Linguagem e política
As palavras são significantes, imagens fónicas que remetem para um conceito, o significado, conforme a terminologia de Saussure. Há, assim, que passar da expressão, do significante, para o conteúdo, o significado. Utilizando os termos de Charles S. Peirce, diremos que os signos são entidades compostas por um significante (um elemento material que pode ser um som, um desenho ou uma escritura) que remete para um significado. No caso da linguagem, usamos símbolos, relações convencionais que têm duas faces: a tal imagem acústica ou fónica, e o conceito. Acontece que na política, onde, pelo menos, há três níveis de abordagem, o filosófico, o empírico e o da linguagem dos homens comuns, as palavras têm inúmeros significados. As palavras da política são marcadas pela ambiguidade. A linguagem do homem comum é afectiva e ideológica. A dos cientistas políticos difere dos juristas. No caso da política, também é complexa a questão da etimologia. Se há termos de origem grega e latina que se referem a realidades políticas gregas e latinas, há vocábulos que foram inventados posteriormente, com raízes latinas mas que não correspondem a realidades políticas de gregos e romanos. Há etimologia. Evolução semântica. Palavras demonizadas.