quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Lacroix, Jean (1900-1986)

Professor francês do ensino secundário, em Lyon, de 1937 a 1968. Um dos fundadores da revista Esprit. Responsável pelas crónicas filosóficas do jornal Le Monde, entre 1951 e 1980. –Personalismo e direito natural,136,949–Poder e autoridade,55,352–Política, realização da filosofia entre homens,17,122–Política, retorno da violência sobre si mesma,17,125 Jean Lacroix, a autoridade, como indica a etimologia, é o que aumenta do interior a sociedade humana, a aprofunda, e lhe permite realizar-se. Ter autoridade é ser autor. Podemos contestar os poderes, mas não podemos recusar toda a autoridade. De facto, não devemos identificar o poder com a autoridade, porque é verdade que o poder é sempre constituído e a autoridade apenas constituinte "a política ,na sua essência,é a vontade de realizar,tanto quanto possível,a filosofia entre os homens",isto é,"a mediação concreta que permite ao homem pô r-se como ser racional". Jean Lacroix, o problema está em que o homem não se torna racional senão quando treme diante da razão, que lhe aparece inicialmente sob a forma de coacção exterior. É obedecendo à lei que se torna concretamente racional, onde o direito é uma anti-razão ao serviço da razão e onde a política constitui uma espécie de retorno da violência sobre si mesma "o fim do político é a realização do universo concreto nos e pelos Estados particulares hoje, talvez no e pelo Estado mundial amanhã ". "o homem é um lobo que se torna Deus pela instituição simultaneamente racional e artificial do Estado".

"o pensamento de Rousseau é incrivelmente desconhecido" ,acentua que há nele um kantismo antecipado bem como uma visão cristão da sociedade:"a vontade geral quer dizer vontade do geral,é a vontade da razão,a vontade universal".

numa aproximação ao personalismo,"o direito natural é o reconhecimento de uma espécie de direito geral de ter direitos",é a "racionalidade própria da ordem jurídica,constituindo simultaneamente a sua norma imanente e o seu princípio de julgamento".

Para este autor "dele não podemos extrair nenhum direito positivo particular mas,no entanto,obriga-nos a admitir uma lei positiva e a corrigi-la constantemente.Utilizado por uns como conservador, por outros como revolucionário,o direito natural é,como toda a ideia reguladora,uma e outra coisa".

Em Lacroix há,assim,um retomar do justicialismo jurídico,num retorno ao direito natural que não passa pelo regresso ao direito divino ou à razão iluminista,mas antes a uma justiça existencial.Como ele diz,"o direito natural age através da crença" e "admitir o direito natural é admitir a pessoa,ou,antes,reconhecë-la;negá-lo é negá-la". Numa aproximação ao personalismo considera que o direito natural é o reconhecimento de uma espécie de direito geral de ter direitos, é a racionalidade própria da ordem jurídica, constituindo simultaneamente a sua norma imanente e o seu princípio de julgamento. Assim, dele não podemos extrair nenhum direito positivo particular mas, no entanto, obriga-nos a admitir uma lei positiva e a corrigi-la constantemente. Utilizado por uns como conservador, por outros como revolucionário, o direito natural é, como toda a ideia reguladora, uma e outra coisa.

· Le Sens du Dialogue, Neuchâ tel, La Baconnière, 1944.

· Marxisme, Existentialisme et Personnalisme

Paris, Presses Universitaires de France, 1946. Ver a trad. port. Marxismo, Existencialismo, Personalismo, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1972.

· Le Sentiment et la Vie Morale, Paris, Presses Universitaires de France, 1952.

· La Sociologie d'Auguste Comte, Paris, PUF, 1956.

· Histoire et Mystère, 1962. Cfr. trad. port. de Paulo Eduardo Arantes, São Paulo, Livraria Duas Cidades, 1967. Obra dividida em quatro partes: a crise do progresso; a filosofia kantiana da história; economia, moral e po·lítica; mistério e razão.

· Panorama de la Philosophie Française Contemporaine

Paris, Presses Universitaires de France, 1966.

· Philosophie de la Culpabilité

Paris, Presses Universitaires de France, 1977.

· Le Personnalisme

1981. Cfr. trad. port. de Olga Magalhã es, O Personalismo como Anti-Ideologia, Porto, Rés Editora, 1977.

Retirado de Respublica, JAM