esta posição foi confirmada por referendo de Abril de 1992.
Retirado de Respublica, JAM

Bonum honestum

De acordo com as categorias romanas, o bonum honestum, a procura dos supremos valores da justiça, da verdade e da bondade em sentido amplo, distingue-se e deve preponderar sobre chamado bonum utile, a procura das coisas agradáveis à existência,os objectos económicos. Se o primeiro se liga à chamada racionalidade ética, já o segundo tem a ver com a mera racionalidade técnica. Do bonum utile tratam as artes liberales. Do bonum honestum, as artes bona, como o direito e a estratégia. Se a racionalidade técnica domina as chamadas sociedades imperfeitas, como a casa e a empresa, se serve para os sócios resolverem a questão do bonum utile, não chega para se atingir o bonum honestum da racionalidade ética, só passível de cidadania. Com efeito, a partir do espaço básico do social emerge a lógica de uma racionalidade ética, marcada pela justiça, por aquilo que os clássicos qualificavam como bonum honestum, o espaço do político propriamente dito. A racionalidade técnica é apenas parte do logos e tem de ser potenciada pela racionalidade ética. O bonum utile tem de ser integrado no bonum honestum. O animal social tem de ser elevado à categoria de animal político. A sociedade tem de se transformar em comunidade, o contrato tem de volver-se em instituição. A racionalidade técnica apenas marcada pela utilidade e pelo interesse, como acentuam o utilitarismo e o economicismo, tem de ser integrada pela racionalidade ética, onde a estrela polar é a justiça. Para um entendimento global da polis não basta o sócio e o contratualismo do administrador de bens ou do homem como animal de trocas. Impõe-se o entendimento do animal político, do homem como animal normativo e como animal simbólico. Impõe-se o político, a procura da boa sociedade, a procura do justo. A procura da justiça, não apenas como justiça comutativa, mas a justiça nas suas perspectivas ascendente e descendente, a justiça social ou geral e a justiça distributiva.
Retirado de Respublica, JAM

Bonapartismo

Pode ser entendido como movimento político histórico, como sistema de governo e como conjunto de ideias políticas. Como movimento político histórico, foi aquele que apoiou a eleição de Luís Napoleão em 1848. Como sistema de governo essa mesma personalidade da história francesa instituiu o centralismo como sistema de governo, com os representantes das províncias a serem nomeados pelo poder central, e adoptou o populismo, num misto de autoritarismo e soberania do povo. Guizot, um dos epígonos do movimento, defendeu a autoridade como garantia da revolução. De qualquer maneira, se admitiu formas de representação parlamentar, sempre as fez depender do poder policial e militar. Assumiu sobretudo o diálogo directo entre as massas populares e o líder, considerado um representante directo de uma soberania popular una e indivisível, utilizando frequentemente o sistema do plebiscito. O movimento está próximo do futuro gaullismo. O bonapartismo está assim próximo dos conceitos de cesarismo e usurpação. Há quem o alargue a outras experiências históricas, desde a de Napoleão I ao gaullismo, passando pelo próprio modelo da revolução a partir de cima gerada por Bismarck, salientando o facto de se assumir como uma ditadura modernizante. Em Portugal, alguns analistas políticos referiram o eanismo como um bonapartismo democrático.
A perspectiva de Evola
Giulio Evola considera o bonapartismo como aquele sistema de poder, diverso do elitismo e herdeiro dos condottieri da Renascença sempre que o chefe político considera que a respectiva autoridade deriva de um outro e não de um princípio superior, como o da autoridade ou da soberania, implicando distância face ao demos. Salienta que é o sentimento da distância que provoca nos inferiores a veneração, o respeito natural, uma disposição instintiva para a obediência e lealdade para com o chefe. Contrariamente, o chefe bonapartista ignora o princípio segundo o qual quanto maior for a base mais alto se deve manter o cume. Marcado pelo complexo da superioridade, precisa de manifestações, ainda que ilusórias, de que o povo o segue e aprova, onde o superior precisa do inferior para experimentar o sentimento do seu próprio valor e não o contrário, como seria normal.
Retirado de Respublica, JAM

Bon, Gustave Le (1841-1931)

Influenciado pela psicologia nascente, utiliza o conceito de inconsciente para aplicá-lo à predestinação dos povo. Porque cada povo possui uma constituição mental tão fixa como os seus caracteres anatómicos e que daí derivam os seus sentimentos, os seus pensamentos e instituições, as suas crenças e a sua arte. Assim, os mortos conformam as raças, produzem o inconsciente dos vivos e geram as almas dos povos, numa sucessiva cadeia de determinações. Um povo é, pois, um organismo criado pelo passado, pois a era das multidões é a dos primitivos. A multidão é conduzida quase exclusivamente pelo inconsciente. Os seus actos estão muito mais sob a influência da medula espinal do que sob o cérebro. Neste sentido, aproxima-se mais dos seres inteiramente primitivos.

Considera que as multidões acumulam, não a inteligência, mas a mediocridade, sendo conduzidas quase exclusivamente pelo inconsciente, havendo nelas um multiplicador da irracionalidade. Salienta que nas sociedades futuras, pode prever-se que, na sua organização poderão contar com um poder novo, o último soberano da vida moderna: o poder das liberdades. As teses de Le Bon que recebem algumas das reflexões de Tocqueville e de Nietzsche, vão influenciar Robert Michels. Entre nós, é particularmente influente em Fernando Pessoa.
Retirado de Respublica, JAM

Boff, Leonardo

Padre brasileiro. Um dos epígonos da chamada teologia da libertação.
Retirado de Respublica, JAM

Leonardo Boff, pseudônimo de Genésio Darci Boff, (Concórdia, 14 de dezembro de 1938) é um teólogo brasileiro, escritor e professor universitário. Era membro da Ordem dos Frades Menores mais conhecidos como Franciscanos
Ex-frade da Igreja Católica, grande opositor dos papas João Paulo II e Bento XVI, foi punido com silêncio obsequioso pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, após defender a Teologia da Libertação com idéias contrária à doutrina católica, quando então era prefeito o cardeal Joseph Ratzinger, atual papa. Em 1992, após ter sido silenciado novamente por Roma, finalmente deixou, sem dispensa, a Ordem Franciscana e o ministério presbiteral. Uniu-se, então, à teóloga libertacionista Márcia Monteiro da Silva Miranda.
Publicou vários livros sobre a Teologia da Libertação, entre eles o best-seller A Águia e a Galinha.
Boff também é professor de sociologia na Universidade do Rio de Janeiro (UERJ) e viaja o Brasil dando palestras sobre os temas abordados em seu livro.
Ligações externas
Retirado da Wikipédia

Boémia (Cesky)

A Boémia, incluindo a Morávia, foi, desde 1029, um reino independente; com o Imperador Segismundo (1419-1437), vive um período de guerra civil com a agitação religiosa dos hussitas, os partidários do reformador Jan Hus, condenado à fogueira pelo Concílio de Constança de 1416; de 1457 a 1471, será eleito rei da Boémia o hussita Jorge de Podiebrad. Em 1526 passou para os Habsburgos austríacos, com Fernando I, mantendo-se em tal situação até 1918. Sofre as consequências da Guerra dos Trinta Anos, passando de quatro milhões de habitantes para cerca de 800 000. Um dos eleitores do Sacro-Império; ver Checa, República.
Retirado de Respublica, JAM

Bobbio, Norberto (n. 1909)

Um dos mais representativos politólogos italianos. Começa por ensinar filosofia do direito em Camerino (1935-38), Siena (1938-40), Pádua (1940-48), Torino (1948-72) e, depois, Filosofia Política, em Torino, de 1972 a 1979. Senador em 1984, nomeado por Sandro Pertini. Director da Rivista di filosofia juntamente com Nicola Abbagnano. De formação jurídica, começa por um estrito neopositivismo. Daí considerar que a ciência política tem de consistir no estudo dos fenómenos e estruturas políticas, conduzido com sistematicidade e com rigor, apoiado num amplo e agudo exame dos factos e exposto com argumentos racionais, especialmente pela aplicação à análise do fenómeno político da metodologia das ciências empíricas. Tem uma efectiva ligação ao marxismo, mas logo o abandona, mantendo-se na crista da onda do pensamento dominante. Assume-se como um neo-iluminista, defendendo o racionalismo metodológico como garantia de rigor e de empenho. Apesar destas clássicas posições de esquerda, influenciou a geração portuguesa da nova direita que marcou a enciclopédia Polis, sendo particularmente citado por Jaime Nogueira Pinto e António Marques Bessa. Mais tarde, é invocado por autores socialistas, nomeadamente por Guilherme d’Oliveira Martins.
Retirado de Respublica, JAM

Boa Sociedade

A procura da cidade melhor (Kallipolis), da boa sociedade ou do melhor regime. Não há dúvida que a remota origem do estudo da política no ocidente europeu radica na filosofia, principalmente na procura da cidade melhor (Kallipolis), da boa sociedade ou do melhor regime, quando a política era entendida como uma ciência arquitectónica que incluía no seu seio a religião e o direito.
Impõe-se o político, a procura da boa sociedade, a procura do justo. A procura da justiça, não apenas como justiça comutativa, mas a justiça nas suas perspectivas ascendente e descendente, a justiça social ou geral e a justiça distributiva. Deste modo se procede a um constante diálogo com a filosofia política, com a procura da melhor forma de governo ou da boa sociedade; com a pesquisa àcerca do fundamento do Estado e da obrigação política; com a investigação sobre a natureza das coisas políticas; com a procura da politicidade; com o tratamento das relações entre a política e a moral; e com a própria análise da linguagem política. Não há dúvida que a remota origem do estudo da política no ocidente europeu radica na filosofia, principalmente na procura da cidade melhor (Kallipolis), da boa sociedade ou do melhor regime, quando a política era entendida como uma ciência arquitectónica que incluía no seu seio a religião e o direito.
Retirado de Respublica, JAM

Bloco Liberal (1910)

Designação dada, por ocasião das eleições de Agosto de 1910, as últimas da monarquia liberal, a um grupo onde estiveram os dissidentes progressistas de José de Alpoim, ditos pelos inimigos como os buicidentes, os franquistas de Melo e Sousa e Malheiro Reimão, e os católicos de cariz franciscano, contrários ao partido nacionalista, influenciado pelos jesuítas, com Quirino de Jesus e Abúndio da Silva, que então já assumiam como defensores da democracia cristã. O bloco, que apoiava o governo de Teixeira de Sousa, contava na Câmara dos Deputados com o apoio de 89 deputados.
Retirado de Respublica, JAM

Bloco Conservador

Designação dada, por ocasião das eleições de Agosto de 1910, as últimas da monarquia liberal, a um grupo onde alinharam os progressistas de José Luciano, em torno do Correio da Noite, os regeneradores de Campos Henriques, os franquistas de Vasconcelos Porto, com o Correio da Manhã, e os nacionalistas de Jacinto Cândido, em torno de Liberdade, apoiado em Castelo Branco por Tavares Proença, bem como dos jornais Palavra, dirigido por Francisco Gonçalves Cortez, e de Portugal, dirigido pelos jesuítas do padre Matos. O bloco, que reunia as oposições monárquicas ao governo de Teixeira de Sousa, tinha 50 deputados, contra 89 do bloco apoiante do governo, o chamado bloco liberal.
Retirado de Respublica, JAM