Absolutismo Democrático
Alexis de Tocqueville em A Democracia na América alertava para esta espécie de servidão, ordenada, calma e doce, para um poder imenso e tutelar que se encarrega, sem a ajuda de ninguém, de organizar os divertimentos e os prazeres de todos, e de velar pelo seu destino. É um poder absoluto, pormenorizado, ordenado, previdente e doce. E isto porque os nossos contemporâneos são permanentemente solicitados por duas tendências opostas: sentem a necessidade de serem dirigidos e o desejo de continuarem livres. Com efeito, após ter tomado cada indivíduo, um após outro, nas suas poderosas mãos, e o ter modelado a seu bel‑prazer, o soberano estende os braços para abarcar a sociedade inteira, e cobre‑a de uma rede de pequenas regras complicadas, minuciosas e uniformes através da qual mesmo os espíritos mais fortes não se conseguirão romper para se distinguirem da multidão. O mesmo que absolutismo doce, estabelecido segundo os parâmetros minimamente entendidos como os necessários parauma adequada estruturação dos dias amargos em que me insiro, bastante mais esquisitos que todos os dias desmesuradamente fixados nos dias que passamos a olhar os dias que passam.