quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Bergson, Henri-Louis (1859-1941)

Professor da Escola Normal Superior, desde 1897, e do Collège de France, de 1900 a 1914, depois de leccionar nos liceus. Passa para vida diplomática, de 1912 a 1918. Prémio Nobel da literatura em 1927.

Adopta uma clara posição contra o materialismo mecanicista e o determinismo teleológico, dado que enquanto para o primeiro o organismo é uma máquina determinada por leis calculáveis, já para o segundo existe um plano acabado do mundo. Pelo contrário, Bergson considera que o órgão vivo é a expressão complexa de uma função viva de um élan vital. Entre plantas e animais existe a diferença dos primeiros terem consciência;entre os animais,se uns se determinam pelo instinto,já o homem é inteligência mais intuição. Intuição ou instinto reflectindo sobre si mesmo, o domínio da vida e da consciência que dura. Para Bergson "um objecto que existe é um objecto que se percebe ou se pode perceber, o qual, por isso, nos é dado numa experiência real ou possível". Considera, além disso, que o real não é o ser estável, mas o puro devir, onde a intuição, essa "simpatia devinatória","essa espécie de simpatia intelectual que nos transporta ao interior do objecto para coincidir com o que há de único e, por conseguinte , de inexprimível nele", descobre a explicação universal das coisas. Só a actividade vital, isto é, o devir, o tempo, a vida, a consciência, é que é a única realidade. Se o conhecimento simbólico por meio de conceitos preexistentes, que vai do fixo ao movente, é relativo; já o conhecimento intuitivo instala‑se no movente e adopta a própria vida das coisas. Neste sentido, Bergson reconhece que a política precisa de um "suplemento de alma" face ao desenvolvimento mecanicista e tecnicista da sociedade moderna que tornou a alma muito pequena. E encontra‑o no bon sens, considerado como "um acordo íntimo entre as exigências do pensamento e da acção", algo de semelhante à recta ratio dos estóicos e à reasonableness de Locke. Posição similar fora assumida por Henri Bergson, para quem "temos uma família, exercemos um ofício ou uma profissão;pertencemos à nossa comuna, ao nosso 'arrondissement' e ao nosso 'département'; e aí, onde a inserção do grupo na sociedade é perfeita basta‑nos com rigor cumprir as nossas obrigações para com o grupo para cumprirmos o nosso dever para com a sociedade. A sociedade ocupa a periferia; o individuo está no centro. Do centro à periferia estão dispostos,como que em círculos concêntricos cada vez maiores, os diversos agrupamentos a que o indivíduo pertence. Da periferia para o centro, à medida que o círculo se restringe, as obrigações acrescem e o indivíduo encontra‑se finalmente perante o seu conjunto". É neste sentido que compara filosoficamente a sociedade a um organismo "cujas células, unidas por laços invisíveis, se subordinam ums aos outros numa hierarquia sábia e se submetem naturalmente para o maior bem do todo, a uma disciplina que poderá exigir o sacrificio da parte". Surge , assim, o eterno problema da "sociedade não poder subsistir se não subordina o indivíduo, nem poder progredir se o não deixa actuar". bergsonianao de "elevar o criador animal e individual a criatura espiritual".
Retirado de Respublica, JAM