sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Mein Kampf, 1924

Obra de Adolf Hitler, escrita na prisão, depois de falhado o golpe de Munique. Aí considera o Estado como simples forma cujo conteúdo é a raça. Salienta que o objectivo do Estado reside na conservação e desenvolvimento de uma comunidade de seres vivos da mesma espécie, física e mentalmente, e que os Estados que não correspondem a essa finalidade são fracassos, impondo‑se, portanto, a defesa da alma racial (Rassenseele). Refere que o fim supremo do Estado racista deve ser o de procurar a conservação dos representantes da raça primitiva, criadores da civilização, que fazem a beleza e o valor moral de uma humanidade superior. Nós, enquanto arianos, não podemos representar um Estado senão como organismo vivo que constitui um povo, organismo que não apenas assegura a existência desse povo, como ainda, desenvolvendo as suas faculdades morais e intelectuais, o faz atingir o mais alto grau de liberdade. O Estado não tem outro papel senão o de tornar possível o livre desenvolvimento do povo, graças ao poder orgânico da sua existência. Paradoxalmente tem uma concepção feita à imagem e à contraposição daquilo que ele considera a concepção judaica do Estado: o Estado judeu nunca foi delimitado no espaço; expandindo‑se sem limites no universo, compreende exclusivamente os membros de uma mesma raça. É por isto que este povo formou em todo o lado um Estado no Estado, até porque a religião de Moisés não é senão a doutrina de conservação da raça judaica. Assim, Hitler também considera que o Estado é um organismo racial e não uma organização económica onde o instinto de conservação da espécie é a primeira causa da formação de comunidades humanas, acreditando que nunca nenhum Estado foi fundado pela economia pacífica, mas sempre o foi pelo instinto de conservação da raça, tanto o heroísmo ariano gerando Estados marcados pelo trabalho e pela cultura, como a intriga geradora das colónias parasitas de judeus. Considera também que a burguesia separando a noção de Estado das obrigações para com a raça, abriu a porta a uma concepção que nega o Estado em si mesmo. E o Estado não é um fim, mas um meio. É, na verdade, a condição prévia para a formação de uma civilização humana de valor superior mas não é a sua causa directa. Esta reside exclusivamente na existência de uma raça apta à civilização. E os Estados que não visem directamente o desenvolvimento de uma comunidade de seres que, no plano físico e moral, são da mesma espécie são organismos defeituosos, criações abortadas. O facto de exisitirem nada significa, tal como os sucessos obtidos por uma associação de filibusteiros não justificam a pirataria. Porque a história do mundo é feita pelas minorias, sempre que as minorias de número encarnam a maioria da vontade e da decisão (cfr. trad. fr., Paris, Nouvelles Éditions Latines, 1934; trad. port. de Edições Afrodite-Fernando Ribeiro de Melo).

Retirado de Respublica, JAM