Movimento das Forças Armadas (1974-1975)
O grão de areia que levou ao colapso da engrenagem do regime da Constituição de 1933 surgiu no dia 13 de Julho de 1973, quando se publicou um decreto inspirado pelo ministro da defesa Sá Viana Rebelo, visando a integração dos milicianos no quadro permanente, o pretexto de intendência que, em nome da solidariedade corporativa, serviu para se desencadear o chamado movimento dos capitães, constituído em Dezembro desse ano, base Movimento das Forças Armadas que levou a cabo as operações militares vitoriosas do 25 de Abril de 1974.
Os ingredientes conspiratórios começaram, com efeito, a ganhar forma e quase todos reconheciam a impotência dos tempos do fim do regime da Constituição de 1933. Em 6 de Agosto o General Spínola regressou a Lisboa, pouco tempo antes do PAIGC proclamar a independência de uma República da Guiné Bissau em Madina de Boé (24 de Setembro). Em 7 de Novembro, numa remodelação governamental, Marcello ainda mudou Silva Cunha, da pasta do Ultramar, para a da Defesa, colocando na primeira o ministro das corporações, Baltazar Rebelo de Sousa. Seguiu-se, uma tentativa conciliatória, com a nomeação de Spínola para o cargo de Vice-Chefe do Estado Maior Geral das Forças Armadas, sítio donde surgiu a gôta de água que fez transbordar o cálice do regime, o lançamento do livro Portugal e o Futuro de António de Spínola, em 22 de Fevereiro de 1974.
Subterraneamente surgiram as mais diversas movimentações num jogo de conspirações e contra-conspirações, reais ou imaginadas, onde as proclamadas inventonas acabaram por ser bem mais do que as projectadas intentonas. E sob o espectro de um golpe dos ultras foi medrando o movimento dos capitães que assumiu o protagonismo quando, depois da demissão de Costa Gomes e Spínola (14 de Março), os militares spinolistas eneveredaram pelo aventureirismo do chamado golpe das Caldas da Rainha (16 de Março).
Retirado de Respublica, JAM
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